segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

PAI SUMÉ (Transcrição)

Todos os povos primitivos denunciam solene respeito por certos personagens que se impuseram à sua crença como entes privilegiados por um poder sobrenatural. A imaginação indígena se deleita em admitir a existência de heróis-mitos civilizadores cujos destinos se cruzam entre diversas tribos, oferecendo-lhes afinidades sociais. Sendo assim, encontramos em nossos estudos da religião dos índios brasileiros um verdadeiro super-homem , com múltiplas denominações.
Entre os tupinambás visualiza-se o culto à "Monan", uma espécie de deus semelhante ao cristão. Mas existia também um outro Monan, que também qualificavam de "Maire", ou seja, o "transformador". Espírito desenvolvido, conhecedor de sortilégios, a ação civilizadora de Maire-monan teria se manifestado na introdução da agricultura entre os avós dos tupinambás, para os quais teria trazido todos os vegetais necessários para a alimentação de seus descendentes.
Maire-monan, também revelou-lhes os segredos das plantas alimentícias, necessários para se distinguir os vegetais úteis e os nocivos, apontando-lhes o uso que podiam fazer de suas virtudes medicinais. Coube-lhe ainda, representar o papel de transformador de costumes e isso, ele fez por vezes, de maneira cruel, levantando contra si a cólera dos homens que recebiam o seu justo castigo. A vida de Maire-monan foi muito rica em peripécias de toda a sorte. Não se conhecem entretanto, casos ou episódios que ilustrem sua passagem marcante, pois movidos pelo ódio que despertavam suas sentenças, foi condenado à morte.
Conta-se que o convidaram-no para uma festa e obrigaram-no a saltar por cima de três fogueiras. Depois de ter sido bem sucedido na primeira, Maire-monan desmaiou na segunda e foi consumido pelas chamas. O estalo de seu crânio queimando, produziu o trovão, enquanto as labaredas da fogueira mudavam-se em raios.
Estes mesmas virtudes de que se revestiam o culto de Maire-monan, foram encontradas entre os tupis na figura de "Sumé". Os dados coletados pelos padres Nóbrega e Simão de Vasconcelos, viam em Sumé a figura de São Tomé, que os indígenas denominavam de "Zomé" e que, em épocas remotas, teria sido um guia esclarecido. Versões encontradas na Bahia, identificam Sumé com o apóstolo Tomé e, segundo um frade baiano, teria percorrido essa região ensinando aos índios o cultivo da mandioca e suas múltiplas utilidades. Sumé também exerceu o papel de legislador,proibindo algumas tribos de poligamia e antropofagia. Em uma lenda, conta-se, que alguns índios enraivecidos pela limitação de sua sexualidade, atearam fogo à casa de Sumé. Outros falam que foi alvo de flechadas ou ainda que o amarraram a uma peada pedra e o jogaram no rio. E, há quem diga que foi submetido a uma prova de resistência e teve que caminhar sobre o fogo, queimando os pés.
Os índios tupis acreditavam que Sumé partiu andando sobre as águas do oceano Atlântico e que prometeu voltar um dia para continuar sua obra civilizatória. Talvez esta profecia se cumpra e Sumé retorne para salvar os índios brasileiros.
Uma nova versão, conta que Sumé ao ser perseguido pelos tupinambás, foi para o Paraguai e dali para o Peru. Para esta travessia, teria aberto uma estrada que ficou conhecida como "Peabiru" ou o "Caminho das Montanhas do Sol". Recentemente, um arqueólogo brasileiro reconstituiu tal estrada, encontrando dezenas de marcos. Esta descoberta confirma que realmente existiu intercâmbio entre os indígenas do Brasil com os do Peru.
Os famosos vestígios de pés humanos, gravados em pedras, foram mostrados pelos índios aos primeiros portugueses que chegaram ao Brasil. Em alguns lugares, como em São Gabriel da Cachoeira, no rio Negro (Amazonas), os moradores, ainda hoje, depositam velas e fazem preces em torno de uma forma de pegada feita em uma rocha. Uns a atribuem a um anjo, outros a São Tomé, ou Pai Sumé. Nas costas da Bahia, gente simples do povo, também se recreia a percorrer as escarpas marinhas, onde se supõe terem ficado os indícios da fuga de Sumé. Inscrições no mesmo estilo são encontradas na Bolívia e Peru, atestando a presença do herói mítico, que talvez, partiu do Brasil em direção aos Andes.
A lenda de Sumé, constitui um poderoso elemento para se caracterizar a procedência andina do tupi e, provavelmente, sua origem asiática. A história nos fala freqüentemente no nome do apóstolo Tomé, que teria percorrido a Índia, a China e até algumas ilhas da Oceânia. Entretanto, o nome deste apóstolo também aparece entre os nossos tupis e isso nos serve de útil indicação.
Existe uma versão relatada pela população do Baixo-Amazonas dizendo que: "Quando S. Tomé esteve entre os índios, meteu-se numa igarité com quatro cablocos reforçados, deu um remo a cada um, ficou no jacuman (remo de popa que serve de leme) e mandou remar rio acima. De vez em quando um cabloco cansava e parava de remar. O santo não dizia nada, batia com o jacuman na traseira dele. E onde o jacuman do santo batia, a carne ia murchando como por milagre."
Estas histórias não justificam por si só, a passagem do apóstolo por estas latitudes. Mas a notícia de sua existência na América Meridional, entre um povo procedente do Pacífico, não constituiria uma tradição dos povos asiáticos que tenham estado em contato com ele antes da migração por via marítima? Desalojado dos Andes ou da orla do Pacífico por algum povo mais forte veio o tupi estender-se ao longo do Atlântico e executava ele ainda a conquista gradual da terra, quando Cabral ancorou em Porto Seguro.
Estas são as suposições que se fazem em torno do difícil e arriscado problema etnológico tupi, mas das conjecturas em torno das raças que aqui habitaram na época do descobrimento, destacam-se os indícios das tradições colhidas pelos missionários e naturalistas que acreditam na hipótese de uma caminhada migratória que, seguindo do norte, através da Sibéria oriental, alcançassem o estreito de Behring, tomassem a direção sul, atravessando o Canadá, os Estados Unidos e México e, pelo estreito do Panamá se derramasse na parte meridional do continente.
Este exôdo milenar modificaria assim, por montanhas e vales, o povo retirante, alternado-lhe a cor, a linguagem, o hábito, o porte, a crença, segundo as terras, os céus, as águas, os rios percorridos, mas não teria o dom de apagar de todo as tradições comuns, que surgem modificadas ou transformadas no tempo e no espaço, como ecos de uma origem recuada.
Crédito -  Rosane Volpatto, fonte: http://migre.me/cCjeE


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Pedro da Veiga: Caminho do Peabiru

Pedro da Veiga: Caminho do Peabiru: História Marcelo Elias/Gazeta do Povo Caminho no s dias atuais está m odernizado e perdeu o formato “escavado” Antr opologia A ver...
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A criação do Peabiru deve ter acontecido antes de 1480, pelos cálculos de Chmyz. Ele chegou a esse resultado quando fez escavações nos túmulos dos índios Jê e encontrou fragmentos de escória mineral, isto é, ferro fundido. “Sabemos que os índios não fundiam ferro, mas devem ter incorporado isto ao ritual de cremação deles pelo significado que aquilo tinha com o europeu”, diz. O curioso é que perto das tribos Jê, na região conhecida como Guairá, mais especificamente na Vila Rica e Ciudad Real – onde estavam os dominadores espanhóis – havia a fundição de ferro para a fabricação de instrumentos agrícolas usados nas reduções jesuítas. “A data de 1480 não bate com a presença do ferro fundido ali, mas se somarmos a datação do carbono 14, que tem uma margem de erro de mais ou menos 95 anos depois de Cristo, chegamos à data de 1575. A Vila Rica do Espírito Santo foi fundada em 1570 e a Ciudad Real em 1554.”

