O que se sabe de concreto é que Brás Cubas a esta época sobe ao planalto respeitando a faixa de terras de sua sesmaria e dá com um riacho que seguindo o curso desemboca num grande Rio; O Primeiro seria o Ribeirão Tatuapé e o segundo o Rio Tietê. Ali, na confluência dos dois rios, montou pequeno vilarejo que se chamaria de Fazenda Piqueri e construiu uma ermida a Santo Antônio. Abaixo, a carta de sesmaria referente a esta propriedade.
"Braz Cubas Cavalheiro Fidalgo Casa de El-Rei Nosso Snr. e Alcaide-mor desta Villa de Santos e Provedor da Fazenda Real nas Capitanias de S. Vicente e S. Amaro ... é porque os rumos das terra do ditto Pedro de Goes, com que elle Suplicante vai partindo para o Sertão, não chegava mais q. até a borda do Campo onde está hum pinhal donde esteve a Povoação de Santo André, onde já teve João Ramalho roças e, elle Suplicante, dahi vai partindo mais adiante para a terra dentro ... sahindo do ditto pinhal donde finece, e acaba a datta di ditto Pedro de Goes, com quem elle Suplicnate hé Meyeiro, começará a partir pela banda de loeste que vai dari pelo caminho de Piratininga por entre o Capão Grande, onde Franco Velho já teve roças, e matto, onde roçarão os moradores da ditta Povoação de Santo André sempre pello ditto caminho assim como vai passando o rio de Tamandoateí, e dahi cortar direito sempre pello idtto caminho, q. vai a Piratininga, q. está na Borda do Rio Grande que vem do Piqueri, e ahi vae vae correndo direito para o sertão onde couber sua partilha, conforme a sua escriptura, e carta de dada, e instrutumento de posse, como dito he largura sempre de 3 léguas. Do ditto caminho, que fica por marco para a banda de leste, onde está um logar e aldeia dos índios que chamão Piqueri, onde elle Suplicante tem sua Fazenda há muitos annos e hua ermida de Santo Antonio, cuberta de telha, e cazas fortes por respeito dos contrários e gente e gados assim vacuns, e porcos, onde faz muitos mantimentos com que sempre ajuda a sustentar os Engenhos de Açucares, que há nesta Capitania, e Armadas de S. alteza, que ditta Fazenda muitos annos que tem vinhas de q. há vinho, com q. se dizem as Missas nesta Capitania, quando não há vinho do Reino, e com mantimentos da ditta sua Fazenda ajudou a sustentar as guerras, q. tivemos com estes nossos índios no tempo que puzerão o cerco sobre a Villa de S. Paulo q. houvera 6 ou 7 anos apouco mais ou menos, e onde lhe mandarão digo matarão muito gado e escravos seos pelejando o ditto cerco por defenção da terra aos inimigos me pedia por merce que havendo respeito ao que ditto hé, houvesse por bem em nome ao ditto Snr. Governador e pellos poderes, que delle tenho, como seo Capm. e Ouvidor haver por boa a ditta posse em que está a ditta demarcação da maneira q. ditto hé pelo ditto caminho já ditto, atravessando de Piratininga o ditto rio Grande adiante , visto a escriptura e a carta de Dada, e instrumento de posse e partilha, que apresenta com esta petição, e q. por eu ser antigo na terra, dos primeiros que a povoarão sabia o conteúdo nesta petição, por ser assim verdade, e assim sabia, outro sim muito bem a ditta demarcação por onde parte pello ditto caminho, como está ditto por andar muitas vezes por elle, e sabia, que elle Suplicante, possuía as dittas terras, e posses dellas desde o ditto tempo aqui declarado até agora."
A importância do estabelecimento de Cubas nesta região é a origem da Penha e do Tatuapé, através do embrião fazenda Piqueri. Ali, Brás Cubas desenvolveu variadas culturas de plantio e criação de Gado. A produção de vinho, já citada, seria uma referência entre as culturas ali desenvolvidas. (Fonte: http://migre.me/8pRRS)
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versão, copiada em 1869 e colorida (clique nas imagens para ampliá-las):
Mapa: http://migre.me/8pS8i
Porta para as riquezas do Paraíso Terrestre:
Porta para as riquezas do Paraíso Terrestre:
- Em 1553, chegava a Lisboa a notícia levada por Tomé de Sousa, atribuída a certo mameluco do Brasil que o acompanhava, que pretendia ter andado no Peru, de onde tornara por terra à costa do Brasil e afirmava que tal percurso poderia ser feito em muito poucos dias. Em 1560 e no ano anterior, tinham-se realizado as expedições de Brás Cubas e Luís Martins, a partir do litoral vicentino, e "de uma delas há boas razões para presumir que teria alcançado a área do São Francisco, onde recolheu amostras de minerais preciosos. Marcava-se, assim, um trajeto que seria freqüentemente utilizado, no século seguinte, pelas bandeiras paulistas", refere Sérgio Buarque de Holanda. (Fonte:http://migre.me/8pT2c)
- O historiador Capistrano de Abreu tentou identificar tal mameluco citado por Tomé de Sousa como sendo Diogo Nunes, provavelmente natural da capitania de São Vicente, que por volta de 1554 ofereceu a Dom João III curiosos Apontamentossobre uma viagem ao Peru, relatando que seria possível "ir por São Vicente, atravessando pelas cabeceiras do Brasil, tudo por terra firme". Nesse ponto, contradiz outro historiador, Varnhagen, que acreditou ser o espanhol Diogo Nuñes de Quesada o autor de tal documento.
