quinta-feira, 29 de setembro de 2016

"AGORA FAZ SENTIDO" - CARRASCO NUNCA TEVE CONSCIÊNCIA.

BLOG AGORA FAZ SENTIDO - "Sempre quando vamos nos aproximando do Dia da Consciência Negra tem um engraçadinho ou um desinformado que pergunta: "Por que não comemoramos o dia da consciência branca?". A resposta é simples: pelo mesmo motivo pelo qual não existe cemitério para vivo. Sem metáforas, uma outra explicação seria essas imagens impactantes e fortes que mostram a forma cruel e desumana como foi tratado o negro tanto no Brasil, quanto em outros países". 1. (Transcrição)
3. Linchamento. Mississipi, EUA.
4. Foto de cartão postal geralmente vendido nos Estados Unidos sulista, linchamentos eram representados não como crimes hediondos, mas como a justiça divina sendo feita contra os negros. Mississipi 1912.
5. Escravo americano durante Guerra Civil Americana.

7.  Embree tinha 19 anos quando ele foi acusado de estuprar uma menina branca de 14 anos. Embora ele tenha alegado a sua inocência, ele foi chicoteado mais de 100 vezes até que ele confessou o crime, dizendo que "ele" próprio se enforcaria se eles não o fizessem. "'Frank Embree morreu enforcado, sem um julgamento.
10. "Banho escaldante na banheira de ferro. Punição a escravos "intrometidos" e "contestadores"



15.  A KKK, bem como muitos "brancos respeitáveis" do sul usaram terror para controlar os negros que viviam entre eles. Eles usaram chicotadas, ameaças e linchamentos.


16.


Fonte: BLOG AGORA FAZ SENTIDO - http://migre.me/v6jOD

domingo, 25 de setembro de 2016

ANTONIL, André João. Brazil at the Dawn of the Eighteenth Century. Tradução: Timothy J. Coates (completando uma tradução parcial iniciada por Charles R. Boxer). UMASS – Dartmouth: Tagus Press, 2012, 246 p. (Transcriçao)

Desde meados do século XIX, quando desperta de um hiato editorial de pouco menos de um século – melhor, passa a circular depois de ter sua destruição oficialmente decretada –, a obra “Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas” assinada pelo então “Anônimo Toscano” (1711) tem suscitado muitas edições. A aqui apresentada, sob o título de “Brazil at the Dawn of the Eighteenth Century”, é de 2012 e traz a primeira versão em língua inglesa da obra, fruto do empenho inicial do professor Charles Boxer e do professor Timothy J. Coates, que finalizou o projeto. O autor da obra, cuja identificação passou de “anônimo” a André João Antonil e, finalmente, a João Antonio Andreoni (1649-1716), um jesuíta italiano em atividade no Brasil, bem apresenta o assunto de sua empresa: a “cultura”, tomada por ele como a atividade agrícola, e a “opulência” ou riquezas passíveis de uso pela Coroa nas terras austrais. Das riquezas, as que considerou principais: o açúcar da Bahia e de Pernambuco e a mineração recém-descoberta nos antigos Cataguazes – as Minas Gerais, no século XVIII –, grandes alvos da atenção e dedicação do inaciano, e a pecuária e o tabaco, aos quais reservou breves capítulos. O trabalho de Antonil é demasiado detalhado: há, por exemplo, no capítulo intitulado “Sumário de tudo que é normalmente exportado anualmente do Brasil para Portugal e seu valor” (ANTONIL, 2012, p. 207), a demonstração “do bem que o Brasil propicia ao reino de Portugal”, colocando um sumário do que apresentara nas outras partes do texto, inclusive com indicações numéricas, de onde conclui que “listando todas as informações juntas, não deixará de atrair mais atenção” (ANTONIL, 2012, p. 207), àquilo que optara por tratar em separado. Outros tantos exemplos poderiam seguir. A obra não conheceu, porém, sucesso em seu tempo. Pouco depois de ser dada à prensa, recebeu ordem régia de que a recolhessem “logo e não se deixe correr” e, mesmo tendo passado pelo crivo censor dos peninsulares, foi então julgado que suas licenças haviam sido “dadas sem a ponderação que pede um negócio público”.1 Fosse porque “o livro ensinava o segredo do Brasil aos  brasileiros, mostrando toda a sua possança, justificando todas as suas pretensões, esclarecendo toda a sua grandeza” (ABREU, 1969, p 196), pela possibilidade de ter sido apreciada apenas pelo Tribunal do Santo Ofício (SILVA, 2011, p. 53), por ter revelado o caminho do ouro aos estrangeiros (SCHWARTZ, 2012, p. XI), pela conjuntura política de Portugal naquele início de século (LEITE, VII, p. 111-113) ou por nenhuma dessas razões, o fato é que apenas sete exemplares remanesceram da tentativa de extirpe. Após a “redescoberta”, em 1800, daquele texto inacessível, as edições, parciais, alteradas ou mais verossímeis, passaram surgir e, com elas, novas formas de se ler o período alvejado pelo irmão Andreoni. Todos esses dados podem não configurar novidade àqueles que dominam o português, tanto se consideramos o volume de reedições quanto, especialmente, quando se têm à mão exemplares bastante completos e precedidos de estudos exaustivos sobre o período e a obra, como o de Andrée Mansuy Diniz Silva – publicado na França e em Portugal (2001), reeditado pela Edusp/São Paulo (2007) e tida como “versão definitiva” do texto em francês por Stuart Schwartz. Esse leitor pode acessar com facilidade, ainda, reflexões de autores de relevo, especificamente sobre o jesuíta e sua “Cultura e opulência” ou que o abordam para dar as cores do Brasil Setecentista, como Capistriano de Abreu, Affonso E. Taunay, Sérgio Buarque de Holanda, entre tantos outros. Há que se considerar, contudo, que mesmo com a menção a Antonil em importantes estudos estrangeiros, o texto integral ainda se mantinha fora do alcance de seus entusiastas não-lusófonos. A primeira das edições na língua de Shakespeare, nesse sentido, procura trazer àqueles pesquisadores anglófonos o texto completo do jesuíta do Setecentos. Precedida de um breve prefácio do citado Professor Schwartz e uma igualmente breve introdução do tradutor final, Professor Coates, percebe-se que a preocupação de seus organizadores não rezava em rechear a edição com notas explicativas ou com um estudo mais detido sobre o conteúdo do documento. Não se caracteriza, igualmente, como uma versão fac-símile: é, pois, uma tradução que busca divulgar o texto do irmão da Companhia e, a partir das alterações que tornaram, segundo Coates, o texto inteligível ao inglês, fomentar outras pesquisas. A divisão dos capítulos e subcapítulos presente no original de 1711 foi integralmente mantida, assim como os termos que se mostraram não traduzíveis como tostões ou mascavos batidos (ANTONIL, 2012, p. 112). Apesar dessa tentativa de manter, com maior rigor possível, o texto pautado no original, a alteração do título salta aos olhos e acaba por alterar a intenção do autor primeiro; como era então corrente, Antonil oferece quase um resumo da obra no título: “Cultura e opulência do Brasil por suas drogas, e minas; com várias notícias curiosas do modo de fazer o açúcar; plantar e beneficiar o tabaco; tirar ouro das minas, e descobrir as da prata; e dos grandes emolumentos, que esta conquista da América Meridional dá ao Reino de Portugal com estes, e outros gêneros, e contratos reais”. O novo batismo do texto, algo como “O Brasil na aurora do século dezoito”, em tradução livre, acaba por excluir aquilo que pareceu tão caro ao inaciano, a saber: enumerar com cuidado quais assuntos o leitor poderia encontrar no volume, embora ressalte que esse mesmo volume, para além de falar dos quatro itens elencados pelo italiano, é um panorama sobre aquele Brasil. Se é verdade que a Coroa portuguesa viu nas linhas do jesuíta um verdadeiro mapa para as minas de ouro do Brasil, não com menor riqueza o historiador consegue vislumbrá-la. As prescrições e indicações de técnicas, caminhos e assuntos vinculados à produção, beneficiamento e comércio de gêneros aqui encontrados podem ser lidas como um verdadeiro panorama das relações sociais de outrora: através das descrições do funcionamento do engenho e dos centros mineradores, acabava por imprimir sua ótica não só da economia, mas das gentes do Brasil. Em português, francês ou inglês, a obra permanece como ponto de apoio e referência incontornável para os que se debruçam sobre a história econômica, do cotidiano, do trabalho, dos escravos...
Fonte: História (São Paulo) - Ana Carolina de Carvalho VIOTTI*  http://www.scielo.br/pdf/his/v32n1/25.pdf  - Pesquisa realizada em 03 de outrubro de 2016.