Conquista e ocupação da Amazônia: a fronteira Norte do Brasil (Transcrição)

A unidade geográfica compreendia outra, ainda mais sólida: a unidade cultural da ocupação humana, composta por povos largamente diferenciados daqueles contidos pela cordilheira andina e representados pelas civilizações maiaincáica, que todavia nunca excederam as bordas da floresta tropical equatoriana, venezuelana e boliviana. Porém, do outro lado da cordilheira, adentrando os limites da floresta tropical, os grupos humanos eram outros, conforme demonstrado pelos trabalhos do antropólogo francês Alfred Métraux, ao analisar o extenso movimento migratório dos povos pré-colombianos (aruak, karib, tupi, guarani, jê e outros), que dominavam e controlavam o território da América do Sul, desde o Orinoco até o Prata, ocupando não somente o interior das terras como ainda a vasta extensão do litoral atlântico português (Métraux, 1927).
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Capistrano de Abreu já ressaltara, em esquema, a importância das bandeiras que partiam dos vários pontos da costa do Brasil, conquistando o território da hinterlândia: primeiro as bandeiras dos paulistas, que trilhando desde o planalto vicentino o caminho conhecido do piabirú tupi, ligaram o Paraná ao Paraguai, ampliando progressivamente as suas viagens até o sul de Mato Grosso, de onde atingiam os limites do território espanhol dos moxo e chiquito (Bolívia), subindo até o rio Guaporé. Ou, desde a segunda metade do século XVII, penetravam o Madeira, o Tapajós e o Araguaia-Tocantins, estabelecendo ligações com o vale do Amazonas. Ou, ainda, penetravam pelos caminhos que ligam o Paraíba ao vale do São Francisco, subindo os sertões em direção ao Parnaíba e o Itapicuru, de onde penetravam até o Piauí e o Maranhão, caminhos que haviam sido conquistados e abertos pelos sertanistas baianos e pernambucanos. Capistrano se refere em seguida às bandeiras que da Bahia saíram para os sertões, realizando o reconhecimento e a conquista das terras do São Francisco ao Parnaíba, ou que subiam até o Maranhão pelo Itapicuru ou, ainda, que pelo São Francisco adentravam-se nos sertões em direção ao Tocantins. Bandeiras que, de Sêrro e Minas Novas (Minas Gerais), aventuravam-se na busca do “rio do ouro” (9). Finalmente, Capistrano se refere às bandeiras que, partindo de Pernambuco, desbravaram os caminhos do norte, conquistando a região entre o Capibaribe e a serra de Ibiapaba, traçando a menor distância entre o litoral e os chamados “sertões de fora”, do Piauí e do Maranhão (Abreu: 338). Da origem desses três movimentos (sertanistas paulistas, baianos e pernambucanos) se formou o amálgama daqueles mamelucos que desbravaram os sertões do Maranhão, as águas e as florestas do Grão-Pará, ou seja, a Amazônia. Partindo do Grão-Pará, esses sertanistas foram responsáveis pela penetração dos luso-brasileiros através do grande rio, no rumo leste-oeste, daí se espalhando em todas as direções. Créditos REGINA MARIA A. FONSECA GADELHA - fonte: http://migre.me/cBQQh, pág 68/69)
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Parafraseando: Resulta impossível desconsiderar a obviedade contida no texto, no que diz respeito ao caminho do peabirú tupi. a)  Temos a comprovação que da cordilheira, adentraram os limites da floresta tropical, (baseado nos trabalhos do antropólogo francês Alfred Métraux), através de um extenso movimento migratório, povos pré-colombianos, entre esses tupi, guarani e jê; b) Povos estes que, dominavam e controlavam o território da América do Sul, desde o Orinoco até o Prata, ocupando não somente o interior das terras como ainda a vasta extensão do litoral atlântico. É possível desconsiderar que, estes povos pré-colombianos de presença marcante em toda litoral da costa Atlântica,  que transitavam pelos caminhos que ligam o Paraíba ao vale do São Francisco, ou  seja, Caminho Velho, Caminho dos Paulistas, Estrada Geral do Sertão, Caminho dos Guainases, não estivessem presença marcante por esses  caminhos, violentamente usurpados pelos europeus? Não estamos falando do verdadeiro  piabirú tupi, que por mais que possa representar um caminho de ida para os Bandeirantes, para as nações dos povos; aruak, karib, tupi, guarani,  e outros, representou um caminho de volta, um recuo heróico,  resultante da truculência e extermínio a que foram submetidos? Não obstante ao fato de haver em um primeiro momento esse povo, franqueado os caminhos, aos estrangeiros, transmitindo-lhes informações valiosas. Ou a confederação dos tamoios não traduz o que representou a indizível barbaria e crueldade. 





domingo, 30 de dezembro de 2012

Paraty: Baia da Ilha Grande e um Rio chamado Janeiro (grifo meu)

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Mapa publicado em 1630 na "Accuratissoma Brasili tabula" de Hendrik Hondius, que foi artista da Escola Holandesa de pitura.  Fonte: http://migre.me/cBApu
Fonte: http://migre.me/cBCmN

Fonte: http://migre.me/cBCIW


A COLONIZAÇÃO DE PARATY (Transcrição)

Foi em 1502, durante a segunda expedição ao Brasil, que a região da baía de Ilha Grande foi descoberta. 
A colonização das terras brasileiras ocorreu pelo sistema de sesmarias, onde o donatário recebia um pedaço de terra e tinha a obrigação de colonizá-la no prazo de cinco anos, sob pena de perdê-la. No caso de Paraty e Angra dos Reis as sesmarias foram entregues a colonos da capitânia de São Vicente. A primeira sesmaria da região foi doada em 1560 em algum local do atual município de Angra dos Reis. Em 1593 foi doada nas proximidades do rio Paraty-Mirim a primeira sesmaria em Paraty. 
Acredita-se, entretanto, que antes das doações de sesmarias, já havia sido iniciado o processo de colonização de Paraty. Em 1563 o padre Anchieta passou duas ou mais vezes por Paraty visitando as aldeias de Iperoig (Ubatuba) e Araribá (Angra dos Reis), tentando fazer um tratado de paz entre os portugueses e os índios tamoios (ou tupinambás). Cunhambebe, cacique da aldeia Araribá e líder da Confederação dos Tamoios, manda construir para o padre Anchieta, no fundo do Saco de Mamanguá, à margem do rio Iriró, uma “casa grande de dizer missas e pernoitar”, em agradecimento ao padre por ter salvado índios da aldeia com varíola. Próximo a esse lugar existe um pico chamado Cairuçu que sendo uma corruptela de ocairuçu significa em tupi oca=casa e uçu=grande. Entretanto não conseguindo o acordo de paz, em 1565 o padre Anchieta passa mais uma vez por Paraty, pernoitando na praia do Pouso e acompanhado de expedição guerreira para combater os tamoios em Uruçumirim (atual bairro da Glória no Rio de Janeiro) 
No ano de 1573, mercenários europeus a mando do Governador Antônio de Salema, fazem uma expedição de Cabo Frio até Paraty escravizando ou exterminando índios tamoios que conseguiram escapar da batalha de Uruçumirim. 

Um dos primeiros mapas da região, datado de 1631. (Fonte: Biblioteca do Itamaraty)

Outro motivo que leva a acreditar na colonização de Paraty começou antes das doações das sesmarias é que em 1596 o governador do Rio de Janeiro enviou uma expedição comandada pelo seu filho – Martim Correa de Sá - com “setecentos portugueses e dois mil índios” em busca de metal e índios tamoios, utilizando a trilha feitos pelos guaianases, próximo ao “porto denominado de Paratec”, demonstrado que o local já era conhecido como parada de embarcações. Martim Correa de Sá aguardou em Paraty (talvez em Paraty-mirim ou Mamanguá) a chegado de um índio de nome Aleixo vindo de Ubatuba liderando 80 índios flecheiros.
Alguns historiadores defendem que a expedição colonizadora de Martim Afonso esteve em Paraty no dia 16 de agosto de 1532, iniciando uma colonização portuguesa no local. Entretanto nessa época a região era dominada pelos índios tamoios, inimigos dos portugueses, que dificilmente permitiriam a permanência nessas terras.
Por razões geográficas seria fácil prever que Paraty seria rapidamente povoada: situada junto ao ponto mais baixo da Serra do Mar para passagem em direção ao interior; sua baía abrigada formava um porto natural; possuía água doce em abundância; a planície era boa para o cultivo e; estava situada no ponto intermediário entre os portos de Santos e Rio de Janeiro. Por outro lado, a planície costeira limitada pelo mar e pela serra, jamais permitiria que a vila tivesse uma grande atividade agrária, geradora de uma sólida economia urbana. 
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No período que antecedeu o Ciclo do Ouro a economia do Brasil estava baseada na exportação do açúcar. Paraty vivia principalmente das plantações de cana e mandioca para a produção de açúcar, cachaça e farinha. A trilha da Serra do Facão ou Trilha Guaianá era o caminho utilizado para a troca de produtos agrícolas com as vilas do Vale do Paraíba, além de ser a ligação mais rápida entre as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, através de um caminho marítimo-terrestre (do Rio a Paraty ia-se por mar em quatro a cinco dias e, de Paraty a São Paulo por terra em dez a quinze dias). O porto da cidade recebia escravos africanos destinados às plantações paulistas. 


