Rodrigo de Castelo Branco
......................................................................................................................................................
Data de 4 de dezembro de 1677 carta do mesmo Príncipe Regente, meio perplexo, a Fernão Dias,
em que lhe diz: «Pelas cartas que me escrevestes, fiquei entendendo o
zelo que tendes do meu serviço; e como trataveis do descobrimento da
serra do Sabaraboçu e outras minas nesse sertão, que enviastes amostras
de cristal e outras pedras; e porque fio do vosso zelo, que ora
novamente continues esse serviço com assistência do administrador geral
D. Rodrigo de Castelo Branco e do tesoureiro geral Jorge Soares de
Macedo, a quem ordeno, que desvanecido o negócio a que os mando das
minas de prata e ouro de Parnaguá, passem a Sabaraboçu por ultima
diligência das minas dessa repartição, em que há tanto tempo se continua
sem efeito, espero que com a vossa indústria e advertência que
fizerdes ao mesmo administrador, tenha o bom sucesso que se procura; e a
vós a mercê que podeis esperar de mim, quando do se consiga.» Assim o
principe temia não o encontrar no sertão e enviara a D. Rodrigo, mas
êste deveria ouvi-lo e seguir suas direções.
No dia 24 de dezembro
de 1673 D. Rodrigo e seu primo o capitão de infantaria Jorge Soares de
Macedo, seu contador, apresentaram-se ao Governador Geral do Brasil.
..................................................................................................................................................
A expedição de 1681
Em 2 de março de 1681, com aprovação de D. Rodrigo, a Câmara de São Paulo nomeou Estêvão Sanches de Pontes para ir como sargento-mor da sua tropa; como desde 8 de fevereiro de 1679 tinha nomeado para Capitão Manoel Cardoso de Almeida, formaram-se assim três companhias.
A tropa de D. Rodrigo partiu a 19 de março de 1681 com 240 homens, entre os que Matias Cardoso de Almeida como tenente-general adjunto; o capitão-mor Brás Rodrigues de Arzão, o sargento-mor Antônio Afonso Vidal; sargento-mor Estêvão Sanches de Pontes; Manuel Cardoso de Almeida, João Saraiva de Morais, Domingos do Prado (filho de João do Prado da Cunha e Mécia Raposo); Jerônimo Cardoso, o filho deste Francisco Cardoso, João Dias Mendes, André Furtado de Mendonça
como capitão de companhia. A morosidade dos preparativos havia irritado
os Paulistas mas D. Rodrigo saiu bem apetrechado, tropa de animais,
víveres e munições, cuidados especiais. Havia 120 trabalhadores para as
minas, 60 indios para condução dos objetos de D. Rodrigo, mais 60 índios
de Matias Cardoso. Chegaaram a Atibaia já a 24 de março.
Por grande ironia, data de 27 de março de 1681 carta em que Fernão Dias Pais, do sertão, escreve: Deixo abertas cavas de esmeraldas no mesmo morro donde as levou Marcos de Azeredo,
já defunto, coisa que há de estimar-se em Portugal." A tradição quer
que tais esmeraldas tenham sido colhidas na região dos rios
Jequitinhonha e Araçuaí.
A 19 de abril
de 1681 diz-se que «fugiam-lhe índios na passagem de Sapucaí». Assim, o
caminho seguido portanto não foi o de Paraíba do Sul. Tal caminho de Atibaia
ou de Sapucaí e o do Paraíba do Sul se comunicavam, porém, por diversas
gargantas na serra da Mantiqueira. Na região de Santo Antônio da
Cachoeira ou Piracaia, as gargantas do rio Cachoeira e Muquem, afluentes
do rio Atibaia e situados entre os morros do Lopo e a pedra do Selado;
fronteiras a Jacareí, as gargantas do rio do Peixe e do rio das Cobras,
afluentes do Paraíba e situados ao sul da pedra do Selado; fronteiras a
São José dos Campos, as gargantas do rio Buquira; fronteiras a
Pindamonhangaba, e entre os morros do Itapeva e Pico Agudo, a garganta
do Piracuama; a partir do Jacareí, as gargantas convergem para a região
mineira do Sapucaí, hoje São José do Paraíso, Santana do Sapucaí, etc.