Bento do Amaral Coutinho - Capão da Traição,

Bento do Amaral Coutinho (Rio de Janeiro, c. 16501711) foi um sertanista brasileiro. Descrito como "carioca alentado, homicida e insolente", perseguido por seu envolvimento em roubo de escravos, evadiu-se para asMinas Gerais, onde participou na Guerra dos Emboabas. Em janeiro de 1709, liderando forças emboabas (mais de mil homens armados, enviados por Manuel Nunes Viana), fez quartel no arraial da Ponta do Morro, enviando expedições contra os paulistas na região. Os paulistas bateram em retirada e, perseguidos, travou-se combate às margens do rio das Mortes. Mediante promessa de garantia de vida por Bento do Amaral Coutinho, cerca de trezentos paulistas renderam-se. Entretanto, apesar da palavra dada, Coutinho chacinou os seus prisioneiros no episódio chamado de Capão da Traição, episódio que causou comoção popular, assinalando a queda de prestígio do líder emboaba Manuel Nunes Viana.
De volta ao Rio de Janeiro, combateu os piratas invasores, como herói nacional, franceses, perecendo em combate.

PIQUETE-SP - SERRA DE JAGUAMIMBABA - CAMINHO GERAL DO SERTÃO - CAMINHO DOS PAULISTA. (latitude 22º36'49" sul )

Name João de Souza Pereira "Botafogo"23,124,101,75,75,48
 Em 1560, o governador geral Mem de Sá, tendo expulsado os Franceses da Baía de Guanabara, deteve-se na Capitania de São Vicente e "providenciou para que o provedor Brás Cubas e o mineiro Luís Martins fossem ao sertão a dentro a buscar minas de outro e prata". Os sertanistas percorrem trezentas léguas de sertão em busca de outro e prata. Partindo de São Paulo e passando por Mogy das Cruzes, desceram o rio Paraíba, guiados pelos índios até a paragem de Cachoeira, onde encontraram o caminho que atravessava do litoral para a serra acima e tomando por esse caminho subiram a serra de Jaguamimbaba (Mantiqueira) , forma à barra do rio das Velhas e correram a margem do rio São Francisco até o Pará-Mirim, donde voltaram pelo mesmo caminho.  Navegando a favor da correnteza nas águas do rio Paraíba do Sul, os paulistas e outros sertanistas e aventureiros atingiam as terras de Guapacaré (atual Lorena) e transpondo o rio "antes dele encachoeirar-se ", atravessavam a garganta do Embaú, por onde se transpunha a serra da Mantiqueira e penetravam os sertões mineiros.  As expedições de João Pereira de Souza Botafogo (1596), de Martim Corrêa de Sá e Anthony Knivet (1597), de André de Leão e Wilhelm Glimmer ( 1601), Jerônimo da Veiga ( 1643), Sebastião Machado Fernandes Camacho (1645), de Fernão Dias Paes (1674), atravessaram o Vale do Paraíba, percorrendo o rio e as velhas trilhas, abrindo o chamado "caminho geral do sertão", que ligava a vila de São Paulo aos primeiros núcleos de povoamento nos sertões do Paraíba e daqui às minas dos Cataguás, de Taubaté e da Gerais.  Desde os primeiros anos do século XVII "foi esse caminho senhoreado e freqüentado pelos paulistas, tornando-se a linha de penetração mais importante do Brasil, senão na América do Sul" , até a abertura do "caminho novo de Garcia Rodrigues ", que ligou, diretamente, Rio de Janeiro às Minas Gerais.http://martin.romano.org/ps05/ps05_394.htm
  Serra de Jaguamimbaba (Mantiqueira) - Piquete-SP
Nota: Alto da Serra da Mantiqueira, espaço colonial de Piquete-SP onde encontraram o caminho, após atravessar do litoral para a serra acima e tomando por esse caminho subiram a serra de Jaguamimbaba (Mantiqueira), passando a fronteira, entrando pelo Municipio de Marmelópolis-MG, em conformidade com o Mapa. (grifos meu).

A última década do século XVI, descobrimentos dos Afonsos Sardinhas de Ouro de lavagem nas serras de Jaguamimbaba (Mantiqueira) - (Transcrição)


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A última década do século XVI foi marcada pelos descobrimentos dos Afonsos Sardinhas, pai e filho homônimos, na capitania de São Vicente. Fruto de várias diligências em busca de gentios, esses sertanistas descobriram ouro de lavagem nas serras de Jaguamimbaba (Mantiqueira) e de Jaraguá (cercanias de São Paulo); além de ouro, prata e ferro nas serras de Ivuturuna (em Parnaíba) e na de Birácoyaba (no sertão do rio Sorocaba)61. Esses sertanistas tiveram como companheiro em suas jornadas o mineiro Clemente Álvares, experiente na fundição de metais. Com a notícia dessas explorações, em 1598, D. Francisco de Souza nomeou Diogo Gonçalves Laço para capitão da vila de São Paulo e “administrador das minas de ouro, prata e metais descobertas e por se descobrirem”. Para acompanhar essa autoridade no trabalho das minas, também foram enviados dois “mineiros experimentados”, os espanhóis Gaspar Gomes Mualho –despachado como meirinho das minas das capitanias do sul – e Miguel Pinheiro de Azurara, além do fundidor Domingos Rodrigues62. Inicialmente, estes descobrimentos pareciam se fazer promissores, pois D. Francisco chegou a São Paulo em 1599, trazendo consigo uma comitiva composta por uma companhia de soldados e infantes, além de homens práticos na mineração, entre eles o mineiro alemão por nome “Jacques Palte”, o engenheiro também alemão, “Geraldo Betting”, e o mineiro e engenheiro italiano, Baccio de Filicaya63. Antes, porém, de se dirigir à capitania de São Vicente, passou pelo Espírito Santo, de onde mandou uma tropa comandada por Diogo Gonçalves Laço para sondar as minas de prata na serra de Monte Álvaro. Também de Vitória, despachou 200 índios, sob o comando do capitão Diogo Arias Aguirre (natural da Nova Espanha), para trabalharem nas minas dos arredores de São Paulo64. Dando continuidade ao seu empreendimento, estando já em São Paulo, D. Francisco dirigiu-se às explorações da serra de Araçoiaba, junto à fábrica de ferro do Ipanema, “e aí no local chamado a ‘Fabrica Velha’, no vale das Furnas, onde Afonso Sardinha (o moço) tinha já um forno catalão de fundir ferro, lançou o fundamento de uma vila, com o nome de Nossa Senhora de Monserrate”65. Em fevereiro de 1601, expediu um bando por meio do qual ordenava aos mineradores do local o pagamento do quinto real sobre o ouro que extraíssem. Por essa época, visitou também as minas de Jaraguá e Ivuturuna para dar andamento às explorações. Além disso, entre outras expedições menores, fez partir duas de maior porte aos sertões. A comandada por André de Leão partiu no mesmo ano de 1601 em busca de minas de prata e dela teria participado como mineiro prático o holandês Wilhelm Jost ten Glimmer66. Em 1602, partiu a de Nicolau Barreto, destinada a “penetrar o território do Peru... pois todo o continente então se achava sob o domínio do mesmo soberano”67. Com todas essas medidas, claramente se observam as reais intenções do Governador nas palavras de John Monteiro: Em seu projeto, d. Francisco propunha articular os setores de mineração, agricultura e indústria, todos sustentados por uma sólida base de trabalhadores indígenas. O modelo proposto inspirava-se, talvez, naquele em pleno desenvolvimento na América espanhola, onde as massas indígenas, no movimento conjugado de empresas mineradoras e agrícolas, geravam grandes fortunas entre os colonos espanhóis, engordando igualmente os cofres do Reino. [...] De fato, entre 1599, quando chegou a São Paulo, e 1611, quando faleceu, D. Francisco de Souza autorizou e mesmo patrocinou diversas viagens em demandas de minas e de índios68. D. Francisco de Souza se deteve no Brasil até o ano de 1602, quando chegou à Bahia Diogo Botelho, seu sucessor no governo-geral do Estado. Mas suas ações no sentido de desenvolver as minas não se encerraram tão prontamente. Em Madrid, D. Francisco passou a negociar seu retorno, o que de fato ocorreu mais tarde, em 1609, quando voltou para ocupar o  cargo de governador e administrador das minas da Repartição Sul.
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Fonte: Entre Faisqueiras, Catas e Galerias: Exploração do ouro, leis e cotidiano das Minas do Séclo XVIII  (1702/1762) Flávia Maria da Mata Reis - Belo Horizonte - Faculdade de Filosofia e Ciência Humana do UFMG. - Pesquisa realizada no dia 25 de Setembro de 2016. 
 Serra da Mantiqueira - Ao fundo Pico do Meia Lua.
 Nota: "Em 1560, o governador geral Mem de Sá, tendo expulsado os Franceses da Baía de Guanabara, deteve-se na Capitania de São Vicente e "providenciou para que o provedor Brás Cubas e o mineiro Luís Martins fossem ao sertão a dentro a buscar minas de outro e prata". Os sertanistas percorrem trezentas léguas de sertão em busca de outro e prata. Partindo de São Paulo e passando por Mogy das Cruzes, desceram o rio Paraíba, guiados pelos índios até a paragem de Cachoeira, onde encontraram o caminho que atravessava do litoral para a serra acima e tomando por esse caminho subiram a serra de Jaguamimbaba (Mantiqueira), forma à barra do rio das Velhas e correram a margem do rio São Francisco até o Pará-Mirim, donde voltaram pelo mesmo caminho." Fonte: http://martin.romano.org/ps05/ps05_394.htm

