terça-feira, 10 de abril de 2012

ESTRADAS REAIS NO SÉCULO XVIII: A IMPORTÂNCIA DE UM COMPLEXO SISTEMA DE CIRCULAÇÃO NA PRODUÇÃO TERRITÓRIAL BRASILEIRO ( Rafael Straforini)

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Sistema de circulação e o controle do território
Como expressa a historiografia, a mineração de metais preciosos tornou-se a atividade central da política exploratória da América Portuguesa no Setecentos, logo, o seu destino deveria ser, indubitavelmente, os portos da Colônia. O porto de Santos foi o primeiro a ter função de escoar o ouro para a metrópole, dada a proximidade com as minas, a rede de clientelismo que favorecia os “paulistas poderosos" (ANDRADE, 2002) no recebimento dos lotes minerais, bem como na proximidade e acesso que essa praça portuária tinha à vila de São Paulo, que, na ocasião, constituía-se como o principal ponto de entroncamento de vários caminhos e rotas de penetração (ABREU, 1963), resultado da tradição bandeirista. Desses, o caminho do vale do Paraíba que conduzia à Serra da Mantiqueira, após seguir o vale, tornou-se a principal rota de entrada de migrantes, da saída do ouro e do próprio abastecimento das minas nos seus primeiros anos. Era o chamado Caminho Geral do Sertão. Prado Jr. (2000) e Santos (2001), dentre outros autores, utilizaram os relatos de Padre Antonil [16] para descrever a rota paulista que partindo da vila de São Paulo, passava pela Penha, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Laranjeiras, Jacareí, Taubaté, Pindamonhangaba, Guaratinguetá e Lorena. Transpunha-se a serra da Mantiqueira pela garganta do Embau e, vencida a “cordilheira” o caminho bifurcava-se, indo um dos ramos para as minas de Ribeirão do Carmo e Ouro Preto e o outro para as minas do Rio das Velhas. A esse caminho, juntou-se uma variante que partia do Rio de Janeiro por terra até Sepetiba, seguia por mar até Paraty e daí, subia a Serra do Mar atingindo o planalto nas proximidades da vila bandeirante de Guaratinguetá, seguindo desse ponto em diante pelo mesmo Caminho Geral. Esse caminho do Rio de Janeiro às Minas Gerais, passando por Paraty passou a ser chamado no século XVIII de Caminho Velho.
O rápido crescimento populacional da região aurífera e sua necessidade de abastecimento, bem como o escoamento rápido e seguro do ouro demandavam um sistema de circulação com qualidades não encontradas nem no Caminho Velho, muito menos no Caminho Geral, dadas as suas dimensões espaço-temporal alargadas. Faltava, desta forma, dotar os sertões das Minas Gerais dos Cataguás, como assim era chamada a região aurífera, de um sistema de circulação mais rápido e seguro com o objetivo de garantir maior fluidez na circulação do ouro, mercadorias, alimentos, pessoas e informações, logo, maior controle sobre a arrecadação dos impostos, como o quinto real e o dízimo. Em outras palavras, podemos dizer que a exploração das minas de ouro deu-se num ritmo veloz, enquanto a circulação continuava viscosa em virtude das inúmeras dificuldades encontradas nos primeiros caminhos.
A intenção da abertura de um caminho que ligasse diretamente a cidade do Rio de Janeiro às Minas Gerais já aparecia em cartas escritas pelo então Governador do Rio de Janeiro – Artur de Sá e Meneses – ao Rei de Portugal, como na de 24 de maio de 1698. Nela, o Governador demonstra preocupação com “o extravio do ouro por caminhos outros, com as dificuldades que se acham os mineiros de todas as vilas e os do Rio de Janeiro de chegarem” e, por fim, com o próprio abastecimento de gêneros alimentícios para justificar sua ida a São Paulo com o objetivo de “encontrar alguém para a abertura de um caminho que viesse pôr fim a tais inconvenientes à Fazenda do Rei” [17]
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(Fonte: http://migre.me/8ChH8)

Nota: Ainda que reiteradamente, omitem as pesquisas, como se os caminhos do ouro tivessem em Guaratinguetá ou em Lorena, uma seção de continuidade, a serra da Mantiqueira era alcançada necessariamente, via Núcleo Embrião de Piquete. Por um caminho mais antigo com relatos documentados de que fora trilhado desde 1530, via Caminho Geral do Sertão, Alto da Serra, desfiladeiro de Itajubá, Garganta do Sapucaí, Meia Lua. Ou via Registro (Piquete) Garganta do Embaú.

Mapa do caminho via Registro (Piquete) Garganta do Embaú.
Mapa: De qualquer forma, resulta definitivamente comprovado que, à partir de Guaratinguetá tomavas-se o Rumo Norte. Indubitavelmente pela margem esquerda do Paraíba do Sul, em conformidade com o mapa. Sendo certo ainda que o ponto de referência de acesso ao afluente do referido Paraiba,  inicio do caminho percorrido à pé,  pelas margens do ribeiro da Limeira , é a Bica do Ouro, localizada no Campus I da USP, em Lorena. 

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Mapa do caminho via Caminho Geral do Sertão, Alto da Serra, desfiladeiro de Itajubá, Garganta do Sapucaí, Meia Lua.

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

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