domingo, 30 de outubro de 2011

AVENTURA & ANTROPOFAGIA - Tradução de Angel Bojadsen e introdução de Eduardo Bueno

Duas vezes,  em meados do século XVI, o mercenário e arcabuzeiro alemão Hans Staden (c. 1524-c.1576) aportou nas costa do recém-descoberto Brasil. A primeira, em 1549, passando por Pernanbuco e pela Paraíba: e a segunda, em 1550, quando chegou na ilha de Santa Catarina, dirigindo-se posteriormente à capitania de São Vicente, no litoral sul do atual estado de São Paulo.
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BREVE RELATO VERÍDICO SOBRE OS MODOS E COSTUMES DO TUPINAMBÁS,DE QUEM FUI PRISIONEIRO. ELES VIVEM NA AMÉRICA, SUAS TERRAS FICAM 24 GRAUS DO SUL DA LINHA EQUINOCIAL E FAZEM FRONTEIRA COM O ESTUÁRIO DE UM RIO QUE SE CHAMA RIO DE JANEIRO.
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CAPÍTULO 3
Sobre uma grande serra que fica naquela terra
Existe lá uma serra que avança até umas três milhas do mar, em alguns lugares mais e em outros menos. Começa aproximadamente na altura da Baia de Todos os Santos, um lugar construído e habitado pelos portugueses, e estende-se no total por 204 milhas ao longo da costa, até que termina em 29 graus ao sul do Equador. Em alguns lugares tem oito milhas de largura. Do outro lado dessa serra também há terra. Entre as montanhas há numerosos e belos cursos de água, onde há caça em abundância.
Na serra há uma raça de selvagens chamados Guainás. Eles não têm moradia fixa como os outros selvagens, que moram aquém e além das montanhas, e travam guerras com todas as  outras tribos. Quando pessoas de tribos estranhas caem em seu poder, eles as comem. Da mesma forma o fazem os outros com eles. Perseguem a caça na serra. atiram habilmente nos animais com arco e demonstram grande habilidade também com outras coisas, como laços e armadilhas, com os quais pegam os animais. Também na serra há muito mel silvestre, que eles comem. As pessoas geralmente sabem reconhecer os gritos dos animais e o canto dos pássaros e usam-nos para surpreendê-los e caçá-los mais facilmente. Acendem fogo com dois paus, como todos os outros selvagens. Normalmente, assam a carne que comem. Locomovem-se com as mulheres e os filhos.
Quando acampam próximo de  terras inimigas, erguem perto de suas cabanas uma cerca de varapaus, de forma que não possam ser atacados desprevenidamente, e também como proteção contra onças. Também  enfiam espinhos pontiagudos chamados maracá-ibás, no solo em torno de suas cabanas da mesma farma que aqui colocamos armadilhas,. Fazem isso por temor de seus inimigos.
Matém um fogo durante a noite todo. Apagam-no ao amanhecer, para que não se possa ver a fumaça e localizá-los.
Deixam crescer bastante os cabelos e as unhas. Como outros selvagens, têm ídolos chamados maracás, que consideram deuses. Também organizam festas com bebidas e danças. Cortam com os dentes de animais selvagens e  retalham-nos com cunhas de pedra, como as tinham também outras tribos antes de fazerem comércio com os navios.
Frequentemente, empreenderm excursões contra seus inimigos. Quando quererm capturar inimigos, escondem-se atrás de galhos secos perto das cabanas inimigas. Quando vem gente a apanhar a madeira, tentam capiturá-los. Tratam seus inimigos de forma muitomais cruel que estes os fazem, pois muitas vezes cortam, cheio de ódios, braços e pernas de seres vivos. Os outros, no entanto, primeiro matam a golpes seus inimigos antes de os despedaçar e comer.
Fonte: Hans Staden, Duas viagens ao Brasil, Introdução de EDUARDO BUENO, Primeiros registros sobre o Brasil, Tradução de Angel Bojadsen,  Coleção L&PM-POCKET, 2009, RJ, vol. 674, pag. 134/135.
Nota: Núcleo Embrião: Piquete das Muralhas, da trilha dos Guainazes, das Cinco Serras Altas, da Raiz do Monte, do Sertão dos Indios Bravos, do Sertão da Mantiqueira, do Sertão Proibido, do Caminho Velho, da Estrada Geral para o Sertão, do Caminho dos Paulista, das Roças de Bento Rodrigues, da Rota das Expedições e Bandeiras, do Caminho dos  Tropeiros, do Original Caminho do Ouro, Estrada Real, "......a certeza de se estar percorrendo o caminho certo" 



GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

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