sábado, 24 de setembro de 2016

SESMARIA - Cruzeiro, o Quilombo das Luzes (Transcrição)

ESCLARECIMENTOS
Prezado leitor, o século XVIII - anos 700 - é chamado o Século das Luzes. Isto, porque foi nesse período que o saber se rebelou contra o obscurantismo despótico da Igreja Católica, através do chamado Enciclopedismo e, depois, do Iluminismo que desaguariam politicamente na Independência dos Estados Unidos da América e na Revolução Francesa. Para o Brasil, no entanto, este é o Século da Escuridão. Sobre a História do Brasil desse período, muito pouco se sabe. Esse muito pouco, além disto, foi propositadamente distorcido por historiadores do final do século XIX até meados do século XX, quando a historiografia brasileira quis apagar alguns fatos passados e retocar outros que escolheu para compor uma iconografia que atendesse aos interesses vigentes. Entre os anos de 1720 a 1788/1792, por exemplo, há um buraco negro de 68 anos, como se nada de importante tivesse acontecido nesse período. Nesse período, no entanto, há acontecimentos importantíssimos, que estão nas bases de nossa Identidade Nacional, a exemplo de: a) foi nesse período, 1734 a 1750, que vigorou o sistema tributário da Capitação, estercando de cadáveres as Capitanias de Minas Gerais e Goiás; b) foi nesse período que os portugueses das Minas Gerais, através do genocida Gomes Freire de Andrada, destruíram a Capitania de São Paulo, 1748 a 1763; c) foi nesse período que Gomes Freire de Andrada, juntamente com espanhóis, praticou no Sul o grande genocídio contra os guaranis aldeados por jesuítas; d) foi nesse período que a Companhia de Jesus foi extinta no Brasil e no mundo, sendo os jesuítas expulsos do Brasil em 1759; e) foi nesse período que Gomes Freire e seu irmão Freire de Andrade praticaram, nas Minas Gerais, o maior genocídio da América do Sul, exterminando pretos forros, brancos pobres e paulistas dissidentes, escondendo os números do morticínio e alegando que atacara e destruíra a uns poucos quilombos; f) foi nesse período que o Brasil, que até então falava a Língua Geral, passou a falar a língua portuguesa. Sobre a Sociologia brasileira, dois fatores há a considerar. a) A principal fonte de premissas da Sociologia é a História; no entanto, nenhum dos fatos supracitados foi levando em conta pelos nossos sociólogos, mesmo porque, a maioria praticamente olvidou o Século XVIII e pouca ou nenhuma importância deu à Descoberta do Ouro e ao surgimento da Capitania das Minas Gerais na formação do patronato político e da identidade nacional; b) em regra, nossos sociólogos NÃO buscaram fontes primárias e NEM sistematizaram dados do Século XVIII, trabalhando, a maioria, apenas com a fraca e tendenciosa historiografia nacional à luz de impertinente bibliografia estrangeira, produzindo obras que, na verdade, são meras crônicas infundadas, feitas para “inglês ver”, em busca de projeção de seus próprios nomes em academias estrangeiras. Exemplos: Gilberto Freire, Sérgio Buarque de Holanda, Raymundo Faoro etc. Sobre o romance brasileiro de época, a grande maioria aborda apenas e tão somente o Século XIX. Alguns fazem estranhos e obscuros retrospectos ao final do século XVIII, retornando a meados do Século XIX, onde, realmente se desenvolve a trama principal. O Século XVIII é mesmo o Século da Escuridão, também para o romance brasileiro. Podem se contar nos dedos os romances de época do Século XVIII. Há um pouco mais de cinco, mas não chegam a dez, os romances cujos fatos ocorrem mesmo nos anos 700. Exemplos: 1) Daniela e os Invasores, de Dinah Silveira de Queiroz; 2) Chico Rei, de Agripa de Vasconcelos; 3) Xica da Silva, ultima versão de João Felício dos Santos; 4) O Retrato do Rei, de Ana de Miranda, 5) Confidências de um Inconfidente, de Marilusa Moreira de Vasoncelos; e uns poucos mais. O presente “SESMARIA”, com o subtítulo “Cruzeiro, o Quilombo das Luzes” tem como objetivo revelar ao leitor como eram, realmente, as Minas Gerais dos anos 700; denunciar a falsidade de nossa historiografia oficial; denunciar hediondos genocídios praticados pelo colonizador e pelas elites-genéticas brasileiras dali emergentes. É fruto de vinte anos de pesquisa a fontes bibliográficas, mas, principalmente, a fontes primárias nos arquivos judiciários, administrativos e eclesiásticos de Minas Gerais e São Paulo. É fruto de pesquisa geográfica em cerca de trinta cidades mineiras e, sociológica, junto à população urbana e rural dessas mesmas cidades. Por isto, se o prezado leitor vislumbrar fatos, conceitos e formas “diferentes” das que conhece, não os estranhe e nem os irreleve... pense. Use o glossário existente ao final do livro. A fundamentação HISTÓRICA do presente romance é documentada nas obras paradidáticas intituladas “Quilombo do Campo Grande – A História de Minas Roubada do Povo” e "Moema - As Origens do Povoado do Doce", do mesmo autor, publicadas em 1995 e 1987. Vide http://tjmar.sites.uol.com.br . O narrador dos fatos, neste romance, o “Escriba Maldito”, foi formatado como um cronista do próprio Século XVIII. Evidentemente seu vocabulário é arcaico, seu “estilo” é o da época. Vide, por exemplo “Cultura e Opulência do Brasil”, do Pe. Antonil; “Notícias das Minas de São Paulo e dos Sertões da Mesma Capitania”, de Pedro Taques de Almeida Paes Leme; “Geografia Histórica da Capitania de Minas Gerais”, de José Joaquim da Rocha; “Relatos Sertanistas” e “Relatos Monçoeiros” de Afonso de E. Taunay; “Instrucção para o Governo da Capitania de Minas Gerais”, de José João Teixeira Coelho; etc. Além das fontes supracitadas, o narrador buscou seus maneirismos também na leitura de milhares de textos antigos, onde se sobressaem os depoimentos de pessoas em devassas eclesiásticas, querelas, libelos e processos civis e criminais. Mas não ficou por aí, a formação do vocabulário e do estilo do “Escriba Maldito” e de seus personagens. Todos os dados obtidos nas fontes antigas foram estudados e comparados com o linguajar atual das pessoas, mormente pessoas idosas, gente da roça e pretos da região. Essa gente não fala errado, como pensam nossos “gramatiqueiros”; fala um português arcaico enriquecido por vocábulos advindos da língua geral e de línguas bantu. Esse verdadeiro tesouro cultural e sociológico não pode se perder. Em caso de dúvida, consulte o glossário existente ao final do livro. Enfim, também os fatos e a trama são totalmente verossimilhantes. Mesmo os poucos “efeitos especiais”, aparentemente criados, não o foram. Foram colhidos dos causos e crendices populares da própria região. Nenhum personagem foi “criado”; todos foram colhidos e, no máximo, compostos, aqui e ali das narrativas, processos e depoimentos encontrados nos arquivos mineiros e paulistas. A aparente prolixidade do narrador, dentro do contexto do projeto, é maneirismo necessário e fundamental. Primeiro porque o estilo predominante no Século XVIII é esse mesmo, prolixo e gostosamente redundante. Segundo, porque, na maioria dos casos, esta redundância favorece o entendimento do leitor, mesmo que haja na frase vocábulos de que não conheça o significado ou o emprego. Essa mesma aparente prolixidade ou redundância, no que concerne a descrição de roupas, comida, festas e armas utilizadas pelos personagens, foi muito mais que necessária. Caso, algum dia, esse livro venha a se transformar em imagem, espera, o autor, não ver seus personagens usando, simultaneamente, roupas dos séculos XVI, XVII e XIX, num verdadeiro “samba histórico do crioulo doido”, como sói acontecer em nossos filmes e novelas. E, muito menos, usando garruchões e espingardas de dois canos com ignição a espoleta, mesmo porque, a espoleta só seria inventada em 1804, na Europa. Por outro lado, as armas com ignição a pavio deixaram de ser usadas no final do século XVI.Também sobre isto, o autor muito pesquisou em fontes bibliográficas e primárias. Consigne-se, por fim, que a geografia de locais e vilas descritos no romance são reais, pois o autor visitou e fotografou todos os locais que descreve. Também a toponímia, além de real, é aquela que vigorava na época, cujos nomes foram extraídos de mapas e plantas urbanas das vilas descritas. Aliás, até o calendário – ano, mês e dia da semana – é real, pois o autor sempre os teve em mãos. Espera-se que, um dia, o leitor possa visitar os locais descritos no presente livro. Parece que Minas Gerais está acordando, também, para o turismo. Fonte: http://www.tjmar.adv.br/sesmaria.htm