Vila de Paraty por Jean Baptiste Debret em 1827. Fonte:D Quarenta Paisagens Inéditas do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Compania Editora Nacional, São Paulo 1970.
Fonte: http://www.paraty.tur.br/colonizacao.php

Nota:  PARATY - ROTA DA DIÁSPORA AFRICANA.

Em busca de um roteiro esquecido: o caminho entre as vilas de Parati e Taubaté - Crédito Lia Carolina Prado Alves Mariotto - (Transcrição)

Em 1596, o governador geral do Brasil, D. Francisco de Sousa, incumbiu Martim Correia de Sá da chefia de uma bandeira, que, saindo do Rio de Janeiro, aportou em Parati, subiu a serra do Mar e, por uma trilha indígena, alcançou a região valeparaibana. Desse ponto, atravessando a garganta do Piracuama, prosseguiu em direção à lendária Sabaraboçu. Posteriormente, esse caminho, muito percorrido, transformou-se em uma antiga estrada que serviu ao tráfego e comércio interno entre a cidade do Rio de Janeiro e as vilas de Parati e Taubaté; quando se achou ouro nas Gerais, a estrada foi usada como escoadouro do metal precioso. Após o período aurífero, esse caminho foi cada vez menos freqüentado, supondo-se até que não mais existisse atualmente. Com o propósito de comprovar a existência desse caminho e de reconstituir os pontos geográficos que o compõem, apresentamos os resultados de um levantamento documental de manuscritos inéditos da época, complementado por uma visita ao local que terá restado desse antigo itinerário, tão importante em outros tempos.
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3. Referências ao caminho por cronistas e historiadores
Para complementar a pesquisa a partir da bibliografia disponível, consultamos, diretamente ou por referências, as informações dadas por cronistas quinhentistas(3) e colhemos informações sobre as inúmeras narrativas que nos sinalizam a existência de uma antiga estrada. Dos cronistas consultados, consideramos que bastaria apresentar uma referência a Antony Knivet (2007).
Em sua narrativa, a figura de Martim Correia de Sá constitui um ponto-chave. Conforme indica sua biografia, [...] Distinguiu-se Martim Correia de Sá principalmente como sertanista, comerciante de pau Brasil e caçador de índios, sendo emérito conhecedor das regiões do médio e alto Paraíba e dos Patos, em Santa Catarina. Da narrativa de Antony Knivet poder-se-ia colher minudências de várias entradas [...] Devemos fazer ainda a observação de que o vale do Paraíba era percorrido de preferência pelos moradores do Rio de Janeiro e de Santos, principalmente na sua face média e superior. [...] Entrava-se no vale médio do rio Paraíba pela via de Parati. [...] (Franco, 1954, p. 345)
Por sua vez, Capistrano de Abreu afirma o seguinte:
[...] Artur de Sá, governador do Rio de Janeiro, o primeiro que visitou as minas gerais, teve de ir por terra desta cidade a Parati, e de Parati a Taubaté, para transpor a Mantiqueira. Seguiu assim uma trilha antiqüíssima dos guaianases, porque do mesmo modo que a gente de Ilhéus, Porto Seguro e Espírito Santo, os fluminenses não se animaram a varar a mata de um a outro lado. (Abreu, 1985, p. 46)
Complementa essas informações o que diz Ellis Jr., retomando as informações de Knivet sobre Martim Correia de Sá: 
[...] Por esse itinerário de Knivet, a arrancada de Martim de Sá deveria ter arribado em Parati, subido a serra do Mar, atravessado os campos de Cunha, e em seguida transposto os rios Paraitinga e Paraíba, justamente na ocasião em que julgo estar trilhando essas regiões a bandeira de Botafogo, que por São Miguel deveria ter chegado ao vale do Paraíba. É possível terem sido Botafogo e seus companheiros incorporados à gente de armas de Martim, indo com eles perlustrar os sertões dos rios Verde e Sapucaí, na faina de destruição dos restos da tribo tamoia. (1934, p. 55-56)
Buarque de Holanda também examina a existência do antigo caminho entre Parati e Taubaté:
A existência da via antiga, que através de Parati facilitava, mais rapidamente do que a de Ubatuba, as comunicações com o Rio de Janeiro, e que, no começo da idade do ouro, alcançará notável importância econômica. [...] sabe-se mesmo que a estrada geral do Parati, quando se fizer pública, infletirá de início, e ainda durante algum tempo, para a Vila de Taubaté, antes de ir ganhar as minas. (1990, p. 201-206) 
Para concluir este conjunto de referências, apresentamos, numa citação mais longa, a descrição que traz Zemella:
O primeiro caminho que ligou o Rio de Janeiro às Gerais foi uma via semimarítma, semiterrestre que se chamou “caminho velho do Rio de Janeiro”, em oposição ao “caminho novo” que se abriu mais tarde. O roteiro do “caminho velho do Rio de Janeiro” era o seguinte: da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro ia-se por mar até o porto de Parati; desembarcava-se nesse ancoradouro e, por terra, transpunha-se a serra do Mar, atingindo-se a cidade de Taubaté. Nesta cidade o “caminho velho do Rio de Janeiro” entroncava-se com o caminho velho paulista, continuando por Pindamonhangaba, Guaratinguetá, passagem de Hepacaré, garganta do Em baú, etc.
Esse caminho do Rio de Janeiro, além de ser áspero e longo, tinha outro grave inconveniente: parte do trajeto era feito por mar. Assim, o ouro vindo das Gerais e chegado ao porto de Parati tinha de percorrer um bom trecho do oceano, antes de chegar aos cofres da Capital da Repartição Sul, correndo risco de ser pilhado pelos piratas que, nessa época, constituíam verdadeiro flagelo á navegação portuguesa. (1990, p. 117-118)
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Crédito Lia Carolina Prado Alves Mariotto - *http://migre.me/cARlk
Parafraseando, passagem de Hepacaré, Registro (Piquete-SP), Conceição do Embaú (Cruzeiro-SP) para transpor a Mantiqueira pela garganta do Embaú, etc". Caminho Velho.
Parafraseando, passagem de Hepacaré, Registro (Piquete-SP), Alto da Serra,  para transpor a Mantiqueira pela garganta do Sapucaí etc". Caminho Geral do Sertão, Estrada Real do Sertão, Caminho dos Paulista.

sábado, 29 de dezembro de 2012

O PEABIRU E ROTAS TERRESTRES E FLUVIAIS. (Transcrição)

