O interesse pelos caminhos que compõem a Estrada Real cresceu muito a partir do projeto turístico do governo mineiro nestas últimas décadas. Muitas pesquisas geohistoriográficas têm sido realizadas, juntamente com estudos realizados pelos turismólogos. A percepção toponímica da paisagem engloba os sentidos humanos, a sua experiência e a sua psicologia na medida que quando ele nomeia o espaço ele está fazendo nascer o ser inominado e, portanto, indiferenciado. Ao nomear o homem faz acontecer uma maiêutica. O nome dá a luz ao ser que o recebeu. Seja ele uma estrada, uma montanha, uma árvore, uma povoação.
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Podemos ainda evidenciar nomes ligados diretamente à Natureza e, principalmente, topônimos que guardam a memória do importante papel de localização à beira da água. Nesse sentido Dick (1990, p. 80) ressalta que a água é "tão necessária e imprescindível à vida humana que, dentro da agressividade regional, os pontos de seu aparecimento revestem-se de tanta significação que se torna obrigatório registrá-los, toponomasticamente". Na Estrada Real temos: Rio de Janeiro, Rio Pomba, Alto Rio Doce, Rio Piracicaba, Senhora do Porto, Alagoa, Córregos, Rio Acima, Entre Rios de Minas, Desterro de entre Rios, Lagoa Dourada, Cachoeira Paulista etc. A vegetação também não passa despercebida pela memória toponímica da Estrada Real: Marmelópolis, Jaboticatubas, Cachoeira do Campo, Serra do Cipó, Serra Azul de Minas, Itambé do Mato Dentro, Cocais, Cipotânea, Milho Verde etc. Para Dick (1990, p. 64) "o recorte de um "morro", os contornos de uma "serra", o "monte" singular em sua morfologia. Tudo pode ser causa de motivações toponímicas". As montanhas e montes estão muito bem delineados pela memória toponímica da Estrada Real quando encontramos: Monte Serrat, Santana dos Montes, Morro do Pilar etc.
Fonte: Primeiro Simpósio Brasileiro de Cartografia Histórica: http://migre.me/50wNx