"A CASA GRANDE SURTA QUANDO A SENZALA APRENDE A LER" - "SENZALA NUNCA MAIS" - "ALERTA AOS GENOCIDAS" (Transcrição)

"Está é uma das histórias que as penas e a tintas azuis jamais contaram ou, antes procuraram sempre esconder"
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A tirania e a opressão por parte dos que governam esta Capitania  devem ser motivo de preocupação, mas não devem as rebeliões de  negros ser  razões para medo ou incertezas. El-Rei haverá de olhar por esta Capitania e  pôr cobro aos desmandos, sem o que se alevantaria a gente branca de boa cepa e escreveria com sangue a sua independência. Quanto à gentalha em  geral, dando-se tempo ao tempo, tudo se controlará, como sempre, pois, perigo só o haveria se viessem a se constituir  num povo ou nação, o que jamais ocorrerá. Um povo, para surgir como nação, mister é que se una num  passado comum e que tenha suas leis, tradições e heróis para cultuar. Mister é que tenha uma História. Esta, no entanto, só os que têm as luzes do saber é que podem escrever, preservar e cultuar. A oralidade é corrente que pode ser  facilmente quebrada e os mortos não rememoram seus feitos. Os brancos, nesta Capitania e no mundo, são os que estas luzes possuem e, por isto, as outras raças dominam, como Deus assim o determinou sempre. Portanto, deve haver preocupação e providências, mas não há razão para o temor. A intrínseca superioridade branca é inabalável. A própria anatomia dos negros, como têm demonstrado as ciências, circunscreveu-lhes um cérebro muito inferior, o que explica sua natural boçalidade. Os  pardos, caribocas e outras mestiçagens de negros, concentram algum perigo na metade branca que têm, mas, esta, pode ser perfeitamente anulada pela outra  parte negra e boçal que possuem, bastando que se-lhes encaminhe a soberba,  dando-lhes encargos e empregos, mormente no combate à própria gentalha e aos negros, em troca de muitos títulos e pouco ouro, fomentando-lhes sempre  a vaidade. A gentalha sem nome, como a boa prática tem recomendado, não deve ser muito oprimida e nem favorecida e sim, de uma forma lenta e gradual, engajada em postos de meios comandos de  trabalhos, serventias e ordens; o mesmo se pode praticar com os pardos mais claros e com os paulistas. Para que se não perca a ordem das coisas é preciso não descuidar e manter controle sobre as luzes do saber. Estas, se mal distribuídas, podem  ser faca de dois gumes.  Assim como há os símios e outros animais a quem Deus privilegia no aprender aos truques e meneios, *conhecem-se casos de negros que conseguem aprender a ler e a escrever. Isto é um grande perigo e devia ser obstado com um maior rigor,  não se permitindo que as luzes do saber viessem a chegar nem mesmo à gentalha branca e aos  mulatos, pois estes, por chiste ou galhofa, poderiam delas dar rudimentos aos negros e, alguns destes, por eventuais desvios da natureza, poderiam  conseguir assimilá-las tornando-se insolentes e perniciosos ao convívio com os de sua raça e escravaria. Caso escandaloso da espécie se teve exemplo há poucos anos na Real Cidade de Mariana. Um velho padre e professor do Seminário Episcopal da dita cidade alugara por jornal a seu dono, um crioulo, moleque dos seus vinte anos, a quem, para melhor cômodo, passou a utilizar como criado particular e bedel. Em pouco menos de um ano, o negrinho surpreendeu a todos e demonstrou que tinha aprendido, com maior proveito que os alunos, todas as lições de primeiras letras, o ler e o escrever correntemente. Outros  professores, padres incautos, por curiosidade ou por divertimento, cometeram o erro de introduzir aquele  negro - que sem dúvida era um desvio da natureza  - ao aprendizado da língua latina, da filosofia,  da teologia e da moral. Em  menos de dois anos, o dito negro, favorecido pelo demônio, já explanava e discutia com os professores as ciências em que estes eram mestres, distorcendo-as e corrompendo os alunos com idéias escandalosas semelhantes à lepra hebraica. O demônio prosseguiu em sua obra. O dono do negro, arruinado e sem outros ganhos a não ser o mirrado  jornal que pelo escravo recebia do padre, tirou-lhe o  negro e o alugou a um advogado. Este advogado, apesar de  viúvo e padre, era um tratante, falseador de papéis de processos e terras,  mentiroso, lascivo e corrupto. Com ele,  o dito crioulo terminou seu aprendizado mal dito, tornando-se rábula mordaz e finório, rato de cartório e repartição, e falseador hábil de escritos e papéis. Certo dia, a mando do dito advogado, falsificou recibo onde, por escritos e assinatura, seu dono o entregava à propriedade do  dito tratante, em pagamento de honorário e  mezinhas. Seu dono, doente e troncho na cama, ficou sem nada e morreu na  miséria. O castigo, às vezes, vem a cavalo. Dito padre - advogado era mesmo um  birbante e o  negro conheceu de todas as suas patifarias. Um dia não tardou em que dito crioulo falseou os escritos e a assinatura do dito advogado em um documento de manumissão e em outros necessários que fez registrar em câmara e cartório daquela real cidade. Fugiu, deixando a seu mestre de falcatruas uma carta, onde o informava de  que estava levando consigo diversos papéis que faziam sobejas provas de suas velhacarias e que, caso fosse procurado ou preso, entregaria incontinenti tais documentos aos oficiais que o amarrassem. Assim, ganhou sua liberdade o  negro, em prejuízo de todos aqueles que, sem nenhum temor a Deus, ousaram praticar ato tão hediondo e perigoso, como é o ensinar a ler a um negro. Este negro é, hoje, um dos facinorosos mais perigosos desta  Capitania. Inicialmente, após ter fugido de Mariana, viveu de quilombo em quilombo e tornou-se comparsa festejado de toda a canalhada. Apesar de letrado, fez-se, como todo negro que se vê longe do castigo, absoluto e sanguinário, mas o perigo maior que representa está em seus beiços e língua, pelos quais há um prêmio de trezentas oitavas de ouro, a quem lhos cortar. Por isto, deram-lhe o alcunha de O Beiçado. Por onde passa, introduz-se em meio à escravaria, a quem bate os beiços e solta da língua maldita palavras  corruptas como a lepra hebraica, fazendo perderem-se legiões de escravos que fogem de seus senhores e vão para os quilombos por ele indicados. Até mesmo aos pretos forros e à gentalha branca tem contaminado, enchendo-lhes os corações de revolta e sublevação contra El-Rei.

