sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Os Judeus em Minas Gerais (Marcelo M. Guimarães)

(Transcrição) Em 1591 nomeou-se o primeiro comissário do Santo Ofício, Heitor F. de Mendonça o qual chegou na Bahia no dia 09 de Junho. Oficialmente o decreto de instituição da Inquisição em Portugal e nos países do Reino só aconteceu no dia 31 de Março de 1821.
Entretanto, a separação entre Igreja e Estado no Brasil só ocorreu em 1891, na primeira constituição republicana, quando o direito de crer ou não crer foi respeitado.
Podemos afirmar sem sombra de dúvida, de que o Brasil foi o país do mundo onde a Inquisição durou por mais tempo, 381 anos se considerarmos a data do descobrimento que ocorreu nos primórdios da introdução da Inquisição em Portugal.
As comunidades judaicas se localizavam preferencialmente em cinco Estados. Iniciou-se na Bahia, Pernambuco, Paraíba. Mais tarde, no Rio de Janeiro e Minas Gerais, o Estado que mais se destacou no Brasil no século XVIII e no mundo, quando a notícia da garimpagem do ouro nos seus rios tornou-se e uma sonho para muitos aventureiros.
As idéias iluministas da Revolução Francesa, trazendo uma nova ordem institucional, refletiu diretamente nesta capitania, destacando os famosos e ilustres inconfidentes mineiros, entre os quais, os cristãos-novos descendentes dos judeus portugueses que desempenharam relevantes papéis na independência que mais tarde viria.
Abaixo consta a relação de cristãos-novos de Minas Gerais que foram julgados pela Inquisição de Minas Gerais (estes processos foram analisados pela historiadora Neuza Fernandes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro conforme o livro de sua autoria denominado “A Inquisição em Minas Gerais no século XVIII”.
Processos de Inquisição em Lisboa
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"Na verdade, Portugal sofreu a maior Sangria Migratória para as Minas Gerais.  Foram multidões de cristãos-novos portugueses que atravessaram os oceanos, montanhas e florestas, cerradas, para justamente com os africanos, fazerem a história de um povo", afirma Neuza Fernandes [5].  Abaixo, alguns exemplos de cristãos-novos, grandes atacadistas e agentes financeiros do Estado de Minas Gerais.
David de Miranda, português, morador em Ribeirão do Carmos, hoje Mariana, durante os anos de 1721 e 1724.  Foi importador de tecidos de Lisboa em empreendimento com seu irmão Francisco, atendeu esse negócio até as Minas.  Concomitantemente, aliou-se ao cunhado, Diogo de Ávila Henriques, que, por sua vez, era sócio do primo Diogo de Ávila.  Outros primos, Gaspar Henriques e Jerônimo Rodrigues mantinham ativo comércio entre Minas e Bahia, incluindo roupas e tecidos. 
Damião Roiz Moeda, tinha negócio de transporte de cargas de negros, chapéus e escravos do Rio de Janeiro para Minas Gerais.  Era sócio do cunhado, João Roiz Vizeu, e do proprietário de engenho João Roiz do Vale, que financiou a sociedade estabelecida na base de um terço dos lucros para cada um.
Francisco Nunes de Miranda, (o nobre nome "Nunes" tem origem do hebraico "Ben Num" - "Filho de Num"; o sobrenome "Miranda" vem da importante cidade da fronteira de Portugal com a Espanha, a qual recebeu a maior quantidade de judeus expulsos da Espanha em 1492).  Cristão-novo.  Foi médico e rico comerciante, com domicílio na Bahia, Rio e Minas (cidade-Mariana).  Mantinha relações comerciais com Francisco Pinheiro e com outro parente, Joseph de Castro, que transportava escravos da costa de MIna e de Angola para o Brasil.   Foi o primeiro cristão-novo preso no século XVIII no Brasil pela Inquisição – Processo Número: 1.292. [6]

Manuel Nunes Viana, rico comerciante e homem de negócio de ouro, escravos, terras e gado, sediando na fazendo de Jequitaí, em sociedade com seu primo Luiz Soares.
Miguel Telles da Costa, tinha relações comerciais nas praças de Minas, Rio e Portugal. Associado ao seu sobrinho, concentrou suas atividades na região do rio das Mórtes mais ao sul, próximo a Curralinhos e Itaperava – MG.
João de Moraes Montezinhos, tinha em Minas, negócios com seu cunhado, trabalhando com carregamentos e recebendo uma percentagem de 5% sobre as vendas.

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...