Fronteiras a Guaratinguetá, as gargantas do Pragui e Guaratingueta; a
fronteira de Lorena a Piquete, fronteira de Cachoeira (Bocaina) há a
garganta do Embaú, onde se fez a habitual entrada para as Minas Gerais,
ganhando o vale do Passa Vinte depois da travessia da Serra. Os animais
levados por D. Rodrigo irão reforçar, com frutas e sementes, os arraiais
de Baependi e na Ibituruna, falados antes, de Jaques Felix. E Lourenço Castanho Taques havia limpado os caminhos dos índios, conquistados no lugar batizado por isso mesmo Conquista.
Em 4 de junho
de 1681 D. Rodrigo escreveu carta, do arraial de São Pedro do Paraopeba
(Taques ainda diz Paraipeva) em que felicita Fernão Dias Pais pelos
seus serviços nos descobrimentos de esmeraldas. Avançavam lentamente
pois grande parte da matalotagem de Castelo Branco, em cavalos por falta
de índios, dava consideravel trabalho ao ajudante João Carvalho Freire.(1)
......................................................................................................................................................
Nota: Assim, o
caminho seguido portanto não foi o de Paraíba do Sul. Tal caminho de Atibaia
ou de Sapucaí e o do Paraíba do Sul se comunicavam, porém, por diversas
gargantas na serra da Mantiqueira.(1)
Obs: Não resta dúvida que, a expedição de Andre de Leão, enviada ao Sertão por D. Francisco de Souza, evento constante do relato de Alexandre Grymmer, foi em busca das mesmas serras resplandescentes do sonho de Fernão Dias. Transposta a Raiz do monte, pela Garganta do Sapucaí, consta do referido relato que:
"O arraial de Santana do Sapucaí, antigo nome de Silvianópolis, surge com a exploração de jazida às margens do rio Sapucaí, em meados do século XVIII, tendo sido a expedição de D. Francisco de Souza quem desbravou a região. Como grande leva de mineradores foram atraídos para o local, o governador de São Paulo nomeou um guarda-mor para a região, seguindo-se um período de disputas de terras entre autoridades de São Paulo e de Minas Gerais. Em 1746, Francisco Lustosa toma posse do arraial de Descoberto do Sapucaí, antigo nome de Santana do Sapucaí, tendo sido criada a paróquia dois anos depois. Posteriormente, com a divisão da região de Sapucaí, Lustosa é substituído pelo capitão Veríssimo de Carvalho. Data desta época o episódio conhecido como Guerra das Canoas, quando Lustosa, às margens do rio Sapucaí, destrói as canoas daqueles considerados invasores mineiros."