"Porque não há coisa oculta que não venha a manifestar-se nem escondida que não se saiba e venha à luz" (2)

QUILOMBO DO CAMPO GRANDE HISTÓRIA  DE MINAS QUE SE DEVOLVE AO POVO15 (Trascrição)
RAZÕES PARA RECONTAR ESTA HISTÓRIA
“Um povo, para surgir como nação, mister é que se una  num  passado  comum e que tenha suas leis, tradições e heróis para cultuar. Mister é que tenha  uma história. Esta, no entanto, só os que têm as luzes do saber é que a podem  escrever, preservar e cultuar. Os mortos  - mesmo os heróis - não rememoram os seus feitos e a oralidade é corrente que pode ser facilmente quebrada. Por isto é que os brancos, nesta capitania e no mundo, sendo os que estas luzes possuem, às outras raças dominam, como Deus assim o determinou, sempre. A intrínseca  superioridade branca é inabalável.  A própria anatomia dos negros, como o têm  revelado as ciências, circunscreveu - lhes um cérebro muito inferior, o que explica  a sua natural boçalidade.  As rebeliões, revoltas e sublevações de pretos e gentalhas não haverão de  manchar a história desta terra. As cítaras e as penas haverão de cantar e escrever somente os gloriosos feitos e conquistas dos homens-bons, legando ao esquecimento os infelizes sucessos que, neste século, atribulam estas Minas. O passar  do tempo, os castigos justos,  a ausência de luzes e a vida curta haverão de encaminhar esta gentalha e pretos à pacífica servidão e aquiescência ao generoso domínio de el-rei, cuja magnanimidade outras coisas não quer a não ser o bem  comum e a salvação dessas miseráveis almas para o reino de Deus, por intercessão da Santa Madre Igreja e de seus Santos”2. Assim prescreveram os cronistas da século XVIII, e assim escreveram e ainda escrevem - os arautos do poder constituído incumbidos de esconder ao povo a verdade e de roubar-lhe o rosto ante passado e a própria história. Fritz Teixeira Salles, no entanto, em “Vila Rica do Pilar”, ousou registrar: “A longa história dos quilombos de Minas, talvez a maior e mais bela epopéia dos sertões brasileiros, não raro apresentando certos aspectos que revelam o barbarismo dos brancos e o primitivismo dos negros, espera o seu grande historiador”3.  As penas dos grandes historiadores, no entanto, por jornal ou por erro,
continuam bastante ocupadas somente com os assuntos de maior interesse dos  homens-bons. Assim, tentarei eu mesmo  - apesar de gentalha ou bode 4 - glosar - lhes certos feitos históricos e contar um pouco da História do povo, a qual sempre quiseram esconder. Caro Leitor: 
                            “VERITAS QUAE SERA TAMEN”              LIBERTE-SE.

domingo, 18 de setembro de 2016

ECOS EM SÃO PAULO DA GUERRA DOS EMBOABAS. (Transcrição)

Capítulo XV
ECOS EM SÃO PAULO DA GUERRA DOS EMBOABAS. ORGANIZAÇÃO DA COLUNA DE AMADOR BUENO DA VEIGA VINGADORA DO MORTICÍNIO DO CAPÃO DA TRAIÇÃO. MALOGRO DESTA EXPEDIÇÃO. A HÁBIL POLÍTICA DE ANTÔNIO DE ALBUQUERQUE COELHO DE CARVALHO. PACIFICAÇÃO DOS ESPÍRITOS. A CRIAÇÃO DA CAPITANIA DE SÃO PAULO E MINAS DO OURO. ELEVAÇÃO DE SÃO PAULO A CIDADE CAPITAL
A TENSÃO de relações entre paulistas e emboabas reflete-se nítida nas Atas da Câmara de São Paulo e pela primeira vez em fins de 1707.
Os primeiros ecos nos acontecimentos sanguinolentos das Minas Gerais ressoam nas Atas a 15 de fevereiro de 1709. Lança a Câmara Paulistana alto brado de solidariedade, em solene e orgulhosa atestação dos direitos de sua gente sobre aquele território “nossa conquista”.
Apelava para o veredicto de uma assembléia popular.
Foi então que “a instância e requerimento no Povo, todos universalmente e todos por uma voz, elegeram por cabo universal para qualquer invasão e defensa da pátria, bem comum dela e sua conservação ao Capitão Amador Bueno da Veyga, a quem haviam de obedecer como a seu cabo maior em tudo o que fosse em prol do que assim ficava dito”.
Cento e dezessete cidadãos acompanharam a Câmara. A assinatura de Amador Bueno da Veiga, o eleito Cabo Maior, foi a primeira que surgiu após as dos oficiais.
A ela se seguiram as de muitos homens notáveis do bandeirantismo.
Curiosas as declarações restritivas de dois personagens da mais alta importância, em uma república: Pedro Taques de Almeida que declarou “assino constrangido” e Manuel Bueno da Fonseca que ainda mais longe foi: “Assino constrangido e molestado”.
Quatro meses decorreram antes de se porem os paulistas em marcha para o revide do morticínio no Capão da Traição.
Interessante a declaração que Amador Bueno da Veiga deixou perante os camaristas. À expedição qualificava de “viagem para as Minas por bem da pátria”.
A 24 de agosto clamou a câmara à sua presença o Cabo Maior e fez-lhe observações graves. Levaram estas o caudilho a compromissos sérios, tendentes a demonstrar que acima de tudo eram os paulistas leais vassalos de Sua Majestade.
Sabedor no que ocorria com São Paulo alvoroçou-se o recém-nomeado Capitão-General Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, a quem incumbira D. João V a pacificação na zona mineira. Empossado do governo, a 11 de junho de 1709, no Rio de Janeiro, partiu imediatamente para as Minas. Ali, como se sabe, obteve a submissão de Nunes Viana, excluído, aliás, da anistia régia, indo então a São Paulo, a ver se conseguia aplacar a justa ira dos paulistas.
Foi então que em Guaratinguetá encontrou acampado o corpo de exército de Amador Bueno da Veiga.
Não conseguindo desarmar os paulistas, e receoso de desacato, retirou-se para o Rio de Janeiro. Fracassou, porém, como tanto é sabido, a campanha de Amador Bueno ante a resistência dos emboabas assediados no Rio das Mortes mais tarde São João d’El-Rei. Hábil político de largas vistas começou Albuquerque a entabolar negociações com a Câmara de São Paulo a quem enviou um retrato de D. João V.
Era El-Rei que, embora em efígie, visitava os seus bons vassalos.
Assegurava-lhes anistia geral e proteção, para que no território mineiro, por eles descoberto, garantias houvesse, plenas, para todos os súditos da Monarquia.

