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Caminho Velho, via Registro (Piquete-SP) e Conceição do Embaú (Cruzeiro-SP)
Carta corográfica - Capitania de S. Paulo, 1766
Grande parte da imagem de exímios sertanistas, projetada sobre os paulistas, devia-se ao arsenal de técnicas destinadas à sobrevivência nos matos, das quais fazia parte o plantio antecipado de cereais. Nos escritos de orientação pró-paulistas, os sertanistas são apresentados como homens dotados de excepcional bravura e coragem, capazes de suportar os mais terríveis trabalhos e as fadigas, sem jamais se abaterem, mesmo sob a ação da fome. Para o frei Gaspar da Madre de Deus, nem portugueses, nem os “brasileiros naturais de outras capitanias” exibiam a mesma habilidade, pois que quando os acompanhavam em suas viagens aos sertões, freqüentemente desistiam, retrocedendo “por se não atreverem a suportar as fomes e os incômodos que neles sofriam.”14 As fontes mostram que, uma vez instalados nas Minas, os paulistas reeditaram o velho costume de cultivar roças destinadas à subsistência, mantendo plantações e criações junto às lavras e datas. Um pouco diferente, contudo, era a situação daqueles que, provenientes da Europa e mesmo da América Portuguesa, não estavam suficientemente familiarizados com as técnicas de sobrevivência nos matos. As dificuldades começavam pelo caminho: sem poder contar com os recursos naturais, ficavam à mercê das provisões que levavam e dos mantimentos vendidos à beira das estradas - segundo Ambroise Jauffret, os que partiam do Rio de Janeiro, por exemplo, seguiam até Taubaté, onde compravam milho, abóbora e feijão para serem consumidos ao longo de uma jornada de vinte dias, ao fim da qual chegavam ao Rio das Mortes, onde novamente se abasteciam para alcançar as minas do Ribeirão do Carmo.15 Assim que chegavam as Minas, todos tratavam primeiro de plantar suas roças nas imediações das datas minerais, instalando-se depois nos arraiais e povoados, para esperar até que os mantimentos pudessem ser colhidos.16 Só então é que tinham início os trabalhos de mineração. Por sorte, os ritmos da agricultura ajustavam-se perfeitamente aos ritmos da mineração: na estação das águas, entre novembro e fevereiro, era praticamente impossível lavrar os rios e ribeirões, em razão do grande volume de água; mas era a época propícia para o plantio do milho, mandioca e feijão. Nos relatos, percebe se a existência de um padrão bem definido: em novembro, antes de partir, procedia-se à semeadura; regressava-se em fevereiro, quando se iniciavam a colheita e os trabalhos de mineração. Entre o plantio do milho e a colheita, eram necessários mais ou menos noventa dias. No caso do feijão, o ciclo girava em torno de sessenta dias. Mais longo, o ciclo da mandioca tinha doze meses. Apropriadamente, Sérgio Buarque de Holanda dá o nome de “civilização do milho” à cultura dos paulistas, chamando a atenção para o papel decisivo que o cereal desempenhou nas formas de subsistência da gente do Planalto.17 Nos sertões mineiros, o milho consumido prescindia da moagem, que era uma técnica desconhecida pelos índios, que preferiam o milho verde cozido ou a pipoca. Aliás, aos paulistas é atribuída uma preferência especial pela pipoca, conhecida à época como “milho escolhido da brasa.” Nada se comparava, porém, ao consumo maciço do milho amadurecido, empregado para a fabricação da farinha – o verdadeiro pão da terra, nas palavras de Holanda - , e a canjica grossa, descrita pelo biográfo de Belchior de Pontes como um “guisado especial de São Paulo.” Talvez a principal razão pela preferência dada ao milho esteja na facilidade com que podia ser transportado por longas distâncias, sob a forma de grão, para ser depois semeado, ajustando-se, por isso mesmo, às exigências de mobilidade característica dos sertanistas.18
Fonte: http://migre.me/af6Dh.................................................................................................................................
Caminho Velho, via Registro (Piquete-SP) e Conceição do Embaú (Cruzeiro-SP)
Carta corográfica - Capitania de S. Paulo, 1766
Apresentando o Estado Político da Capitania de São Paulo em 1766, foi elaborada esta carta, com particular atenção aos limites com Minas Gerais. Fonte: http://migre.me/a4Yyo