quinta-feira, 8 de abril de 2010

Programa Estrada Real (inversão da ordem dos fatos):"Em nome do interesse econômico, as pesquisas históricas foram deixadas de lado". (Históriador Márcio Santos)

Foco desviado

Inspirado no Caminho de Santiago, que percorreu em 1994, o professor de administração pública da Escola do Legislativo de Minas Gerais Raphael Olivé procurava uma versão brasileira do famoso roteiro espanhol. Foi quando ouviu falar de estradas reais. Junto com o historiador Márcio Santos, fez as primeiras pesquisas de resgate das vias em mapas antigos e relatos de viajantes estrangeiros, como Saint-Hilaire e a dupla Spix e Martius, que estiveram no país no século 19. Ainda em 1994, Olivé e Santos passaram a identificar e percorrer os trechos originais dos caminhos coloniais mineiros.
Como assessor da Assembléia Legislativa mineira, Olivé participou da elaboração do projeto da lei, aprovada em 1999, que deu origem ao Programa Estrada Real. O objetivo era dar aos antigos caminhos o status de atração turística. Para tanto, foram previstos incentivos financeiros à conservação dos traçados originais das vias coloniais em áreas públicas e privadas.
De acordo com o professor, no entanto, a idéia inicial foi desvirtuada. "O programa não traz novidade, pois o foco está centrado no turismo em cidades e não nas estradas reais", critica. Segundo ele, o projeto deveria ser mais purista e resgatar os caminhos coloniais, mesmo que passem por vias movimentadas. "Ao percorrer a BR-040, por exemplo, o caminhante teria a dimensão histórica das transformações." Para viabilizar isso, segundo ele, bastaria adaptar a rodovia para receber os caminhantes.
Embora reconheça os benefícios econômicos gerados pelo programa às cidades integrantes do roteiro, o historiador Márcio Santos aponta o que chama de inversão da ordem dos fatos: "Em nome do interesse econômico, as pesquisas históricas foram deixadas de lado".
Santos acredita, no entanto, que, embora estudos teóricos possam reconstituir os antigos caminhos, seria difícil recuperá-los totalmente na prática, pois, "se muitos trechos se mantêm preservados, em outros os sinais que os identificariam se perderam". O historiador critica ainda o "agigantamento do projeto", uma vez que a inclusão de cerca de um quinto dos municípios mineiros dificultará o trabalho de capacitação dos agentes turísticos das localidades envolvidas. "Em geral, as pessoas dessas cidades não sabem indicar nem onde se encontram os trechos existentes das estradas reais."

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