A 22 de agosto escrevia D. João V ao seu delegado longa carta sobre a guerra dos Emboabas e seu feliz término.
Como complemento deste notável documento, a 8 de novembro de 1709, surgia a carta régia, criando a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, autônoma, desligada do governo fluminense. E dela era provido Antônio de Albuquerque.
Com muito tato procurou o hábil e prudente delegado régio atrair a boa vontade dos seus jurisdicionados de suspeitosa fidelidade.
Nada mais brando nem mais político do que a carta que, a 26 de fevereiro de 1710, endereçou à Câmara de São Paulo, enchendo-a de promessas da mais elevada tolerância.
A 12 de junho de 1710 era novamente empossado, agora solenemente, em São Paulo, onde a Câmara tomara providências especiais para a sua recepção. Festa extraordinária devia ser esta. Chegado Albuquerque, os paulistanos o receberam com grandes demonstrações de júbilo e deferência.
Não tardou que convocasse junta geral de satisfação a estes bons e leais vassalos.
E deste meeting soleníssimo se fez não menos solene auto declarando que os convocados haviam, com toda atenção e obediência de verdadeiros vassalos, convindo uniformemente que a vista de S. Majestade se ter dignado de querer dar nova forma de governo, “a esta Conquista para reparo da atenuação dela ocasionada com as inquietações das minas, e sua alteração, não podiam duvidar em obedecer ao dito Senhor e em continuarem o mesmo Comércio, e continuação às minas, e sua assistência, na certeza de que se conservaram as que nelas assistiam, com justiça, e sem vexação alguma ocasionada pelos forasteiros”.
Depois desta ressalva essencial assentou-se que de forma alguma seria inquietado o livre trânsito dos paulistas que da região mineira quisessem voltar às suas terras.
“Pareceu uniformemente a assembléia que se devia representar a S. Majestade a pouca, ou nenhuma observância que tinham as suas reais ordens expedidas para o sal, desobedecidas pelos contratadores”.
Além da carência do fornecimento havia a vergonhosa exploração dos povos pelos monopolistas, insaciáveis escorchadores.
Assim procurasse o Governador conseguir que fossem algumas sumacas de Santos a buscar o gênero onde quer que o achassem, a fim de ser vendido por preços justos e acomodados. Para remédio de tão grande dano, permitisse e ordenasse S. Majestade navegassem diretamente do Reino para Santos dois navios, carregados de sal, anualmente.
Esperava a Junta, da real grandeza de Sua Majestade, fosse servido mandar considerar os danos que se seguiam dos muitos caminhos abertos para as minas. Não só pelo que daí resultava como descaminho dos reais quintos, como de por eles se introduzirem pessoas prejudiciais. Assim se deveria trancar o Caminho Novo para o Rio de Janeiro para que só o de São Paulo existisse como sucedia quando principiara a lavra das minas.
“E da mesma sorte pedia desde logo a S. Majestade que Deus guardasse e lhe seria proposto pela Câmara desta vila a justa razão com que merecia que S. Majestade a autorização com a mercê de lhe fazer Cidade desta dita vila.”
“E, quando possível fosse, dar-lhe também Bispo, pois a distância em que viviam os do Rio de Janeiro, e as dificuldades que lhe ofereceram sempre para virem visitar estas suas ovelhas as tinha posto na maior necessidade e falta.”
Respondeu Albuquerque, que tudo envidaria a fim de que as suas ações correspondessem à obrigação em que se achava de amparar e favorecer os povos de São Paulo conservando-os pacíficos como S. Majestade lhe ordenava, pois fiava de todos eles que soubessem assim merecer.
Entendeu o sensato delegado régio de ótimo alvitre pleitear estas pretensões junto ao monarca. 
 Grande domínio exerceu, embora de longe, sobre os seus governados, sendo os provimentos que fez das maiores autoridades da capitania acatados com a máxima deferência.
Afinal, a 11 de julho de 1711, surgiu a nova carta régia. Passava São Paulo a condecorar-se com o título de cidade! Mas quanto à sua elevação a diocese El-Rei contemporizava! Tratava-se de pagar! e como pagadores os Senhores Reis mostravam-se sobremodo timoratos.
Eis o teor do documento de agraciamento do título de cidade a São Paulo: “Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho – Amigo – Eu El-Rei vos envio muito saudar.
“Havendo visto a proposta dos oficiais da câmara da vila de São Paulo, e o que sobre ela me escrevestes, principalmente a em que me pedem se lhe dê o nome de cidade à vila e Igreja Catedral com bispo, fui servido por haver por bem que a vila de São Paulo tenha o nome e título de cidade. E assim vos ordeno o façais praticar e publicar, mandando registrar esta minha ordem nos livros da Secretaria desse Governo e Senado da Câmara e partes aonde convier. E sobre a concessão da Catedral e bispo, me pareceu ordenar-vos me informeis do número de famílias que há nessa vila e nos mais da terra e gente das minas e donde poderá sair à despesa que se há de fazer com a nova Sé e côngrua do bispo e cônegos.”
Aliás com esta decisão pagava El-Rei em palavras um pouco da grande dívida que dizia haver contraído para com os paulistas. A 2 de março de 1711 ordenava a Antônio de Albuquerque agradecesse à Câmara de São Paulo “o amor e empenho” que haviam demonstrado quando do assalto de Duclerc ao Rio de Janeiro.
Verificava-se a velha aspiração paulistana tão legítima e contrariada em fins do século XVII pela relutância, não menos legítima, mas desarrazoada, dos vicentinos.
Daí em diante jamais esqueceram os escrivães de lançar a indicação: “Em a casa do Senado da Câmara.” E realmente elevada São Paulo a cidade, passava o Conselho vilarejo a nobre Senado.
Com a entrada do governo dos delegados Régios, munidos de tão latos poderes, obumbrar-se-ia a velha e soberba autonomia municipal paulistana.
Indo para as Minas Gerais o Capitão-General, entendeu a Câmara de São Paulo, a 4 de julho de 1712, provocar do Rei, formal explicação.
Seria realmente a sua cidade a capital da Capitania Geral de São Paulo e Minas do Ouro?
Esta o Rei lha deu por carta a 16 de dezembro do mesmo 1712, esquecendo-se, porém, que já elevara a vila a cidade: “Pareceu-me dizer-vos que a assistência dos governadores há de ser nessa vila de São Paulo, como cabeça principal dessa capitania, porém, isto não tira que ele possa ir a todas aquelas terras, e partes, que a necessidade o pedir e for mais do seu serviço.”
Foi um ato de prudência e providência este do Senado paulistano estabelecer a praxe de que a cerimônia de posse dos eventuais sucessores de Albuquerque ocorreria sempre em São Paulo.
Assim se deu com os seus substitutos imediatos, D. Brás Baltasar da Silveira, em 1713, e D. Pedro de Almeida Portugal, Conde de Açumar, em 1717. 
Fonte:História da Cidade de São Paulo, de Afonso d’Escragnolle Taunay http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/_documents/0006-01759.html#xix







GOMES FREIRE DE ANDRADA E SEU IMPERIALISMO. (Transcrição)

Capítulo XIX
GOMES FREIRE DE ANDRADA E SEU IMPERIALISMO. GOVERNO DE DOM LUÍS DE MASCARENHAS. CRIAÇÃO DA DIOCESE PAULOPOLITANA. LUTA ENTRE GOMES FREIRE E O CONDE D’ALVA. EXTINÇÃO DA CAPITANIA DE SÃO PAULO PELO ALVARÁ DE 9 DE MAIO DE 1748. PROTESTOS DA CÂMARA DE SÃO PAULO. A PERSEGUIÇÃO DE POMBAL À COMPANHIA DE JESUS. EXPULSÃO DOS JESUÍTAS DE SÃO PAULO E DO BRASIL
A12 DE FEVEREIRO de 1739 empossou-se do Governo de São Paulo o oitavo Capitão-General, D. Luís de Mascarenhas, futuro Conde d’Alva e Vice-Rei da Índia, grande fidalgo da Corte de D. João V.

