A provável face de Luzia. A surpresa são os traços negróides
e) O arqueólogo Walter Neves da Universidade de São Paulo e seu parceiro
de pesquisa, Héctor Pucciarelli formularam uma hipótese, a qual
milhares de anos antes da escravidão negra, já poderia haver africanos
na América. Baseou-se na análise de detalhes anatômicos de centenas de
ossos de índios no Brasil, Chile e Colômbia. As medidas quase sempre
coincidem com as de atuais povos do Extremo Oriente. No entanto, os
crânios mais antigos, apresentam traços africanos, parecidos com os
aborígenes da Austrália. Um deles, o de uma mulher encontrada em Lagoa
Santa, Minas Gerais, com 11.500 anos de idade, segundo datação realizada
em 1998 é o crânio mais velho das Américas, cognominada de Luzia, que
fazia parte do grupo dos “homens de Lagoa Santa”, os quais se
alimentavam de mais vegetais, através da coleta, do que da caça. A
medição dos ossos de Luzia revelaram um queixo proeminente, um crânio
estreito e longo e faces estreitas e curtas. Assim, sugere que, antes da
chegada dos ancestrais asiáticos dos ameríndios, houve uma primeira
leva de imigrantes que deixou a África há 120.000 anos.
Um grupo teria ido para a Oceania há 40.000 anos e
outro grupo teria entrado na América pela Sibéria em data desconhecida.
Mais tarde, os asiáticos teriam exterminado os africanos, sobrando só os
ossos, devido a disputa pela caça e territórios. Para reforçar essa
hipótese, pesquisadores ingleses da Universidade de Manchester fizeram
vários exames tomográficos do crânio de Luzia, sendo o resultado desses
exames reprocessados por um computador da University College London,
Inglaterra, obtendo uma imagem tridimensional e produzindo um crânio
idêntico ao encontrado. Esse modelo foi encaminhado ao professor Richard
Neave, especialista em reconstituições faciais, da Universidade de
Manchester que coincidiram com o modelo negróide defendido pelo
arqueólogo brasileiro. Luzia, portanto, seria uma mulher de feições
negróides, com nariz largo, olhos arredondados, queixos e lábios
salientes, muito diferente dos povos de origem asiática, presentes
quando da chegada do homem europeu. Para reforçar ainda mais essa
teoria, as configurações cranianas de Luzia foram encontradas em fósseis
de mais ou menos 9.000 anos perto da cidade colombiana de Tequendama e
na Terra do Fogo, do outro lado do Estreito de Magalhães,
territorialmente localizado no fim da América do Sul. Portanto,
atualmente, a hipótese de Walter Neves e Héctor Pucciarelli, acrescenta
mais uma celeuma na conturbada história do povoamento americano.
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