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O renomado historiador Ernani Silva Bruno aponta que uma
das etapas de formação regional em Minas Gerais deu-se pela “internação do
povoamento e ocupação das terras montanhosas, em seguida à descoberta das
jazidas de ouro”.[*1]
Segundo ele, os primeiros arraiais estabeleceram-se a partir de 1675, tendo a
mineração, contudo, ativado os povoadores para “brenhas distantes, formando um
foco de deserto entre a origem e as minas, o que retardou em muito o povoamento
das zonas intermediárias”.[*2]
Outro importante historiador pátrio, Sérgio Buarque de
Holanda,[*3] é
incisivo ao afirmar que foram as bandeiras que desempenharam papel fundamental
na configuração geográfica do Brasil colonial, pois, nos dois primeiros séculos,
a exploração restringiu-se ao latifúndio rural litorâneo. Segundo o autor, para
o colonizador, não havia qualquer preocupação em fincar raízes nos sertões
povoados pelos indígenas, pois povoamento, para os colonizadores portugueses,
significava apenas criar feitorias na costa brasileira, permitindo um escoamento
rápido de mercadorias de fácil e rápida extração. O colonizador se poupava de
maiores esforços, uma vez que via o Brasil como um lugar de passagem e, ou seja,
provisório.
Lentamente, surgiram arraiais mais estáveis, onde os
mercadores faziam suas compras das mãos de comerciantes, que traziam mercadorias
do Rio de Janeiro e de São Paulo. Assim, nessa leva, é provável que tenham
nascido muitos dos arraiais situados no sul do atual território mineiro.
A tradição também nos informa que por aquela região teria
passado, em 1596, o bandeirante João Pereira de Souza Botafogo, sem, no entanto,
ficar bem estabelecida a sua rota. Outros que se aventuraram, ainda no século
XVII, foram Jerônimo da Veiga, em 1643; Sebastião Machado Fernandes Camacho,
entre 1645 e 1648, em busca das minas de prata e o próprio Fernão Dias Paes, em
1674. Todos seguiram o Rio Paraíba, atravessaram a Mantiqueira pela garganta do
Embaú e se internaram no chamado “caminho geral do sertão”.
Saídos do planalto de Piratininga, tendo deixado São
Vicente para trás, era crível (e posteriormente comprovado) que, aos poucos, às
margens do Rio Paraíba, surgissem povoamentos, capelas e vilas, assim como
Taubaté, Guaratinguetá, Pindamonhangaba e outras de menor expressão.
Assim, da Vila de São Francisco das Chagas de Taubaté,
partiram as primeiras bandeiras em direção às chamadas “minas de cataguás”.
Passando pela região de Guaipacaré (atual Lorena), transpunham a Mantiqueira e
alcançavam o atual território mineiro. Desta forma, exatamente 36 das mais
antigas cidades de Minas Gerais foram fundadas por paulistas, entre elas,
Baependi, Aiuruoca e Campanha.
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Baependi
Em 1692, a bandeira escravista de Antonio Delgado da
Veiga e de Miguel Garcia saiu de Taubaté, alcançou a Mantiqueira pela garganta
do Embaú, chegou à região de confluência dos rios Capivari e Verde, dando ao
local o nome de Pouso Alto. Seguiu para um outro afluente do Rio Verde, em
direção nordeste, a que os bandeirantes chamaram de Baependi. Naquela mesma
região, andou, em meados de 1693 outra bandeira, mineradora, que em seu roteiro
tinha gravado: “e em um destes montes que se chama Baependy se suspeita haver
ouro em abundância pela informação que deixaram os índios da região”.[*4]
Caminho Velho - Guaratinguetá-SP - Guaipacaré (Lorena-SP) - Registro (Piquete-SP) - Conceição do Embaú (Cruzeiro-SP).