Como é de sobra sabido tentaram em 1735 e 1736 os espanhóis de Buenos Aires apossar-se da Colônia do Sacramento havendo sido heroicamente repelido pelo bravo Antônio Pedro de Vasconcelos.
A este ilustre militar restaria inestimáveis serviços de retaguarda a energia, decisão e capacidade de Gomes Freire.
Enorme o prestígio perante o Trono que de tal feto lhe adveio.
Concluída a paz entre as duas Coroas, em março de 1737, tratou Gomes Freire de promover a estabilização da posse de sua nação com a fundação de São Pedro do Rio Grande do Sul por José da Silva Pais.
Vira com maus olhos a nomeação de D. Luís de Mascarenhas que, obedecendo, imediatamente, às ordens régias partira para Goiás onde, a 25 de julho de 1739, fundara Vila Boa de Goiás no antigo arraial de Sant’Ana.
Foi aí que o novo Capitão-General deu as mostras de nobreza do caráter e elevação de espírito, que tanto enaltecem a memória, mandando que a Provedoria da Real Fazenda entregasse ao Anhangüera quatro mil oitavas de ouro ou cerca de seis contos de réis. Era uma parcela do ajuste de contas entre os cofres públicos e os descobridores de Goiás pela cobrança das passagens dos rios das quais já havia o fisco arrecadado muito maior quantia. Praticou o futuro Conde d’Alva ato absolutamente inédito nos fastos brasileiros e ato, aliás, condenado pelo monarca.
Durante pouco mais de nove anos governou a capitania num período de profunda paz interna e sob normas muito mais humanas do que as dos seus antecessores.
Coube-lhe presidir a instauração da diocese paulistana criada a 6 de dezembro de 1745 pelo sumo Pontífice Bento XIV com a expedição da bula Candor lucis aeternae.
A 8 de dezembro de 1746 fazia o primeiro bispo de São Paulo D. Bernardo Rodrigues Nogueira entrada solene na sua cidade episcopal, cujo sólio ocuparia, aliás, por breve prazo pois viria a falecer a 7 de novembro de 1748.
De si deixaria a lembrança de prelado sobremodo virtuoso, cheio de intenções elevadas e iniciativas civilizadoras.
Incansável e surda luta desde muito movia Gomes Freire a Mascarenhas. Dispondo da mais considerável influência na Corte conseguiu que parte da proposta da Junta de 1735 obtivesse o placet régio. Daí os alvarás de 1744 criando as capitanias de Cuiabá e de Goiás, que subtraíam de São Paulo imenso território, atos confirmados, definitivamente, por outros de 9 de maio de 1748.
Já em 1738 advogara perante a Corte a entrega ao Governo do Rio de Janeiro, de toda a marinha paulista.
Em 1743 e a propósito de demarcação das fronteiras dos territórios paulista e mineiro sérios atritos mantiveram com o seu colega imediato do Sul.
Esta demarcação, a mais arbitrária, aliás, assustava notavelmente os paulistanos, pois a linha divisória, pretendida pelos mineiros, visava subtrair territórios da maior importância para a vida econômica de sua cidade, como o de Atibaia.
Em 1746 a tensão das relações entre Gomes Freire e Mascarenhas a tal ponto chegou que aquele afirmava ao Vice-Rei, Conde das Galveias, terem decorrido anos sem que do Capitão-General de São Paulo houvesse recebido resposta alguma às suas cartas e ofícios. Nem ainda quando se tratava de casos de urgente serviço real.
Afinal, triunfou Gomes Freire: obteve a expedição do alvará de 9 de maio de 1748 reduzindo a Capitania de São Paulo a mera comarca da circunscrição fluminense.
Iria, Gomes Freire, durante quase quinze anos, exercer o Governo sobre todo o sul do Brasil.
Representava ao ato régio clamorosa injustiça para com aqueles vassalos que tanto e tanto haviam alargado o domínio da Coroa em desrespeito ao tratado tordesilhano.
Verdadeira desolação cobriu a cidade de São Paulo, mágoa cujas primeiras manifestações se fizeram pelas respostas de sua edilidade às cartas de despedida do bom capitão-general afastado do Governo.
Falecido D. João V pleiteou o Senado da Câmara, já em 1751, o restabelecimento de sua Capitania expondo a D. José o desgosto que avassalava seus munícipes e os povos de sua circunscrição.
A 12 de outubro de 1752 voltava à presença do soberano com eloqüente memorial sobre os serviços dos paulistas na conquista do Brasil. 
 Entrementes se assinara o tratado de Madri, a 13 de janeiro de 1750.
A 31 de julho seguinte, desaparecia o, aliás, inutilizado D. João V e entrava em cena o autoritarismo incoercível e invencível de Sebastião José de Carvalho. Decidiu de acordo com as disposições do tratado promover, e do mais rápido modo, a demarcação das fronteiras das duas monarquias, na América do Sul. Bem sabia o futuro Marquês de Pombal o que representavam a capacidade e a energia de Gomes Freire. E nunca pensaria em desgostá-lo para atender à súplicas dos longínquos vassalos de São Paulo.
Não havia remédio para os paulistas, e a Câmara de sua antiga capital, senão dobrar-se ante as exigências da política e a imposição do imperialismo do sátrapa fluminense.
Recaiu a cidade de São Paulo em sua modorra acentuando- se-lhe a depressão.
A demográfica enorme fora, com o êxodo do contingente fornecido aos novos distritos auríferos mineiros, mato-grossenses e goianos do último meio século. E esta circunstância refletia-se, de modo mais veemente, na situação econômica da cidade onde as rendas municipais tão escassas eram que lhe não permitiam pensar em melhorar de pouco que fosse as condições dos sumários serviços públicos. Nem conseguia ser assistida pelos cofres das capitanias de arrecadações também cada vez mais parcas.
No decurso dos quase dezessete anos da solução de continuidade dos governos paulistas assistiu São Paulo a entrada de seu segundo bispo D. Frei Antônio da Madre de Deus Galrão, a 28 de junho de 1751.
Encetavam-se as primeiras operações da demarcação interibérica, no extremo sul do Brasil, a que, no Rio Grande do Sul, presidia Gomes Freire. Surgiram as primeiras dificuldades entre os comissários das potências demarcadoras e os jesuítas espanhóis. Não se conformavam estes com a idéia de verem as suas reduções rio-grandenses passarem ao domínio de Portugal.
De 1754 a 1756 resistiram pela força os índios dos Sete Povos da Missão que acabaram facilmente batidos pelas tropas conjugadas de Gomes Freire e D. Pedro de Ceballos. Serviu isto de pretexto à virulenta campanha movida desde 1755 por Pombal, à Companhia de Jesus de onde decorreria, a 21 de julho de 1759, a carta régia ordenando a expulsão dos inacinos de todo o Brasil. Decreto este a que serviu de coroamento o alvará de 3 de setembro imediato declarando rebeldes e traidores os religiosos da Companhia, desnaturalizados e infamados, condenados a expulsão do Reino e suas conquistas.
O primeiro ato vibrado contra os inacinos, pelo onipotente ministro de D. José I, fora como tanto se sabe o da libertação dos índios do Maranhão, em 1755, a que se seguira a extensão da medida a todo o Brasil, pelo alvará de 8 de maio de 1758.
Na pessoa de Gomes Freire de Andrada, criado Conde de Bobadela, em 1758, contava Pombal o mais dedicado agente.
Já a 3 de novembro prendia toda comunidade jesuítica fluminense.
A 2 do mesmo mês o Desembargador Custódio Salazar faria o mesmo em São Paulo. A 20 de janeiro de 1760 partiram os jesuítas paulistanos para o exílio, ocorrendo, então, as mais pungentes cenas demonstradoras do pesar pelo qual a população da cidade os via partir, destacando-se no conjunto destas manifestações a assistência e conforto História da Cidade de São Paulo 183 que lhes deram o bispo D. Frei Antônio Galrão, os beneditinos e a simpatia constrangida do Ouvidor Filgueiras.
Outro e grande acontecimento do período de 1748 a 1765 veio a ser o da ocorrência do tremendo terremoto de Lisboa a 1º de novembro de 1755, catástrofe que tão intensamente repercutiu em toda a Monarquia.
Como se sabe pediu o Rei a cooperação de todos os seus súditos, cis e transatlânticos, para a reconstrução da sua capital. E à Capitania de São Paulo coube uma quota de treze contos anuais, taxação que, sob o nome de novo imposto, deveria durar dez anos, lançada sobre os gêneros de importação e exportação. Em julho de 1756, procedeu a Câmara à regulamentação da nova imposição por meio de taxas majoradas sobre o preço da carne verde, aguardente, vinho, vinagre, azeite, trânsito de eqüinos e bovinos pelo distrito da cidade, etc.
Fonte: História da Cidade de São Paulo, de Afonso d’Escragnolle Taunay http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/_documents/0006-01759.html#xx