- São também citadas as narrativas de Anthony Knivet sobre como seria bem mais curto o trajeto do litoral vicentino (que abrangia Cananéia, um dos pontos de entrada dos expedicionários) ao Serro de Potosi. Outro inglês - Thomas Griggs, tesoureiro do navio Minion of London, mandado ao Brasil em 1580 por uma companhia londrina de aventureiros - informava que certa parte do Peru estaria situada "por água ou terra a doze dias apenas" da vila de Santos. Seu testemunho confirma as informações do compatriota John Whithall, então morador em Santos, que atraíra a atenção dos aventureiros londrinos.(ibidem)
- Não por acaso, Santos e São Vicente passaram subitamente a despertar grande interesse entre mercadores, navegantes e piratas ingleses, que pensaram em estabelecer na ilha vicentina um trampolim para a conquista das minas espanholas de Potosi, já que São Vicente era pouco fortificada e bastante abastecida de víveres que sustentariam "infinitas multidões" de conquistadores. (ibidem)
- Ainda assim, registram-se por volta de 1600 algumas entradas em busca dessas riquezas, especialmente da lendária lagoa dourada de Paraupeba ou Paraupava (nas montanhas de Sabarabuçu ou Sabaroasu - topônimo proveniente de Taberaboçu, forma corrompida do tupi Itaberaba e seu aumentativo Itaberabaoçu, significando "serra resplandecente"), onde começariam importantes rios, como o São Francisco, o Prata e o Amazonas - que se acreditava estarem interligados a ela, pelo fato de serem rios caudalosos e perenes. Tal lagoa - que explicaria o fato desses rios serem ainda mais caudalosos no verão, quando se esperaria que secassem devido ao calor - estaria no território do atual estado de Goiás ou em Minas Gerais, onde inclusive existe ainda o assim denominado sítio de Paraopeba (e o Rio Paraopeba é um dos principais afluentes do alto curso do Rio São Francisco).(ibidem)
- Assim acreditava João de Laet, que reproduziu em sua obra as observações do compatriota Guilherme Glimmer "acerca de uma viagem que pudera empreender em 1601, quando morador na capitania de São Vicente, e que até hoje representa o único documento conhecido sobre o percurso da bandeira confiada ao mando de André de Leão. As origens dessa expedição prendem-se, de acordo com o testemunho de Glimmer, ao fato de ter recebido Dom Francisco de Sousa de certo brasileiro, pela mesma época, amostras de uma pedra de cor tirante ao azul, de mistura com grãos dourados. Submetida ao exame dos entendidos, um quintal dessa pedra chegara a dar nada menos do que trinta marcos de prata pura." (ibidem)
- Depois de aludir às expedições de Aleixo Garcia e do espanhol Cabeza de Vaca, pelo caminho iniciado em Cananéia, nos primeiros anos do século XIV, o autor deVisão do Paraíso observa ser "provável que a via de São Vicente a Assunção, aberta aparentemente pelo ano de 1552 ou pouco antes, fosse um dos galhos da mesma estrada. Não há prova de que antes da vinda dos europeus fosse correntemente usada, em todo o seu curso, pelos Tupi vicentinos. Ao menos em certa informação que, depois de 1554, escreveu do Paraguai Dona Mencia Calderón, a viúva de Juan de Sanabria, diz-se que 'de São Vicente se podia ir até Assunção por certo camiño nuevo que se habia descubierto'." (ibidem)
- Seis anos depois, Brás Cubas partiu de Santos (SP), seguiu pelo rio Paraíba chegando até a Serra da Mantiqueira, passando pelo vale do rio são Francisco até a barra do rio Paranamirim, retornando até o inicio da sua expedição pelo mesmo caminho. (Fonte: http://migre.me/8q3wS)
Nota: Em decorrência do insucesso no que diz respeito a entrada dos Portugueses, comandados por Martins Afonso de Souza objetivando alcançar a região do Alto Peru (hoje Bolivia) é possível ter dúvida no sentido que as sesmaria concedida a Brás Cubas, que se estabeleceu com uma fazenda em Mogi das Cruzes, boca do Sertão, não se constitui no inicio do novo caminho em demanda do Peru ? Essa assertiva não encontra fundamento na referência trazida no sentido que, as jornadsa de Anthony Knivet, e Guilherme Glimmer estão relacionadas a esse novo caminho. Somada a incontrastável jornada realizada pelo próprio Brás Cubas. Em definitivo parafraseando, havendo escrito do Paraguai Dona Mencia Calderón, a viúva de Juan de Sabria, dizendo que "de São Vicente se poderia ir até Assunção por certo caminho novo que se havia descoberto" não esta falando do mesmo caminho dos Paulista, Caminho Geral do Sertão? Tendo em vista a confluência do caminho dos Paulista com o caminho de Paraty, não foi esse o motivo da proibição do uso do caminho dos Tupiniquins, obrigando a todos que buscassem o caminho geral do sertão a passarem necessariamente por Paraty? As portas para as riquezas do Paraíso Terrestre!
No mapa alto da Serra, corresponde a Raiz do Monte, desfiladeiro de Itajubá, Garganta do Sapucai, Meia Lua.
No mapa alto da Serra, corresponde a Raiz do Monte, desfiladeiro de Itajubá, Garganta do Sapucai, Meia Lua.
Pico o Meia Lua