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O Caminho Grande – a estrada indígena sulamericana que ligava o oceano Pacífico, desde a grande civilização inca, ao Atlântico, no litoral brasileiro, passando pela cordilheira andina, pelas florestas, pelo Centro-Oeste, Sudeste, Nordeste e Norte brasileiros, vencendo pantanais, cruzando rios – segundo alguns historiadores e pesquisadores – muito se aproxima do status de uma obra de gênios e – é quase certeza – já existia antes das chegadas dos europeus. 
No Pacífico, os pontos de chegada-partida situavam-se em Callao, Potosi, Arequipa e Cuzco.
No Brasil, o arqueólogo e artista plástico alemão Heinz Budweg afirma ter localizado obras de um trecho de estrada que ligava Cuzco a Salvador; chegando ao Nordeste e ao Norte.
O engenheiro e historiador baiano Teodoro Sampaio e outros estudiosos apontaram Tibagi, no Paraná, como o lugar onde se juntavam o tronco e os ramais vindos dos povoados situados em Santa Catarina e no Paraná.
No século XVIII, o jesuíta Pedro Lozano, em seu livro Historia de la conquista espiritual, a respeito de PEABIRU, assim resumiu: “ Por esta província corre o caminho denominado pelos Guaranis de PEABIRU e pelos espanhóis de São Tomé...”
FERNANDO MAXIMILIANO JOSÉ (OU MAXIMILIANO DE HABSBURGO), ARQUIDUQUE austríaco, irmão de Francisco, Imperador da Áustria e primo de Dom Pedro II, e que, por vontade de Napoleão III, foi imposto como Imperador do México, onde foi fuzilado, talvez com o apoio dos americanos do norte, depois que esteve, por duas vezes, em Ilhéus, na Bahia, registrou em seus livros – Bahia 1860 e Mato Virgem – que “por Ilhéus, passava um caminho, muito estreito, que ligava Bahia - Minas Gerais, por onde transitavam as riquezas minerais”.
Os Incas formaram um império que abrangia 4.000 quilômetros de extensão. E, com ideias expansionistas, teriam planejado chegar ao Atlântico, de olho em territórios que lhes proporcionassem variados e numerosos produtos. O apogeu deles teria sido em 1.400. E o seu império terminaria em 1536.
Achados localizados no que seria um piso de um ramal de PEABIRU, submetidos ao carbono 14, indicaram os anos abrangentes entre 1215 e 1480, o que pode sugerir ter sido o PEABIRU feito, em grande parte, pelos Incas.
O colonizador espanhol Martinez Irala, em 1553, escreveu a seu rei: “Y Dios fue servido que descobri um camino más cierto e seguro...”
Os historiadores brasileiros Hélio Viana, Alfredo Ellis Jr. e Buarque de Holanda enfatizam que PEABIRU marcou a vocação sertanista dos moradores da província de São Paulo. E por ele, em parte, chegou a Lisboa a volumosa prata extraída de Potosi.
Ao fim de algum tempo, “o grande caminho” caiu em desuso: os bandeirantes desviaram-se para o ouro de Minas, os paraguaios voltaram-se para Buenos Aires, seguindo, preferencialmente, pelos grandes rios e o Brasil persistiu em progredir à beira do mar.
Aventureiros, bandeirantes, entradeiros e mascates deixaram registros de suas viagens e até comércio, pelos caminhos e ramais do PEARIBU, como: Alvar Núñes Cabeza de Vaca, o Jesuíta Leonardo Nunes, Francesco Gambarrota, Ulrich Schmidl, Diogo Nunes, Brás Cubas, Luis Martins, Cipriano de Góis, Juan de Salazar, Diogo Dias e Nicolau Barreto, todos relacionados pelo historiador Gentil de Assis Moura, como cita HERNANI DONATO, na Revista História Viva, nº 69, Duetto Editora, páginas 60/65.
E quando foi aberto este grande caminho? Quem o construiu?
E é ainda Hernani Donato que escreve:
“Portugueses e espanhóis, com diferentes interesses, métodos e ênfase, buscaram controlar e limitar o uso do PEABIRU. O primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Souza, (1549-1553), deu início a esta política de restrições. Os espanhóis seguiram-na e chegaram a fundar três vilas, que sugeriam posições de posse e vigilância sobre o traçado. Eles detiveram, processaram e penalizaram infratores, mas o espaço era amplo, e a audácia dos aventureiros era equivalente.”
E continua: “Uma documentação veraz informa a atividade profissional de paulistanos e de moradores de Assunção, no Paraguai, servindo de guias para interessados nessas viagens, visando, preferencialmente, aprisionar índios, negociar objetos de ferro, subir ao Potosi, na Bolívia, e enriquecer com a prata”.
E conclui:
“Em abril de 1581 (e até 1680), Portugal passou a ser governado pelo rei da Espanha. Com um só monarca para todo o subcontinente, as proibições foram levantadas. Os bandeirantes, entradeiros, ao norte, aproveitaram e foram eles levar o Brasil até quase as fronteiras atuais.
Historiadores brasileiros apontam as penetrações de Domingos Jorge Velho e, entre tantas, a que, partindo de São Paulo, chegou ao reduto de Zumbi dos Palmares, depois de arregimentar muitos combatentes, inclusive índios, pelo caminho, conseguiu, por final, destruí-lo.
Assim, se existiu o complexo PEABIRU, atravessando os andes, as florestas, os rios e pantanais, por onde passaram aventureiros, exploradores, conquistadores, mensageiros e nativos, por diversas razões, por que não acreditar que o Rio São Francisco foi importante, fácil, certo e seguro caminho, passagem e pouso, por onde, com certeza, transitaram e vivenciaram muitas nações e tribos nativas, não só nomadeando livremente, mas e também guerreando, fugindo, conquistando, pousando e fixando-se, principalmente, nos Sertões dos Rodelas, em suas dezenas de ilhas, por seu isolamento natural e por suas riquezas, tais como a pesca e as terras vazantes, ricas em húmus, sempre depois das cheias?
“A terra era tão larga e a gente tão solta”. Este registro do Jesuíta Padre Antonio de Sá, citado por Afrânio Peixoto no magistral Prefácio de Cartas Jesuíticas 2, Editora Itatiaia Limitada, 1988, robustece a tese da atávica e intuitiva predisposição da terra e do povo brasílico para as amplidões, as distâncias, as descobertas e as aventuras, tanto quanto as contidas nos âmagos dos europeus daqueles ousados momentos históricos.
A Sinopse de Afrânio Peixoto, fls. 47/64 do mesmo livro, é um rico mapa-leque tonificador dessas implacáveis multirotas geográficas e humanas.
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Fonte:Autor: João Bosco Soares dos Santo http://migre.me/cAMe3

TRAFICO NEGREIRO TRANSATLANTICO (Transcrição)

DE ANGOLA A POTOSI
E, a fim de apoiar o seu ponto de vista sobre a importância do território ocupado do Ndongo no abastecimento em mão de obra escrava no Mundo Novo, o autor utiliza o sintomático estudo de Carlos Sempat Assadourian « El trafico de esclavos en Cordoba ; de Angola a Potosi ».
Os arquivos ibéricos permitiam, também, ao investigador de Lima, de restabelecer as numerosas ligações que se faziam entre a Colónia do Minotauro e as dezenas de portos do continente americano e o conjunto insular caribenho tais como A Havana e San Juan Ulloa.
Colando a esta realidade, o historiador peruviano inseriu na sua obra gravuras extraídas da relação de Cavazzi sobre a Rainha Nzinga e retratos de mulheres escravas congoe benguela do artista alemão Rugendas ou o de uma negra « angolena ».
Na base de uma quinzena de testemunhos e estatísticas, o antigo Director do Instituto Nacional da Cultura do Peru, insiste na intensidade do trafico de escravos nas costas de Angola, produzindo afirmações tais como « Angola fue la gran factoria que aprovisiono al comercio esclavista» ou « la region de Angola monopolizo la distribucion de africanos ».
Fornece diversos cifres de desembarque, tais como os sobre Cartagena de Índias e Vera cruz, dois dos mais importantes portos de América espanhola, ou cerca de 60% de africanos chegados nesses lugares, provenha do Quadrilátero.
Sublinhar-se-a, em definitiva, que a obra « El comercio negrero en America Latina » fixa a sua grande utilidade na ancoragem do sua problemática, um melhor conhecimento das origens de centenas de milhares de cativos melano - africanos, instalados na Península Ibérica e no Novo Mundo.
Esta vertente e importante porque contribuirá, alem desta história particularmente pesada, estabelecer ligações civilizacionais entre os povos do Atlântico ; numa sã dinâmica que a UNESCO acaba de sugerir a humanidade, a da aproximação das culturas do mundo.
Fonte: Simao SOUINDOULA  http://migre.me/cALul

As mentiras que nos contaram na escola (Transcrição)

