quinta-feira, 22 de maio de 2014

"Para curar a pobreza": índios e mamelucos na expansão bandeirante

Situada mais ou menos a 750 metros acima do nível do mar, a vila de São Paulo era o ponto mais avançado para o interior, a "porta de entrada" para o sertão, onde os bandeirantes iam curar sua pobreza buscando índios, pedras e metais preciosos.
"Buscar o remédio para a sua pobreza", "buscar o seu remédio", "buscar sua vida", "o seu modo de lucrar", expressões comuns em testamentos de bandeirantes, expressam os objetivos da expansão desse grupo.
Impossibilitados de adquirir escravos negros, os paulistas lançaram-se ao apresamento de índios. Na verdade, o uso do trabalho escravo era objetivo comum dos colonos portugueses. Tanto os índios, "os negros da terra", usados pelos paulistas, como os negros africanos de que se valiam os senhores de engenho do Nordeste, significavam mão-de-obra escrava. Sem ela os colonos não conseguiriam produzir, nem "se sustentar na terra".
Para buscar as riquezas do sertão, os paulistas organizaram, por quase três séculos, expedições chamadas "bandeiras". A origem da palavra bandeira nos remete à expressão militar "bando" (grupo de homens armados), muito comum em Portugal, durante a Idade Média.
Pelos rios, principalmente os da bacia do Tietê, as bandeiras alcançaram o interior habitado pelos nativos, chegando aos atuais Estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e às regiões onde se localizavam as aldeias jesuíticas.
Inicialmente o índio era capturado próximo à vila, sendo usado como força de trabalho nas plantações e na defesa da localidade, ameaçada pelo ataque de tribos inimigas, como os Tamoios e os Carijós. À medida que os paulistas precisaram obter maior número de cativos para negociá-los a outras capitanias, os índios fugiram, obrigando-os a ir cada vez mais longe.
A organização das bandeiras mobilizava toda a vila. Podiam ser formadas por centenas ou até mais de mil homens, sendo o número de mamelucos e índios sempre bem maior do que o de brancos.
As bandeiras percorriam o sertão durante meses e até por anos. Cada bandeira tinha um chefe, um grupo de homens brancos para ajudá-lo, um capelão, mamelucos e muitos índios.
Os mamelucos guiavam a expedição. Reunindo características do branco e do índio, desempenhavam papel importante como elemento de ligação entre as duas culturas, européia e indígena.
Os índios, além de ensinar o caminho, carregavam as provisões e eram responsáveis pela coleta dos frutos da floresta necessários à alimentação do grupo.
Os bandeirantes levavam arcabuzes, bacamartes, pistolas, chumbo e pólvora, machados, facas, foices e cordas para prender e conduzir os índios escravizados. Apesar de representados, em pinturas e esculturas, como homens bem vestidos, andavam descalços, usando grandes chapéus de abas largas e gibões de algodão acolchoados para se proteger das flechas. Caminhavam em fila indiana, uma influência indígena. Durante o tempo que passavam no sertão, o alimento básico era a "farinha de guerra", feita de mandioca cozida e compactada, além do que encontrassem na mata. Dependiam da caça, da pesca, das ervas e raízes, do mel silvestre e, quando adoeciam recorriam aos recursos da flora e da fauna utilizados na "medicina" indígena, conhecidos mais tarde, em toda a Colônia, como "remédios de paulistas".
Com o tempo, passaram a plantar roças de subsistência ao longo dos caminhos percorridos, que eram colhidas na volta ou deixadas para outras bandeiras.

A Bandeira de Fernão Dias Pais

A Coroa portuguesa sempre acreditou na existência de metais preciosos em sua Colônia e o sonho de encontrá-los nunca desapareceu. Ao contrário, foi alimentado por lendas e notícias que falavam da "Costa do Ouro e da Prata", do "Eldorado" e da existência da misteriosa "Sabarabuçu", serra de prata e de esmeraldas.
As primeiras entradas ao sertão datam da época da expedição de Martim Afonso de Sousa.
Durante os séculos XVI e XVII, colonizadores e colonos de outras capitanias participaram nas pesquisas de minerais preciosos e inúmeras entradas partiram de diferentes pontos do litoral: Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Ceará.
Ainda no século XVI, os vicentinos descobriram ouro de lavagem na própria capitania de São Vicente e, explorando o litoral sul, alcançaram os atuais Estados do Paraná e Santa Catarina.

