"Outra característica da economia
mineira, de profundas conseqüências para as regiões vizinhas,
radicava em seu sistema de transporte. Localizada a grande distância
do litoral, dispersa em região montanhosa, a população
mineira dependia para tudo de um complexo sistema de transporte. A tropa
de mulas constitui autêntica infra-estrutura de todo o sistema. (...)
Criou-se, assim, um grande mercado para animais de carga" (FURTADO,
1979).Como fica bem destacado neste trecho de
Celso Furtado, o tropeiro passou a ser o principal, senão o único,
abastecedor do mercado das Minas Gerais. Tradicionalmente, se associa à
imagem do paulista, o tropeiro, mas tal imagem é infundada visto
que grande parte dos paulistas foram em direção das Minas,
ficando assim a atividade comercial dos tropeiros ligada principalmente
a grupos de portugueses. Primeiramente, os tropeiros se utilizavam
do lombo escravo como meio de transporte para as suas mercadorias, mas
com a abertura de novos caminhos e melhora dos antigos, passou a ser utilizado
substancialmente o lombo das mulas para tal tarefa.Inicialmente, o comércio era realizado
a partir ou do Caminho Paulista ou do Caminho Velho do Rio
de Janeiro. O primeiro, levava dois meses para chegar às Minas via
Vale do Camanducaia, Mogi-Mirim e garganta do Embau. Já o segundo,
se utilizava também de transporte marítimo - o que era um
inconveniente - e durava aproximadamente 43 dias.Com a abertura do Caminho Novo,
que seguia do Rio de Janeiro diretamente para as Minas, o tempo de viagem
caiu drasticamente - para algo em torno de 10 a 17 dias dependendo da rota
utilizada e do clima. Devido a esta diferença gigantesca de tempo
utilizado, São Paulo lutou pela extinção deste novo
caminho, mas as forças econômicas da metrópole falaram
mais alto e o mantiveram.
O paulista bandeirante foi fundamental
para a descoberta das minas
O comércio paulista praticamebnte
faliu. Isto somente não ocorreu devido à descoberta de minas
de ouro nas regiões de Goiás e Mato Grosso, locais que se
tornaram praticamente "monopólios" de paulistas e incentivaram o
crescimento desta Província.
As tropas de mulas saíam em direção
das Minas Gerais provenientes dos mais diferentes pontos, mas para nosso
estudo basearemo-nos principalmente nas rotas de comércio com o
Sul da colônia, produtor de muares, e com as grandes feiras e concentrações
comerciais de São Paulo.
Durante os meses de setembro e outubro,
as tropas saiam do Sul devido ao regime de chuvas e portanto aos fáceis
pastos durante o caminho, indo em direção norte rumo a Curitiba.Chegando a esta vila, muares e tropeiros
ficavam enquanto os animais engordavam e aguardavam pelas feiras sorocabanas
que aconteciam durante os meses de abril e maio.
Durante os meses de setembro e outubro,
as tropas saiam do Sul devido ao regime de chuvas e portanto aos fáceis
pastos durante o caminho, indo em direção norte rumo a Curitiba.
Chegando a esta vila, muares e tropeiros ficavam enquanto os animais engordavam
e aguardavam pelas feiras sorocabanas que aconteciam durante os meses de
abril e maio.
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Tal trabalho passou a ser um empreendimento
de lucros altíssimos, muitas vezes maiores do que os dos próprios
mineradores visto que estes dependiam dos tropeiros. Segundo Sérgio
Buarque de Holanda, houve em 1754 uma tropa que pode ser considerada a
maior já registrada: 3780 mulas fizeram o percurso do Rio Grande
do Sul às Minas Gerais.
Estes lucros possibilitaram a ascensão
social desta gente que passou a ostentar seus símbolos de riqueza
e a gastar vultuosas quantias em cabarés, jogos e teatros além
de ricos ornamentos para suas cavalgaduras. Os tropeiros são encontrados
nas raízes de diversas famílias importantes dos Estados de
São Paulo e Minas Gerais.
Tais homens passaram a serem respeitados
por seu poder econômico e político, além de ter também
se tornado "figura extremamente popular, o tropeiro, se no princípio
da era mineradora teve qualquer cousa do antipático, pela especulação
que fazia dos gêneros, aos poucos foi adquirindo, ao lado da função
puramente econômica de abastecedor das Gerais, um papel mais social
e simpático de portador de notícias, mensageiro de cartas
e recados. Representava um verdadeiro traço de união entre
centros urbanos afastadíssimos, levando de uns para outros as novidades
políticas, as informações sobre as cousas de uso,
correspondências, modas, etc " (ZEMELLA, 1990). Fonte: http://migre.me/5LxrR NOTA: TOPÔNIMO PIQUETE, SINÔNIMO DE POTREIRO, MANGUEIRO, CERCA DE PEDRA, MURO DE PEDRA, ESPAÇO QUE ESTAVA DIRETAMENTE LIGADO, DESDE SUA ORIGEM A ALDEAMENTO INDIGENA, E ATIVIDADE DE FORMAÇÃO DE ROÇAS, OBJETIVANDO O ABASTECIMENTO DAS BANDEIRAS E EXPEDIÇÕES, A CAMINHO DO SERTÃO, BEM COMO À ATIVIDADE INERENTE DE TROPEIRISMO, NO QUE TANGE À LOGÍSTICA DE TRANSPORTE, QUANDO ENTÃO, NÃO SE CHEGAVA À GARGANTA DO EMBAÚ SEM PASSAR POR SEU NÚCLEO, ROÇAS DE BENTO RODRIGUES. O que diferenciava o tropeiro paulista do mineiro era sua capa e seu chapéu Esquema das principais rotas dos tropeiros pelo Estado do Paraná, com destaque às cidades fundadas devido a este movimento Os caminhos das tropas foram se tornando gradativamente rotas de passagem e comércio Acompanhando estes caminhos, foram surgindo roças, estalagens e povoados |