sábado, 30 de agosto de 2014

No silêncio do Oceano Atlântico (João Marcos Rainho)

Escolas brasileiras participam de atividade internacional da Unesco sobre rota marítima percorrida pelos escravos africanos
A história do tráfico negreiro no oceano Atlântico está sendo resgatada por estudantes secundaristas em todo o mundo, inclusive brasileiros, graças à Unesco - órgão das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura. O objetivo é desmistificar a imagem dos povos africanos como raça sobrepujada pelos europeus e valorizar a contribuição cultural e artística do negro para a civilização. "O negro só aparece nos livros escolares como sub-raça, passiva, sem cultura e escravizada. Queremos alertar professores e jovens para que mudem essa abordagem preconceituosa", explica Joel Rufino, coordenador do projeto no Brasil. Estudantes que vivem em países com alguma relação com o tráfico de escravos no oceano Atlântico fazem pesquisas locais e trocam informações com colegas do mundo todo. O trabalho, iniciado no ano passado, deve prosseguir até 2003, quando a Unesco pretende lançar um livro com o resumo das experiências e incorporá-las dentro de um estudo maior, sobre a história do Oceano Atlântico.
Todas as escolas envolvidas participam da rede PEA - Programa Escolas Associadas da Unesco. Além da Rota dos Escravos, o PEA propõe diversos temas anuais para serem estudados e debatidos em todo o mundo, como por exemplo, 1999 - Ano Internacional do Idoso e 2000 - Ano Internacional da Cultura da Paz. A Unesco é representada no Brasil por Vera Costa Gissoni, chanceler da Universidade Castelo Branco (RJ), que cadastra as instituições interessadas e coordena todas as atividades no País. Fazem parte do PEA/Brasil 140 escolas (6.200 no mundo). "Estimulamos as instituições de ensino a adotarem uma postura inovadora dentro do que exige os Parâmetros Curriculares", divulga Vera Costa de Gissoni, coordenadora nacional do PEA. "Nosso foco é desenvolver a cultura da paz, situando os alunos como cidadãos e seres humanos", complementa.
A coordenação do PEA-Brasil, sediada na Universidade Castelo Branco, organiza encontros nacionais com os participantes e fornece assessoria técnica-pedagógica, através de um roteiro de pesquisa pré-estabelecido.O tema relativo a escravidão está nas mãos do professor Joel Rufino, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, membro do Comitê Internacional da Rota dos Escravos. "O Brasil terá uma presença marcante, devido a forte influência da cultura negra em nossa sociedade", prevê Rufino. "Os jovens precisam entender que os seres humanos são semelhantes. Nos diferenciamos não pelo patrimônio genético, somos apenas populações diferentes. Entretanto, existem pessoas que usam essa distinção para dominar os outros", critica. "A questão de que os poderes econômicos e político diminuem o racismo é uma meia verdade", continua o professor. "Estereótipos racistas começam na puberdade e se fortalecem durante a juventude e idade adulta".
"A importância do ensino sobre o tráfico negreiro nas escolas como um dos maiores eventos históricos do planeta não tem sido suficientemente reconhecida pelos educadores", critica a professora Aurora Borges, coordenadora regional do PEA-RJ, ressaltando que "o tráfico de escravos conduziu-nos à formação das diásporas em toda parte do mundo atlântico, com aspectos positivos e negativos". Aurora resume a pretensão do programa: através de um exame coerente e compreensivo dos estudantes, viria a compreensão da grandiosa magnitude histórica e do significado da contribuição dos africanos para o mundo moderno".
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Fonte: Aprendiz http://migre.me/lmV0Z

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

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