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E no Brasil, que mentiras nos foram (e continuam sendo) contadas - ou que silêncios foram calaram sobre tantas coisas essenciais - nas escolas?
A lista é interminável. Para começar, nunca nos é dada a exata medida do que significou a conquista, pelos colonizadores, dos territórios americanos. Não ficamos sabendo que a chegada do capitalismo colonizador a estas terras representou o maior banho de sangue que a humanidade já presenciou - se unimos a destruição dos povos indígenas e o tráfico de escravos, junto com a escravidão. A chegada do capitalismo - sim, por que disto se trata: a "descoberta" é um capítulo da revolução comercial que, por sua vez, pertence ao que Marx chamou de "acumulação primitiva"- a nossos pagos se deu em meio ao maior genocídio da história da humanidade.
A chamada "independência", por sua vez, não nos é contada na sua verdadeira natureza - o pacto de elite, um negócio de pai para filho, pelo qual se impôs o gattopardismo e, com ele, a monarquia em lugar da república, a continuação da escravidão em lugar do triunfo do trabalho livre. Menos ainda nos dizem que se formalizava a hegemonia inglesa sobre nossa economia, substituindo a ibérica.
Pior: na independência, que nos transmitam as palavras do monarca para seu filho: "Ponha a coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça", sem dizer que esses "aventureiros" éramos nós, brasileiros e que a operação tratava de evitar que tivéssemos por aqui "aventureiros" como Bolivar, San Martin, Artigas, Sucre, O'Higgins, patriarcas da independência, fazendo com que tivéssemos que nos contentar com os esforços solitários de José Bonifácio.
O mais tardio final da escravidão das Américas, por sua vez, é atribuído à bondadosa princesa Isabel, quando já havia terminado na prática, sem que os abolicionsitas ganhem seu lugar devido.
A própria "revolução de 30" - o movimento de maior transcendência, até aqui, na nossa história - não menciona que o novo pacto de elites que a funda deixa ao abandono os direitos da maioria esmagadora da população, localizada no campo, perpetuando o monopólio da terra e separando o destino dos trabalhadores da cidade daqueles do campo.
Não nos relatam na escola - e menos o faz a grande imprensa - o conluio que gerou o crime de ruptura da democracia no Brasil em 1964. Não fiamos sabendo que o conjunto das elites orquestrou o maior complô da nossa história contra a democracia, com participação protagonista da grande imprensa na sua unanimidade, exceção feita à Última Hora. Não saímos portanto da escola preparados para cobrar tribunais que julguem os responsáveis por aquele crime e por todos os outros cometidos posteriormente durante a ditadura militar. Estamos "preparados" para conviver com os nossos pactos de elite, em que os carrascos renovam seus discursos, para culpar o povo pelo "atraso" do país.
Uma identidade democrática começa a ser forjada na escola, pela compreensão do que é o mundo de hoje, de que como chegamos ao que somos hoje, de quem detêm as alavancas fundamentais do poder, de quem é responsável pelo mundo tal qual ele é e como ele pode ser transformado num universo mais humano e solidário. Nesse sentido, somente uma educação política - não no sentido partidário, mas cidadão - nos prepara para o resgate das misérias - materiais e morais - que as elites dominantes têm imposto ao Brasil. 

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Créditos Emir Sader - fonte: http://migre.me/cAAEb

Dúvida injustivicável sobre o roteiro de viagem de D. Rodrigo de Castelo Branco.

A expedição de 1681 (Transcrição)
Em 2 de março de 1681, com aprovação de D. Rodrigo, a Câmara de São Paulo nomeou Estêvão Sanches de Pontes para ir como sargento-mor da sua tropa; como desde 8 de fevereiro de 1679 tinha nomeado para Capitão Manoel Cardoso de Almeida, formaram-se assim três companhias.

A tropa de D. Rodrigo partiu a 19 de março de 1681 com 240 homens, entre os que Matias Cardoso de Almeida como tenente-general adjunto; o capitão-mor Brás Rodrigues de Arzão, o sargento-mor Antônio Afonso Vidal; sargento-mor Estêvão Sanches de Pontes; Manuel Cardoso de Almeida, João Saraiva de Morais, Domingos do Prado (filho de João do Prado da Cunha e Mécia Raposo); Jerônimo Cardoso, o filho deste Francisco Cardoso, João Dias Mendes, André Furtado de Mendonça como capitão de companhia. A morosidade dos preparativos havia irritado os Paulistas mas D. Rodrigo saiu bem apetrechado, tropa de animais, víveres e munições, cuidados especiais. Havia 120 trabalhadores para as minas, 60 indios para condução dos objetos de D. Rodrigo, mais 60 índios de Matias Cardoso. Chegaaram a Atibaia já a 24 de março.

Por grande ironia, data de 27 de março de 1681 carta em que Fernão Dias Pais, do sertão, escreve: Deixo abertas cavas de esmeraldas no mesmo morro donde as levou Marcos de Azeredo, já defunto, coisa que há de estimar-se em Portugal." A tradição quer que tais esmeraldas tenham sido colhidas na região dos rios Jequitinhonha e Araçuaí.

A 19 de abril de 1681 diz-se que «fugiam-lhe índios na passagem de Sapucaí». Assim, o caminho seguido portanto não foi o de Paraíba do Sul. Tal caminho de Atibaia ou de Sapucaí e o do Paraíba do Sul se comunicavam, porém, por diversas gargantas na serra da Mantiqueira. Na região de Santo Antônio da Cachoeira ou Piracaia, as gargantas do rio Cachoeira e Muquem, afluentes do rio Atibaia e situados entre os morros do Lopo e a pedra do Selado; fronteiras a Jacareí, as gargantas do rio do Peixe e do rio das Cobras, afluentes do Paraíba e situados ao sul da pedra do Selado; fronteiras a São José dos Campos, as gargantas do rio Buquira; fronteiras a Pindamonhangaba, e entre os morros do Itapeva e Pico Agudo, a garganta do Piracuama; a partir do Jacareí, as gargantas convergem para a região mineira do Sapucaí, hoje São José do Paraíso, Santana do Sapucaí, etc. Fronteiras a Guaratinguetá, as gargantas do Pragui e Guaratingueta; a fronteira de Lorena a Piquete, fronteira de Cachoeira (Bocaina) há a garganta do Embaú, onde se fez a habitual entrada para as Minas Gerais, ganhando o vale do Passa Vinte depois da travessia da Serra. Os animais levados por D. Rodrigo irão reforçar, com frutas e sementes, os arraiais de Baependi e na Ibituruna, falados antes, de Jaques Felix. E Lourenço Castanho Taqueshavia limpado os caminhos dos índios, conquistados no lugar batizado por isso mesmo Conquista.