Somada a tais circunstância temos por certo que, os conflitos relativamente a questão de fronteira no Sul de Minas, foram intensos e prolongados, haja vista, da carta do ouvidor da Comarca do Rio das Mortes sobre suas incursões pelo rio Sapucaí:
Obs: Não resta dúvida que, a expedição de Andre de Leão, enviada ao Sertão por D. Francisco de Souza, evento constante do relato de Alexandre Grymmer, foi em busca das mesmas serras resplandescentes do sonho de Fernão Dias. Transposta a Raiz do monte, pela Garganta do Sapucaí, consta do referido relato que:
"Três
dias depois, chegamos a um rio, que deriva do Nascente, e,
atravessando-o, durante quatorze dias, tomamos a direção de
Noroeste, através de campos abertos e outeiros despidos de
árvores, até outro rio, que era navegável e corria da banda do
Norte. Atravessamo-lo em umas embarcações chamadas
jangadas, e, quatro ou cinco léguas mais adiante, topamos outro rio que
corria quase de Norte e era navegável. Creio, porém, que
estes três rios, afinal, confluem num só leito e vão desaguar no
Paraguai, em razão de que o curso deles é para o Sul, ou
para o Ocidente."(2)
Por outro lado torna se possível afirmar que, o rio que deriva do nascente, é o rio Sapucaí, em cuja margem, em seu ponto de travessia, no caminho geral do sertão, foi fundado o arraial de Santana do Sapucaí. Nesta direção temos: "O arraial de Santana do Sapucaí, antigo nome de Silvianópolis, surge com a exploração de jazida às margens do rio Sapucaí, em meados do século XVIII, tendo sido a expedição de D. Francisco de Souza quem desbravou a região. Como grande leva de mineradores foram atraídos para o local, o governador de São Paulo nomeou um guarda-mor para a região, seguindo-se um período de disputas de terras entre autoridades de São Paulo e de Minas Gerais. Em 1746, Francisco Lustosa toma posse do arraial de Descoberto do Sapucaí, antigo nome de Santana do Sapucaí, tendo sido criada a paróquia dois anos depois. Posteriormente, com a divisão da região de Sapucaí, Lustosa é substituído pelo capitão Veríssimo de Carvalho. Data desta época o episódio conhecido como Guerra das Canoas, quando Lustosa, às margens do rio Sapucaí, destrói as canoas daqueles considerados invasores mineiros."
Somada a tais circunstância temos por certo que, os conflitos relativamente a questão de fronteira no Sul de Minas, foram intensos e prolongados, haja vista, da carta do ouvidor da Comarca do Rio das Mortes sobre suas incursões pelo rio Sapucaí:
"O Rio Sapucaí, só conhecido pela tradição dos antigos Paulistas, fiz descobrir pelo sertão destas Minas por diligências e despesas minhas até que pessoalmente fui às suas margens e o passei em canoa que mandei fazer. É o Rio abundante de águas, maior em muitas partes que o Rio Grande, porém de vagarosa corrente. Mandei explorá-la para suas cabeceiras; acharam-se disposições de ouro e também me informaram que navegando 3 dias rio acima se comunicaram as Minas do Itajubá 9."(3).
Entretanto, o atirculista, baseando-se na assertiva: "A 19 de abril de 1681 diz-se que fugiam-lhe índios na passagem de Sapucaí", originária de uma carta escrita por Fernã Dias do Sertão, quer fazer crer que, o caminho percorrido pela expedição não foi via Paraiba do Sul. Deixando de lado todas as mirabolantes divagações, os caminhos primitivos em demanda da região do Alto Sapucaí, contido em roteiros documentados, sempre foram via Vale do Paraiba. O que resultaria em grande despaltério, após longa e prévia organização haver, Bento Rodrigues, filho de Fernão Dias, ao assumiu o compromisso de levar a diante a empresa do pai, haver se estabelecido com suas roças na Região do Guaipacaré, não fosse esse o caminho percorrido. E tem mais, resta evidente que, a expedição percorreu o mesmo caminho da expedição de André de Leão (1601) e a do Padre João de Faria Fihalho (1694), via, em demanda do Alto Sapucaí, passando pela Raiz do Monte e Amantiqueira Quadrilheira, hoje toponímia conhecida como, Garganta do Meia Lua. Em definitivo, nos termos do documento anexo (nota 3), parafraseando, Malgrado tais iniciativas, no que tante ao conflito de fronteira, os habitantes de Taubaté e Guaratinguetá continuaram a adentrar na região, realizando atividades comerciais com os habitantes daquela localidade. Ou a familia de Fernão Dia, cujo genro, Borba Gato, casado com sua filha Maria Leite, acusado do assassinado do mesmo D. Rodrigues de Castelo Branco, não resideiu por mais de 20 anos em Guaratinguetá.(4) Sem contar o parentesco dos Dias Lemes, com os Galvão de França, os quais sempre tiveram ligados a atividade comercial, especialmente voltada ao abastecimento da área de Mineração. Simples assim, não entendo o por que, ainda perdura essa confusão?