O governador-geral D. Francisco de Sousa(1599-1602) estimulou a procura de riquezas minerais. Atraído pelo ouro de aluvião, e acreditando na existência de metais preciosos no interior da Colônia, intensificou, diretamente, as expedições em busca de ouro, prata e pedras preciosas.
Na segunda metade do século XVII, após a União Ibérica, o Reino português passava por grave crise econômica, acentuada pela decadência do açúcar brasileiro nos mercados europeus, depois da expulsão dos holandeses.
Tornava-se necessário encontrar novas fontes de renda, que propiciassem lucros à Coroa. Os reis da dinastia de Bragança, iniciada com Dom João IV, passaram a incentivar o envio de expedições ao sertão em busca de metais preciosos.
Assim, as bandeiras paulistas, por disposições expressas em Cartas Régias, passaram a buscar os lendários tesouros do sertão.

Estimulado pelas promessas de prêmios e de honrarias(títulos de nobreza), o bandeirante Fernão Dias Pais, famoso apresador de índios, partiu de São Paulo, em 1674, à procura de prata e esmeraldas. Conhecido, posteriormente, como "O Caçador de Esmeraldas", percorreu durante sete anos os sertões do atual Estado de Minas Gerais, das cabeceiras do Rio das Velhas até a zona de Serro Frio.
De sua bandeira faziam parte seu filho, Garcia Rodrigues Pais, Matias Cardoso de Almeida, seu genro, Manuel Borba Gato e seu filho bastardo, José Dias Pais. Por onde passavam iam erguendo pousos (acampamentos), que se transformaram em arraiais como Paraopeba, Sumidouro do Rio das Velhas, Roça Grande e Serro Frio.
Durante a expedição houve uma tentativa de revolta por parte de José Dias Pais, que, acusado de traição, foi condenado à morte e enforcado.
Fernão Dias morreu acreditando ter descoberto esmeraldas, quando, na verdade, só descobrira turmalinas, pedras verdes, sem grande valor. No entanto, sua bandeira foi importantíssima porque desbravou o território de Minas Gerais, onde, pouco mais tarde, no final do século XVII, seria descoberto ouro
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Fonte: http://migre.me/jinW5

O Regimento para as Minas. A Intendência das Minas

A Coroa portuguesa tratou de agir buscando controlar, aos poucos, aquela área. Institui, em 19 de abril de 1702, o Regimento do Superintendente Guarda Mores e Oficiais para as Minas de Ouro, estabelecendo a autoridade real na administração da atividade mineradora.
A propriedade anterior não foi questionada, uma vez que as descobertas ocorreram em terras ainda não ocupadas pelos colonizadores e colonos.
Imagem 1

No Regimento, mantido com algumas alterações até o Império, criava-se o cargo do Intendente das Minas, cujas atribuições independiam das outras autoridades coloniais, só prestando contas e obediência ao governo da Metrópole. Entre as múltiplas funções cabia a este administrador, que na maioria das vezes desconhecia a mineração, a cobrança do quinto, assim como a supervisão de todos os serviços executados nas lavras (terreno de onde se extraía metais e pedras preciosas).
Imagem 2A Intendência tinha também como responsabilidade a distribuição das datas, terrenos auríferos demarcados em lotes. Ao descobridor da jazida cabia o direito de escolher a sua data. Esta variava de tamanho de acordo com o número de escravos que o minerador possuísse. Assim, eram dadas 2  braças (antiga medida linear de comprimento, equivalente a cerca de 5,5 .m2) por escravo, até o máximo de trinta. Este sistema de distribuição era excludente. Privilegiava os indivíduos de maiores posses: quem fosse proprietário de um maior número de cativos, teria uma data maior.
Onde houvesse extração de ouro criava-se uma Intendência cuja atribuição, com o tempo, reduziu-se a cobrar o quinto e a fiscalizar os descaminhos do ouro, atividade para a qual estava bem aparelhada.