Em 4 de junho de 1681 D. Rodrigo escreveu carta, do arraial de São Pedro do Paraopeba (Taques ainda diz Paraipeva) em que felicita Fernão Dias Pais pelos seus serviços nos descobrimentos de esmeraldas. Avançavam lentamente pois grande parte da matalotagem de Castelo Branco, em cavalos por falta de índios, dava consideravel trabalho ao ajudante João Carvalho Freire.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.http://migre.me/cA7wf
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Observações: 
1) - As entradas para Minas Gerais; 
Fernão Dias Paes, o Caçador de Esmeraldas Antes de partir mandou na frente Bartolomeu da Cunha Gago e Matias Cardoso de Almeida, com a missão de plantar roças de mantimentos no Sumidouro. A bandeira saiu de São Paulo em julho de 1674. Fernão Dias tinha então 66 anos de idade. Com ele iam seu filho, Garcia Rodrigues Paes, e  seu genro, Borba Gato, além de outros sertanistas experimentados. Eram cerca de quarenta brancos e muitos índios. (Fonte: http://migre.me/cA7Wo)
2) ROÇAS DE BENTO RODRIGUES: O roteiro do caminho contido na Obra de Andre João Antonil, possibilita afirmar que, a realização de lavouras e roças eram privilégios dos descobridores das minas. Todavia não tinha essas roças o propósito de benevolência nem tão pouco caridade. Uma vez que, os produtos eram vendidos por altos preços aos passageiros. Dada a escassez de alimentos, o valor dos produtos eram elevados, ou seja, quanto maior era a necessidade maior o valor. As roças coincidiam com as paragem e estalagem, as quais se constituíam de vendas e pousos. Conseqüentemente os três dias demandados para percorrer as Roças de Bento Rodrigues, a partir do porto Guaipacará, garantia-lhe o monopólio e o privilégio na venda dos produtos que eram vendidos nesse trecho. Em fim, resta incontrastável que, essas paragem e pousos deram necessariamente origem a núcleos populacionais, assertiva contida no próprio roteiro. Ademais, resta 
indubitável pelo prestigio que desfrutava junto a coroa, como descobridor das minas que, essa exploração comercial por Bento Rodrigues, teve inicio muito antes da oficialização da concessão da sesmaria. Sendo certo que havendo passado por esse caminho na expedição do pai quando ainda contava com 13 anos de idade em 1674, soube escolher muito bem o que lhe interessava no caminho das 05 serras altas. Ou às plantas a que se refere na roteiro, de propriedade de Garcia Rodrigues, antes de chegar as serras de Itatiaia, não pertence ao mesmo e indigitado descobridor, caminho percorrido pelos que seguiam pela via da Garganta do Embaú.
3) Também o primeiro historiador das Minas Gerais, Diego de Vasconcellos, ao reconstituir os vários itinerários feitos pelos bandeirantes, relata que em 1692, uma bandeira comandada por Brás Rodrigues Arzão, neto de Antonio Rodrigues Arzão, chegando aos sertões de Guarapiranga, “deparou-se com índios de nação Puri e de Botocudos  do Rio Doce” Fonte: http://migre.me/cAa5n
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Nota: Dada a logística necessariamente demandada, com envio antecipado de Matias Cardoso de Almeida ao Sertão, para preparação do caminho por Fernão Dias Paes. Bem como o posterior estabelecimento do filho, Bento Rodrigues Caldeira na região do Guaipacaré, com suas roças, no caminho dos Paulistas, Estrada Real do Sertão, em demanda do Alto Sapucaí. Possibilita ter alguma dúvida  que pudesse levar os sertanistas a abandonar esse caminho em detrimento de qualquer outro, objetivando alcançar a região do Sabaraçu?  Ou seja, a carta atribuída a Fernão Dias Paes, de 19 de abril de 1681, no sentido que; "fugiam-lhe índios na passagem de Sapucaí", não possibilita afirmar que, a Rota percorrida por D. Rodrigo, conduzido por Matias Cardoso de Almeida entre o outros, não tenha sido a de seu conhecimento, devidamente consolidada, isto é, a do Paraíba do Sul, via Alto da Serra? Ou Antonio Rodrigues Arzão não nasceu em Taubaté, cujo caminho percorrido encontra-se nesse mesmo sertão, indubitavelmente do conhecimento pleno de Brás Rodrigues seu neto?
Fonte: Carta corográfica - Cap. de S. Paulo, 1766 .Apresentando o Estado Político da Capitania de São Paulo em 1766, foi elaborada esta carta, com particular atenção aos limites com Minas Gerais. (http://migre.me/aWncu)



sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O Rio Sapucaí: Anotações Para Uma Narrativa Histórica (Transcrição)

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No período colonial, o rio Sapucaí teve grande importância para a sobrevivência de tribos indígenas da nação cataguás; foi local de descobertos de ouro e fixação dos núcleos de povoamento a eles associados; referência para a definição de sesmarias; linha de delimitação de territórios administrativos e eclesiásticos disputados entre São Paulo e Minas; marco para instalação de registros fiscais; espaço de sedições contra as autoridades metropolitanas, conflitos estes que se confundem com o dos quilombos do Sapucahy – tema sempre recorrente na historiografia sobre a escravidão.
No período imperial, o desenho do rio determinou os traçados ferroviários, disputados entre fluminenses e paulistas – trajetos esses associados à navegação. A efetivação dos projetos ferroviários para o sul de Minas, contudo, se fez por outros caminhos, definidos por interesses mais políticos do que de viabilidade técnica, fragilizando o potencial do rio como rota de transporte, comércio e comunicação.
No período republicano, o uso do Sapucaí como hidrovia até meados da década de 40 foi definitivamente suplantado na década seguinte pelos projetos de energia e transporte do governo desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961): a construção da então maior hidrelétrica do Brasil, a Usina de Furnas (1957) e da rodovia Fernão Dias (1959), focados no desenvolvimento do parque industrial do estado de São Paulo.
1. O baixo Sapucaí no período colonial
A historiografia informa a presença de tribos da nação Cataguás no baixo vale do Sapucaí. Pesquisas arqueológicas realizadas pelo Prof. Ondemar Dias Júnior na década de 70 indicaram vestígios da cerâmica Sapucaí, notadamente nos municípios de Carmo do Rio Claro , Alfenas e Paraguaçu. Estes sítios arqueológicos foram tombados pelo Instituto Histórico do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) embora sem a devida proteção como bem patrimonial. 
Na rememoração dos embates entre os índios e os primeiros exploradores do vale do Sapucaí são citados os ferozes índios lopos, que deram inclusive denominação à serra da cordilheira da Mantiqueira, bastante referida na cartografia do século XVIII: a Serra do Lopos.
Atribui-se aos índios a designação do nome do rio, escolhido em função da abundância das árvores de sapucaias então existentes em suas margens, e hoje em extinção.
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A descoberta do rio Sapucahy é atribuída a diversos bandeirantes paulistas, em expedições datadas desde a última década do século XVI até meados do século seguinte, e presume-se que tenha sido concomitante à descoberta do rio Verde. Teriam chegado ao vale do rio Sapucaí, as expedições de João Botafogo (1596), Martim Correa de Sá, Padre João Farias, Matias Cardoso de Almeida (1664), entre outros, havendo inclusive hipóteses sobre eventuais encontros entre algumas dessas bandeiras. 
Mas a conquista do vale do Sapucaí como território mineiro foi objeto de duras disputas entre autoridades metropolitanas e forasteiros e bandoleiros que já exploravam o ouro deste território anteriormente à ocupação oficial. Disputas essas acirradas pelo conflito entre as próprias autoridades metropolitanas, civis e eclesiásticas, notadamente entre paulistas e mineiros.
A partir da Guerra dos Emboabas (1708/1709), os conflitos pela posse das minas desencadeiam uma séria de medidas administrativas visando assegurar a presença nos sertões das autoridades metropolitanas. Em 1714 foram criadas na região das Minas, comarcas, entre elas a Comarca do Rio das Mortes, tendo como sede a Vila de São João del Rey . Para contestar a delimitação dessa comarca ao sul, autoridades paulistas fixaram novo marco em Caxambu, que foi removido pelos mineiros em 1731, inaugurando uma série de conflitos violentos em que as ordens régias pouco valiam.
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Fonte: Maria Lúcia Prado Costa - Fundação 18 de Março (FUNDAMAR)  http://migre.me/cA5aK
Fonte: Carta corográfica - Cap. de S. Paulo, 1766 .Apresentando o Estado Político da Capitania de São Paulo em 1766, foi elaborada esta carta, com particular atenção aos limites com Minas Gerais. (http://migre.me/aWncu)

Nota: Espaço colonial de Piquete, Caminho dos Paulistas, Estrada Real do Sertão, Caminho Geral do Sertão, Alto da Serra, Montanha dos Pinheiros, citada por Anthony Knivet, ao referir-se aos índios lopos. Local para onde foi transferido o marco divisório, dando origem ao Registro de Itajubá. Rota de entrada das Bandeiras, após passar pela Vila da Comarca do Rio das Mortes, (Guaratinguetá), transpondo o Rio Paraíba na região do Guaipacaré,  em demanda da Serra das Vertentes e região do Alto São Francisco. "Quilombos do Sapucahy", rota da diáspora Africana.