Divirta-se com um tratado sobre todos os tipos de esnobes (Transcrição)


13/07/2010
Por L&PM Editores
Há o esnobe aristocrata e o esnobe do clero. Há os esnobes reais e os esnobes militares. Há os esnobes universitários, os esnobes literários, os esnobes filosóficos. Há, ainda, os esnobes do continente, da cidade grande, do campo, do clube. Esnobes ingleses e também irlandeses. Em O livro dos esnobes – escrito por um deles, de William Makepeace Thackeray, há esnobes para todos os gostos. E para dar boas risadas. A obra nasceu a partir de textos que Thackeray publicou em 1846 no Punch, semanário satírico inglês ilustrado. O sucesso foi estrondoso, pois era impossível não se divertir com seus personagens, suas histórias, seu deboche. Escreve o autor em suas “Observações preliminares”: A necessidade de uma obra sobre os esnobes, demonstrada pela História e provada por oportunas ilustrações: - Eu sou o indivíduo destinado a escrever essa obra – Minha vocação é anunciada em função de uma grande eloqüência – Eu mostro que o mundo vem se preparando pouco a pouco para a obra do homem – Os esnobes devem ser estudados como quaisquer outros objetos da Ciência Natural e fazem parte do Belo (com B maiúsculo). Eles permeiam todas as classes (...). Depois de um tempo esgotado, O livro dos esnobes está de volta à Coleção L&PM POCKET. Nem pense em esnobá-lo.
Abaixo, algumas das ilustrações feitas pelo próprio Thackeray pra o Punch e que estão no livro da L&PM:
Fonte: http://migre.me/v0Qtw

domingo, 11 de setembro de 2016

TRATADO do ESNOBISMO no BRASIL (Transcrição)

Premissa: O esnobismo é uma particularidade da raça humana e aparece em qualquer segmento social, do mais humilde ao mais heráldico, e sempre depende da pessoa que o expressa uma vez que essa pessoa procura reforçar os valores que acha válidos para caracterizar a classe/segmento social a que pertence, ou a classe que conhece e admira, ou seja, não há um esnobismo absoluto ele é sempre relativo e o esnobismo só funciona para os grupos sociais que dêem valor aos mesmos valores, como exemplo, não adianta falar sobre a nobreza brasileira com os japoneses cuja família imperial é milenar e tem códigos muito rígidos para a aristocracia, classe que na Europa inteira sempre teve muita oscilação e variação principalmente depois da Revolução Francesa. No Brasil ao longo do século XVI até o XXI, tivemos os seguintes pólos de esnobismo, (sempre ligados ao apogeu do poder econômico da principal monocultura da região em que estão): sec. XVI/XVII açúcar: é o ouro branco dos séc. XVI/XVII, com o poder nas mãos dos riquíssimos senhores de engenho de Pernambuco/Bahia que abasteciam o mundo com o açúcar a peso de ouro produzido nos engenhos de açúcar que são o 1º grande motor agrário da economia do Brasil fazendo os primeiros milionários do Novo Mundo, como informam os registros de Pernambuco que, em 1580, apontam fortunas de 80.000 cruzados e em 1590,algumas fortunas superiores a 200.000 cruzados. sec. XVIII ouro: é o ouro amarelo do séc. XVIII,com o poder nas mãos dos riquíssimos mineradores de ouro e diamantes de Minas Gerais que davam a Ouro Preto, em Minas Gerais, (120.000 habitantes), um luxo, riqueza e uma vida cultural de cidade européia no sertão do Brasil colonial no apogeu da extração do ouro e brilhantes; que reconstrói Lisboa após o terremoto de 1755, (quando morreram 40.000 pessoas), graças ao ouro brasileiro (foram 1.094 toneladas de ouro e 3 milhões de quilates de brilhantes ou 2.500 toneladas de ouro e 1,5 milhões de quilates de brilhantes, ou 1.200 toneladas) e enriqueceram a Inglaterra.
 - séc. XIX: houve vários pólos de poder, o cacau na Bahia com seus coronéis do cacau, o algodão no Maranhão com os Barões do Algodão (tornando Alcântara, algum tempo, a 4ª cidade mais rica do país, uma vez que a Inglaterra com sua Revolução Industrial estava ávida pelo algodão para seus teares), a borracha no Amazonas com os Barões da Borracha e o seu teatro monumental de Manaus que recebia espetáculos com artistas europeus e ocafé (o ouro verde) no Rio de Janeiro, com o apogeu dos Barões de Café de Vassouras/Valençaque, por conta da Corte Imperial muito próxima, se constitui na mais sofisticada e requintada experiência social em todo o esnobismo do Brasil.
 - séc. XX: em São Paulo temos uma profunda mudança do padrão da sociedade agrária dos grandes fazendeiros de café, ainda rica no 1º quartel do século e já começando a se mesclar com os estrangeiros, que subsiste até a crise de 1929 e, depois, perde completamente o comando para os grandes industriais/comerciantes estrangeiros que formam uma sociedade prioritariamente urbanaque se apossa e toma conta e reestrutura os valores e a representação social da sociedade brasileira. 
- séc. XXI: no Brasil inteiro há focos pontuais de pessoas famosas que usufruem o poder que a mídia lhes dá e mantém uma dinâmica comum de consumo exacerbado que privilegia o descartável e o carocomo sinônimos de requinte/sofisticação e qualificação social, essas pessoas transitam entre si num teatro exibicionista de evento/mídia que os promove como referência qualitativa da representação social para esta sociedade de emergentes, ou pretendentes, que os admiram e seguem pela mídia.
Fonte: Autor: Aníbal de Almeida Fernandes Texto inicial: Outubro, 2003, última atualização: Janeiro, 2016. w.genealogiahistoria.com.br http://migre.me/uXkkA

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...