quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Parte 1 - Memória e Identidade: Aspectos relevantes para o desenvolvimento do Turismo Cultural (Transcrição)

Introdução
O resgate da memória é de suma importância devido à construção de uma identidade consistente de um determinado povo. Para isso é necessário que não deixe de rememorar, ir em busca das raízes, das origens, do âmago da sua história, etc.
A memória tem um caráter primordial para elevação de uma nação de um grupo étnico, pois aporta elementos para sua transformação.
A idéia de nação é uma realidade que se impõe por si mesmo, pois é uma construção contínua que repousa no erro histórico. Ao falar de raça vem em nossas mentes altura, índice cefálico, uma aparência hereditária, enquanto etnicidade os aspectos culturais são primordiais, pois é uma comunidade biológica de cultura e de língua.
A nação, raça e etnia se distinguem pela pertença racial, originada na comunidade de origem, a pertença étnica é dada pela crença subjetiva na comunidade de origem e a nação pelo poder político. Expresso nas instituições democráticas nas instâncias competentes. Apesar de que hoje não se fala mais em raça que é um conceito em desuso.
Stuart Hall afirma que: `as identidades nacionais não são coisas com as quais nós nascemos, mas são formadas, transformadas no interior da representação` (HALL, 1999, 48). Sendo a nação construída, é uma comunidade simbólica e gera sentimentos de identidade e de pertença que não necessariamente tem de ser os limites geográficos que impõe essa nação.
Partindo do pressuposto que a `memória é a faculdade de reter idéias ou reutilizar sensações, impressões ou quaisquer informações adquiridas anteriormente` como afirma o dicionário da Língua Portuguesa (FERREIRA, 1989, 334), percebe-se que essa memória proporciona a lembrar da própria lembrança e não deixa que se apaguem as experiências adquiridas por todos envolvidos com aquele episódio.
Desta forma, o objetivo deste artigo é identificar a importância da memória na construção de uma identidade e só através desta identidade formada é que a indústria do Turismo Cultural se faz presente, apropriando-se desta para o incremento da localidade onde desenvolve esse tipo de Turismo, tendo acesso ao Patrimônio Cultural, à história, à cultura e ao modo de viver daquela comunidade.
Neste trabalho, usou-se como técnica de pesquisa o levantamento bibliográfico referente à Memória, Identidade e Turismo Cultural.
Conceitos de Memória, Identidade e Turismo Cultural.
Filosoficamente (Memória) significa a capacidade de reter um dado da experiência ou conhecimento adquirido e de traze-lo à mente; e esta é necessária para constituição da experiências e do conhecimento científico. Toda produção do conhecimento se dá a partir de memórias de um passado que é consolidado no presente. Hilton Japiassú, no Dicionário de Filosofia ele afirma :
A memória pode ser entendida como a capacidade de relacionar um evento atual com um evento passado do mesmo tipo, portanto como uma capacidade de evocar o passado através do presente (JAPIASSÚ, 1996, 178).
Isso é bastante perceptível quando temos a experiência de um sabor ou um cheiro que percebíamos ou tínhamos enquanto criança, mais tarde quando adultos ao sentirmos o cheiro ou o sabor somos remetidos, voltamos ao passado e invocamos essa lembrança. Buscamos essa memória que está adormecida, não que busquemos, mas ela vem à tona.
Existem lugares da memória, lugares particularmente ligados a uma lembrança, que pode ser uma lembrança pessoal, mas também pode não ter apoio no tempo cronológico. Pode ser, por exemplo, um lugar de férias na infância, que permaneceu muito forte na memória da pessoa, muito marcante, independentemente da data real em que a vivência se deu (POLLAK, 1992, 202).
A memória é sempre atual, pois a qualquer momento podemos evocá-la. É vivida no eterno presente; aberta à dialética da lembrança e do esquecimento; alimenta-se de lembranças vagas, telescópias, globais e flutuantes; e cria sentimento de pertencimento e identidade, etc.
Estas são algumas características da memória que fornecem um arcabouço de conhecimento a si mesma. A memória sabe.
Em contrapartida pode-se observar que ao mesmo tempo que um grupo quer esquecer, outros testemunharam acontecimentos e querem inscrever suas lembranças contra o esquecimento, para que a memória continue sempre viva. É a luta pelo não esquecimento.
Surge aí a resistência de grupos que não querem esquecer suas memórias pelo contrário querem preservá-las e perpetuá-las, para que as futuras gerações saibam dos acontecimentos por ali passado.
A memória é um elemento constituinte do sentimento de identidade, tanto individual como coletiva, na medida em que ela é também um fator extremamente importante do sentimento de continuidade de coerência de uma pessoa de um grupo em sua reconstrução de si ( POLAK,1992, 204).
Porém essa memória não pode ser enquadrada, emoldurada de acordo com os interesses próprios, pois é livre e atua em seus personagens de forma bastante livre sem interferências. Emerge repentinamente remetendo à lembranças do já vivido. Pode ser construída consciente ou inconsciente, pois o que a memória grava, recalca, exclui, relembra é o resultado de um trabalho de organização.
A memória histórica constitui um fator de identificação humana, é a marca ou o sinal de sua cultura. Reconhecemos nessa memória o que nos distingue e o que nos aproxima. Identificamos a história e os seus acontecimentos mais marcantes, desde os conflitos às iniciativas comuns. E a identidade cultural define o que cada grupo é e o que nos diferencia uns dos outros.
Segundo Wehling, a memória tem finalidades:
A memória do grupo sendo a marca ou sinal de sua cultura, possui algumas evidências bastante concretas. A primeira e mais penetrante dessas finalidades é a da própria identidade. A memória do grupo baseia-se essencialmente na afirmação de sua identidade (WEHLING, 2003, 13).
A ligação entre memória e identidade é tão profunda que o imaginário histórico-cultural se alimenta destes para se auto-sustentar e se reconhecer como expressão particular de um determinado povo.
A memória não pode ser entendida como apenas um ato de busca de informações do passado, tendo em vista a reconstituição deste passado. Ela deve ser entendida como um processo dinâmico da própria rememorização, o que estará ligado à questão de identidade (SANTOS, 2004, 59).
Sendo assim rememorizada ela não se deixam cair no esquecimento e vai sendo refrescada constantemente, sendo grafada, narrada, ou tornando-se fonte-histórica, utilizando da `memória social que é um dos meios fundamentais de abordar os problemas do tempo e da história` ( LE GOFF, 1996, 426).
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Publicado por Equipe EcoViagem  
 Fonte: Por: Claudio Magalhães Batista Introdução O resgate da memória é de suma importância devido à construção de uma identidade consistente de um determinado povo. Para isso é necessário que não deixe de rememorar, ir em busca das raízeshttp://ecoviagem.uol.com.br/fique-por-dentro/artigos/turismo/memoria-e-identidade-aspectos-relevantes-para-o-desenvolvimento-do-turismo-cultural-1333.asp
 

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