Caminho Velho, o Caminho Novo e a Rota dos Diamantes (Transcrição)

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Caminho Velho
As expedições originárias de São Paulo cruzavam a serra em direção ao interior do continente, traçando o antigo caminho para as minas, criando roças e pousos, que auxiliavam na empreitada. A tática utilizada era simples, mas eficiente, e fora herdada dos indígenas: os bandeirantes ao se embrenharem nas matas, plantavam pequenas roças em campos abertos, para que, ao retornarem, pudessem ter suprimento para finalizar a jornada.
O caminho geral do sertão (como ficou conhecido o antigo caminho dos paulistas) foi o caminho tomado por Fernão Dias Paes em sua ultima expedição, entre 1674 e 1681. Ele ligava São Paulo de Piratininga às vilas do vale do Paraíba – Mogi, Jacareí, Taubaté, Pindamonhangaba e Guaratinguetá, atravessava a serra da Mantiqueira cruzando o rio Grande no seu trecho oriental à região do rio das Velhas. Posteriormente, com a descoberta do ouro nas bacias do rio das Velhas, do rio Doce e no rio das Mortes, este caminho passou a ser utilizado intensamente pelos aventureiros.
Este caminho foi de importância primordial nos primeiros momentos de expansão do povoamento para o interior da região sudeste. Ele refletiu em seus traçados a onda de procura de riquezas que inflamava a colônia naquele momento. Na verdade não havia um caminho único e sim uma rota onde algumas trilhas confluíram.
O caminho foi intensamente percorrido tanto por mineradores quanto por mercadores que abasteciam as minas de suprimentos ao longo dos anos, bem como para o escoamento da produção aurífera. Ele só foi suplantado pelo novo trecho da Estrada Real que permitiu um acesso mais rápido e confortável às minas.
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Fonte: Tema:Ecoturismo Autor: Mariana Postali Data: 17/9/2012 http://migre.me/cA3Ru
Fonte: Carta corográfica - Cap. de S. Paulo, 1766 .Apresentando o Estado Político da Capitania de São Paulo em 1766, foi elaborada esta carta, com particular atenção aos limites com Minas Gerais. (http://migre.me/aWncu)

De São Paulo a Potosí (Transcrição)

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Os movimentos de aproximação sistemática entre São Paulo e o interior paraguaio que se efetivaram no momento mesmo da união das coroas, quando eram todos “cristãos e vassalos de um mesmo rei” ocorreram por uma conjunção de motivos e interesses. Corredor para Potosí, trocas comerciais ou cobiça sobre a mão de obra indígena são os motivos, laicos, mais explícitos; entretanto, estes  objetivos serão atravessados por circunstâncias regionais. De alguma maneira podemos ver São Paulo como uma vila que esteve situada entre dois impérios, o português e o espanhol, e esta definição não tange somente a geografia, mas também a natureza dos processos coloniais e da própria configuração da população da vila, bastante marcada pela presença castelhana. Alguns trabalhos têm sido produzidos sobre a presença portuguesa na América espanhola e sobre as redes de solidariedade que estes organizavam nestes territórios, a maior parte deles articulados ou sobrepostos a interesses comerciais. No caso dos castelhanos na América portuguesa os trabalhos são praticamente inexistentes, com raríssimas exceções (AMARAL, 1981); e muito menos pensados em termos de articulações de interesses. Portanto, ver as tratativas de casamento entre os Benitez de Vila Rica e os Camargo de São Paulo; bem como a atuação dos Godói, não deve ficar na simples coincidência, mas como uma construção de uma rede de solidariedade e de articulações que carregavam também forte sentido identitário, no caso, castelhano. Isso foi ainda mais intenso, na história da vila de São Paulo, quando dos casamentos de famílias importantes nos destinos daquela comunidade, como os Buenos com os Camargos ou dos Rendon com  os Buenos; costuras simbolicamente poderosas na quase mítica e suspeita Aclamação de Amador Bueno, quando da chamada Restauração portuguesa.
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Fonte: http://migre.me/cyHov

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Memórias Históricas do Rio de Janeiro, por Monsenhor Pizarro (I/I) (Transcrição)

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As carreiras dos armadores Franceses para o Brasil, molesta sempre os Portugueses desde o princípio dos descobrimentos das Índias, não serviram pouco de despertar a atenção da Corte de Portugal sobre um país, que sem custo lhe poderia escapar: e como a liga dos índios, com quem negociavam as suas drogas, lhes subministrava o auxílio preciso, eles se reproduziam a hostilizar os portugueses habitantes da Costa, sem algum receio dos seus recontros.
Senhores os Tamoios de todo Continente, desde o Rio Paraíba do Sul junto ao Cabo de São Tomé, situado a 21° 37’ de latitude, e 344° 23’ de longitude, até além da Vila de Parati, em mais de 23° de latitude, nada melhor desejavam, que a proteção dos franceses no empenho de impedir o assento dos portugueses em S. Vicente. A esse tempo, tendo sulcado os mares do Sul Nicolau Durand de Villegaignon, francês nobre, do hábito de S. João, e achando-se em Cabo Frio, situado na latitude de 23° e longitude de 343° 27’, ou na latitude de 22° 35’ e longitude de Londres 41° 15’, fácil lhe foi em convir com aqueles, a quem o ódio contra os declarados contrários fomentou a liga com tais hóspedes, trazidos da fortuna em socorro da sua defensa, a custo dos frutos, e drogas da terra, que lhes prometeram. Isto bastou a uma Nação, cujos intentos hidrópicos foram sempre de dilatar as extensões do domínio nas terras, tanto descobertas de novo, como nas possuídas tranqüilamente por outras potências, e que apesar de vexames públicos, e de crueldades inauditas, não perdem passo algum no adiantamento da glória de si mesma, nem do interesse do seu comércio: e introduzindo-se os convidados por todos os rios principais; enseadas, e portos do Continente, de tudo se foram apropriando sem alguma oposição.
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Fonte: http://migre.me/cz3KW
Nota: Rio Paraíba do Sul, passagem na "Estrada Real do Sertão", "Caminho dos Paulistas". Igualmente no mapa, Alto da Serra, corresponde ao espaço Colonial de Piquete, latitude 22° 36' 50" S 45° 10' 33"

Fonte: Carta corográfica - Cap. de S. Paulo, 1766 .Apresentando o Estado Político da Capitania de São Paulo em 1766, foi elaborada esta carta, com particular atenção aos limites com Minas Gerais. (http://migre.me/aWncu)

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Detalhe da litogravura "Partie du Bresil - Amer. merid. 28" apresentando o caminho de São Paulo para o Rio de Janeiro no vale do rio Paraíba do Sul. (Philippe Vandermaelen, Bruxelles, 1827)



Fonte:    Mapas Antigos Histórias Curiosas - serqueira.com.br http://migre.me/cyjGd


Fonte: Carta corográfica - Cap. de S. Paulo, 1766 .Apresentando o Estado Político da Capitania de São Paulo em 1766, foi elaborada esta carta, com particular atenção aos limites com Minas Gerais. (http://migre.me/aWncu)
Nota: Na reflexão que faço nesta oportunidade, considerando  que, um mapa não exclui o outro, não obstante ao proposito do primeiro, em mostrar o caminho de São Paulo para o Rio de Janeiro. No segundo, linha pontilhada que leva ao Alto da Serra,  (mapa de Santos,) comparativamente, mostra o espaço  colonial de Piquete, que conduz ao Rio Sapucaí.   complementando a descrição do primeiro mapa referido ou seja,  "Partie du Brasil", contendo na parte superior a toponímia Rio Sapucaí.