Fonte http://migre.me/jinDl

O Sertão

A colonização foi, antes de tudo, a aventura da conquista e ocupação do sertão.
Para os colonizadores portugueses, as terras americanas significavam um imenso vazio a ser preenchido com seus interesses, concepções e valores. Um grande deserto, um desertão como as representavam. Daí a origem do nome sertão.
Um sertão que, como o Mar Oceano, exercia atração e gerava medos.
Medos de seres reais e imaginários, de animais e plantas fantásticos, dos índios considerados bárbaros e selvagens, dos caminhos e grotões. Medos que ainda hoje se apresentam em denominações que traduzem angústia, ameaça e dúvida: Turvo, Encruzilhada, Sumidouro, Brumado, Rio das Mortes.
Atração provocada pelas riquezas do sertão: valiosas madeiras, plantas miraculosas, aves e animais desconhecidos e metais preciosos. Atração provocada pelo número incalculável de pagãos e de idólatras - os adoradores de ídolos que deveriam ser convertidos à fé cristã.
Empreender a colonização significava, então, impor a ordem e a dominação sobre um território e sobre as pessoas que ali viviam, para transformá-las em súditos do Rei de Portugal, em cristãos e trabalhadores forçados. Pessoas sempre apresentadas como portadoras de falhas, faltas e ausências. Em sua carta a Dom Manuel I, o escrivão Pero Vaz de Caminha já sublinhara a ausência de vestimentas dos nativos, o fato de não lavrarem a terra nem criarem animais, a necessidade e a importância da conversão à verdadeira fé. Anos mais tarde, outros cronistas e viajantes, como Pero de Magalhães Gandavo, em 1570, chamavam a atenção para um outro tipo de ausência. A língua falada pelos nativos não possuía as letras F, L e R, demonstrando que lhes faltavam Fé, Lei e Razão. Daí a permanente desordem em que viviam. Não por outras razões, tais pessoas e as terras que habitavam deveriam ser dominadas e ordenadas pelos colonizadores.
Os colonizadores portugueses conquistaram o sertão: formando cidades e vilas, plantando canaviais, extraindo metais preciosos ou criando gado. Impunham a autoridade do rei, difundiam a fé cristã e transformavam índios e negros africanos em escravos. Buscavam construir o Novo Mundo à semelhança do Velho Mundo, de onde vieram. No final do século XVI, o padre jesuíta Fernão Cardim, com certo orgulho, observava: "Este Brasil já é outro Portugal."
Quase sempre a imposição da ordem e da dominação dos colonizadores significou o desaparecimento de parte considerável das populações indígenas e africanas, além de muitos dos seus conhecimentos. (Fonte: http://migre.me/jilWR)

sexta-feira, 9 de maio de 2014

PESQUISAS SOBRE A EXISTÊNCIA DO OURO E DA PRATA NO PLANALTO PAULISTA NOS SÉCULOS XVI E XVII.

"Sertanistas continuaram a rumar para Sudoeste, pois em 1613, D. Diogo Corral, fiscal do Conselho das índias declarava que Guairá, Vila-Rica e Jerez serviam de ponto de passagem para os paulistas atingirem as minas do Perú" (20) .Fonte  http://migre.me/j7vzi.......................................................................................................................
MAPAS DE SANTOS  Carta corográfica - Capitania de S. Paulo, 1766
Apresentando o Estado Político da Capitania de São Paulo em 1766, foi elaborada esta carta, com particular atenção aos limites com Minas Gerais.
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Nota: Considerando as declarações do fiscal do Conselho das índias; considerando que o caminho dos Paulista e o caminho velho eram as vias que levavam a Vila Rica, via Alto da Serra, espaço colonial de Piquete, a localidade se constitui além de caminho do ouro, em via de ligação entre o Atlântico e o Pacifico, ou seja,  via para o Potosi.

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...