domingo, 23 de outubro de 2011

A Macha para o OESTE - Caminhos que andam e uma analogia do Rio Tocantins com o Rio Paraiba do Sul e a navegação fluvial nos sertões do Brasil, relativamente a sua importância.

Caminhos que andam: o rio Tocantins e a navegação fluvial nos sertões do Brasil (Kátia Maria Flores).
Ir aos sertões, como era imprecisamente denominada a região, constituiu-se num empreendimento de grandes proporções, exigindo gigantesco capital humano e financeiro; acima de tudo, espírito aventureiro e conhecimento dos meios de sobrevivência naquele ambiente. As “Entradas” constituíram-se então, numa verdadeira junção de diferentes tipos humanos, com propósitos e participações diferentes: o português e o mameluco buscando riquezas fáceis e os ameríndios, com o trabalho físico, conduzindo, carregando, remando incessantemente55. Eram os índios, também mediadores culturais56 pois faziam a ligação dos elementos materiais do meio ambiente com a cultura colonial européia, guiando e conduzindo os desbravadores por entre caminhos que constituíam um repositório mental próprio dos nativos. Esses colonizadores se apropriavam desses mesmos elementos naturais aprisionando-os numa teia de palavras que agregavam nomes indígenas e europeus, os quais serviam para nomear os rios, os acidentes naturais, a flora e a fauna que encontravam pelo percurso57. O rio e sertão se configuraram, então, como espaço de fronteira, no sentido proposto por Russell-Wood58, de limite entre dois pólos, nem sempre antagônicos, e, também como fronteiras metafóricas, consideradas por aquele autor, como o lugar de encontro entre diferentes culturas. É nessa perspectiva, que o tema agora será tratado. Quem eram os primitivos habitantes dessa região e como esse povoamento inicial sofreu impacto com a interiorização dos portugueses?
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O sertão, que abriga grande parte da malha fluvial brasileira, foi então cenário do encontro dos mais diferentes tipos étnicos: os índios em seu habitat natural ou interiorizado por força da pressão do povoamento costeiro; os africanos fugitivos ou envolvidos na exploração mineral; os bandeirantes (portugueses e brasileiros); os franceses que ocuparam o norte do território; os mestiços que foram resultados dos diversos cruzamentos étnicos. Essa combinação múltipla, contrária, às vezes, mas conformada na sobrevivência nos sertões, dava contorno e forma àquele meio.
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No sul, a exploração inicial dos sertões ocorreu pela região do rio São Francisco, mas logo os paulistas iriam efetivar um novo roteiro, que resultaria no abandono, quase por completo, da rota do São Francisco para atingir a região centro – oeste do Brasil. Enquanto paulistas efetivaram novos caminhos, a Bahia, mais particularmente, Porto Seguro configurou-se como o portal de entrada às “serras douradas”72.
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Nota: Piquete no caminho do Território Goiano, no Caminho do Alto São Francisco; No caminho da Integração do Brasil: Resta definitivamente esclarecido que, assim como na exploração da região do alto São Francisco, como a do território Goiano pelos paulistas, havendo abandonando essa opção, ou seja, pelo Sul da Bahia, o novo roteiro para atingir essas regiões, em um primeiro momento, dada a importância e imprescindibilidade da utilização dos Rios, foi através do Vale do Paraíba. A assertiva encontra fundamento no magnífico trabalho da professora Ana Villanueva, intitulado “OS MARCOS GEOGRAFICOS COMO REFERÊNCIAS NA OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO PAULISTA”(2). Desta feita afirma que: “em 1596, a bandeira chefiada pelo Capitão-Mor João Pereira de Souza Botafogo, configurou-se pelo deslocamento seguindo o Vale do Rio Paraíba, quando então alcançou as regiões dos rios Verdes e Sapucahy, após travessia da Mantiqueira pela Garganta do Embaú, passando pelo morro do Cachambú em direção ao território Goiano(grifos meu). Por outro lado, esclarece que a bifurcação do caminho se dava na região de Guaratinguetá. Portanto, não obstante a importância do Rio Paraíba, havia um limite possível de navegabilidade em razão das catadupas pois, do contrario, não se justificaria, o porto Guaipacaré, como ponto limite do sertão, que obrigava a transposição. Sendo oportuno lembrar que a região de Guaratinguetá, se constitui em um dos trechos mais estreitos do Vale do Paraiba, para reafirmar que se trata de uma geografia com condições propricias as formações das referidas catadupas. Em definitivo, no que tange a transposição da Serra, via Garganta do Embú, ou Garganta do Piquete (Meia-Lua), pela identificação das toponímias contidas em inúmeros roteiros é possivel afirmar que, estas referências como exemplo, estão contidas no roteiro de Alexandre Grymmer de 1601, quando da expedição de Adré de Leão. Após transpor a serra da Mantiqueira, passa pelos Pinheiros e por rios navegáveis, cuja confluência, tomava a direção Oeste, ou seja, Rio Verde, Lourenço Velho, Sapucaí e outros, juntando-se ao Rio Grande, um dos formadores da bacia do Paraná, rumo ao Paraguai. Fazendo um paralelo, prescidir do Rio Paraiba naquela época, seria o mesmo que hoje, deixar de usar uma auto-estrada e viajar do Rio a São Paulo pela estrada velha.



 

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...