Registros (... nas estradas que levavam à região mineira)


1. O CICLO DO OURO. Desde o século XVI, os moradores da capitania de São Vicente mineravam ouro nos arredores de São Paulo, mas só no final do século seguinte ocorreram as grandes descobertas em Minas Gerais. Desencadeou-se louca corrida que atraiu centenas de milhares de aventureiros do Brasil e de Portugal para o interior da colônia. Logo depois, as descobertas da Bahia, Mato Grosso e Goiás consolidaram a exploração mineral e tornaram o Brasil o maior produtor mundial durante todo o século XVIII.
2. OS QUINTOS E AS ENTRADAS. O rei de Portugal era, por lei, o dono do subsolo, razão pela qual cobrava o "quinto" do metal extraído. Em 1716, depois de experimentar diversas formas de cobrança desse tributo, as Câmaras Municipais de Minas Gerais propuseram substituí-lo por taxas fixas impostas sobre as mercadorias "entradas" na região de mineração. Apesar da proposta não ter sido aceita pela Coroa, foram estabelecidos, em 1º de outubro de 1718, os postos arrecadadores denominados "registros" nas estradas que levavam à região mineira. A arrecadação do tributo era, comumente, cedida a um "contratador", que pagava ao fisco, em parcelas, uma quantia fixa, em troca do direito de cobrar o imposto em seu próprio proveito.
3. REGISTROS E CONTAGENS. Os registros não eram novidade. Alguns já haviam sido estabelecidos na "saída" das minas e nos portos, para fiscalizar a cobrança do "quinto" e para combater o contrabando de gado que vinha da Bahia, logo nos primeiros anos da corrida do ouro. Nessa época eram guarnecidos pelos "paulistas mais poderosos". Agora fiscalizavam um novo imposto, "as entradas", e seu número era muito maior; praticamente todas as estradas e caminhos importantes estavam sob a vigilância de um ou mais registros. Havia também as "contagens", registros especializados na cobrança do tributo sobre os animais levados de uma capitania para outra. Essa expressão, porém, vulgarizou-se muito mais em Goiás, onde existiram quase duas dezenas de contagens. O sistema de registros "das entradas" foi implantado em Minas Gerais a partir de 1716; em Goiás, os primeiros foram instalados em 1732; em São Paulo, a partir de 1721, nas minas do Paranapanema.
4. TIPOS DE REGISTROS. I - Registros do Ouro - para fiscalizar o transporte e cobrar o "quinto", se fosse o caso. Foram criados pela portaria de 18 de abril de 1701, baixada pelo governador Artur de Sá e Menezes. II - Registros de Entradas - habitualmente explorados por contratadores, que arrematavam o direito de cobrar o tributo. III - Registros dos "Meios Direitos da Casa Doada", distribuídos ao longo da estrada do Rio Grande do Sul a São Paulo, para cobrar essa contribuição, que incidia exclusivamente sobre animais. IV - Registros da Demarcação Diamantina - postos fiscais e quartéis encarregados da repressão ao contrabando de diamantes, mas também da cobrança das "entradas". V - Contagens, registros especializados na cobrança de tributos sobre animais em trânsito.
5. ESTRUTURA DOS REGISTROS. O registro ficava, normalmente, numa estrada regular, em um "vão de serra", "fecho de morros" ou desfiladeiro, próximo a um curso de água, que além de assegurar o abastecimento da repartição, retardava ou dificultava a passagem dos contribuintes. Os caminhos clandestinos eram vedados e vigiados por "guardas", postos com funções exclusivamente repressoras. Aliás, a Coroa estabeleceu também "áreas proibidas", entre as capitanias (especialmente nas fronteiras de Minas Gerais), nas quais não era permitido o trânsito ou a residência a quem quer que fosse. Restringia-se, assim, a possibilidade de descaminho. O pessoal dos registros se compunha de um Administrador (representante do Contratador), um Fiel (representante da Fazenda Real), um Contador e dois ou quatro soldados. Os prédios consistiam na "casa do registro", nas residências do fiel e do administrador, no quartel dos soldados, num rancho para os tropeiros contribuintes e num curral para os animais. A estrada era fechada por um portão com cadeado. O equipamento era mínimo: livros contábeis, cofre, balança com pesos, medidas para volumes, armas e utensílios domésticos.
6. PAGAMENTO DO TRIBUTO. Como a maior parte dos contribuintes eram comerciantes conhecidos, o pagamento nem sempre era exigido de pronto, mas sim em letras pagáveis no domicílio do devedor. O credor, porém, tinha a força do executivo fiscal para cobrá-las. Essa sistemática tinha graves inconvenientes, dadas as dificuldades próprias da época (viagens lentas em estradas ruins, ausência de telecomunicações, inexistência de bancos, etc), acarretando muitas vezes a insolvência do contratador. Os registros também cobravam o tributo denominado Subsídio Voluntário, instituído em 1756 para a reconstrução do Palácio Real de Lisboa, destruído pelo terremoto do ano anterior. Ainda era cobrado conforme uma tarifa em 1795. A partir da segunda metade do século XVIII, os registros passaram também a exercer a função de permutar o ouro em pó dos viajantes, que saiam das capitanias mineradoras, por moedas ou por bilhetes emitidos pela Fazenda Real.
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Registro - PORTO DO MEIRA
- Coexistia em 1785 com a passagem situada no mesmo local, como se vê da carta do governador Francisco da Cunha e Menezes ao seu comandante, na qual se refere às "condições do contrato da Passagem desse Registro". Mencionado também em 1801, quando se esclarece que cobrava "entradas" na capitania de São Paulo sobre mercadorias vindas de Minas Gerais. Ficava próximo a Lorena, no Vale do Paraíba-SP. (FONTES : RIHGB/AHU/SP, 10:386 - Documentos Interessantes, 85:173).
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Registro - ITAJUBÁ
- Existiu nos arredores de Itajubá-MG, a sudoeste da vila, numa latitude de 22 graus e 36 minutos, durante o período de 1765 a 1820, pelo menos. Integrava o sistema de fiscalização e arrecadação das "entradas" em Minas Gerais, mas também tinha a função de permutar o ouro em pó por moeda. Na "Memórias Históricas da Capitania de Minas Gerais", escrita por volta de 1780, não se menciona "registro", mas uma simples "Guarda de Itajubá", guarnecida por um único soldado. O "Erário Régio", de Francisco Antônio Rabelo, porém, a ele se refere, com as datas de 1765 a 1767, e Teixeira Coelho também alude a ele em 1776. (FONTES : COELHO, in RIHGB, 15:410 - FONSECA, Contagem Perante a História, 48 - RAPM, 1897, 471 - A Coleção da Casa dos Contos de Ouro Preto, 201 e 267. - Códices da Casa dos Contos, 046).
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Registro - LOURENÇO VELHO
- Mencionado em 1834 por Cunha Matos, situava-se na serra da Mantiqueira, próximo às nascentes do ribeirão do mesmo nome. Hoje é distrito do Município de Itajubá. (FONTES: BARBOSA,Dicionário Histórico-Geográfico de Minas Gerais, 268 - CUNHA MATOS, Corografia Histórica da Província de Minas Gerais (1837), 1:258).
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Registro - MANTIQUEIRA
- Um dos mais rendosos que integravam o sistema de arrecadação do contrato das entradas da capitania de Minas Gerais. Estava situado na divisa sul de Minas, a 22 graus e 44 minutos de latitude, entre Pouso Alto-MG e Cachoeira Paulista-SP, ao pé da serra do mesmo nome, do lado mineiro, não longe da garganta do Embaú. Encontramos documentos referentes a esse registro entre 1771 e 1825, mas, seguramente, sua existência foi mais longa. Saint-Hilaire descreveu-o minuciosamente, dizendo que ele se assentava numa das regiões mais belas do mundo. (FONTES: SAINT-HILAIRE, Viagem ao Rio Grande do Sul, 434.RAPM, 1897, 471 - RIHGB/AHU/SP, 11:237 - Documentos Interessantes, 79:5 - Códices da Casa dos Contos, 034 - A Coleção da Casa dos Contos de Ouro Preto, 207 e 210).
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Fonte: http://migre.me/cy8rk
Obs: O número 07 no Mapa, Corresponde ao Registro de Itajubá, no Alto da Serra da Mantiqueira, espaço colonial de Piquete-SP.

Nota: Na mesma Rota das passagem dos rios, no que diz respeito ao espaço colonial de Piquete, temos; Registro (Piquete). Desta feita, aqueles que seguiam em demanda da Garganta do Embaú, passando pela Vila de Conceição do Embaú (Cruzeiro-SP) alcançava o Registro da Mantiqueira. Caminho Velho.

Fonte: Carta corográfica - Cap. de S. Paulo, 1766 .Apresentando o Estado Político da Capitania de São Paulo em 1766, foi elaborada esta carta, com particular atenção aos limites com Minas Gerais. (http://migre.me/aWncu)
Nota: Aqueles que seguiam em demanda do Alto Sapucaí, passando pelo Registro (Piquete), transferido posteriormente para o Alto da Serra, onde se deu a instalação do Registro de Itajubá, passando pelo Registro Lourenço Velho adentrava-se ao Vale do Sapucaí. "Caminho Geral do Sertão"; "Estrada Real do Sertão"

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...