sábado, 10 de novembro de 2012

Na linha do tempo Mais de 300 anos de História (Transcrição)

Século 16: os primórdios
A área onde está Paraty ficava sob a jurisdição da atual Angra dos Reis, que começou com um povoado na localidade de Vila Velha e, em 1593, se elevou a Vila dos Santos Reis Magos. Angra dos Reis, por sua vez, pertencia à Capitania de São Vicente. 
O donatário da Capitania de São Vicente era Martim Afonso de Sousa, que fundou como sede a vila de São Vicente, no litoral paulista, em 1532, a primeira povoação oficial da América portuguesa.
O território da Capitania de São Vicente tinha uma seção norte, que ia de Macaé a Caraguatatuba, passando por Cabo Frio, Niterói, Rio de Janeiro, Angra dos Reis e Ubatuba. E uma seção sul, que ia de Bertioga à ilha do Mel, na baía de Paranaguá, passando por São Vicente, Santos, Itanhaém, Peruíbe, Iguape e Cananéia. Entre essas duas seções ficava a Capitania de Santo Amaro, com parte de Caraguatatuba e Bertioga, cujo donatário era Pero Lopes de Sousa, irmão de Martim Afonso de Sousa. 
A atividade econômica de São Vicente era a produção de açúcar para exportação, mas fracassou, entre outros fatores, por problemas do solo e pelo transporte caro, devido à distância do Rio de Janeiro e aos riscos da viagem por mar aberto. 
Diante disso, os colonos de São Vicente e seus descendentes avançaram pelo litoral, subiram a serra do mar e alcançaram o planalto, procurando sítios melhores para se estabelecerem, desenvolvendo outras atividades econômicas, partindo para a busca de riquezas, deixando povoações em seu rastro e promovendo o desbravamento do território brasileiro. 
No planalto paulista, os colonos de São Vicente fundaram várias povoações, entre elas São Paulo de Piratininga, em 1554, onde se dedicaram à agricultura de subsistência, ao gado e chegaram a grandes plantações de trigo usando indígenas como escravos. 
Enquanto isso, a Capitania de São Vicente acabou abandonando a seção norte de seu território e a baía da Guanabara foi invadida pela França, em 1555, sob o comando de Nicholas de Villegaignon, para criar a França Antártica, um encrave colonial no Brasil. 
Entre os objetivos desse encrave estava a comercialização do pau-brasil, madeira de grande valor na Europa e que eles exploravam no Brasil desde o início do século 16, associados a grupos indígenas. Na baía da Guanabara, que abrigava importantes reservas dessa madeira, os franceses foram calorosamente recebidos pelos tupinambás (1), com quem comerciavam desde 1530. 
No sudeste brasileiro, os tupinambás dominavam desde Caraguatatuba e São Sebastião, em São Paulo, até o cabo de São Tomé, no Rio de Janeiro, concentrando-se na baía da Guanabara e em Cabo Frio. A presença dos tupinambás no litoral sudeste foi registrada pelo viajante alemão Hans Staden (2) em 1556, na primeira referência impressa a Paraty.
Aliados aos tupinambás, que estavam unidos na Confederação dos Tamoios (3) contra a escravização pelos portugueses, os franceses passaram a armar emboscadas contra os portugueses por todo o litoral paulista, impedindo-os de se fixarem na terra. Para vencerem os franceses, os portugueses tiveram que fazer um acordo com os tupinambás, mediado pelos jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta. 
Com a expulsão dos franceses, em 1567, a seção norte da Capitania de São Vicente foi desmembrada e refundada como Capitania do Rio de Janeiro, sob o comando de Salvador Correia de Sá. 
Em 1572, a Coroa instalou nessa capitania o Governo Geral do Leste e do Sul (4) , que abriu comunicações com a Capitania de São Vicente. E, desde o século 16, essa ligação foi articulada pela baía de Paraty, onde se chegava por mar e de onde se subia ao planalto por um antigo caminho indígena da serra da Bocaina.
Mais tarde, esse caminho seria batizado como trilha do Facão, nome do arraial onde terminava, hoje a cidade de Cunha. Agora, a trilha do Facão é conhecida, em Paraty, como Caminho do Ouro. 
Essa trilha se transformou no elo essencial de uma próspera rota de comércio conhecida por Caminho Marítimo-Terrestre (5), onde as mercadorias saíam do Rio de Janeiro, desembarcavam no porto de Paraty, subiam a serra até Cunha, passavam por Guaratinguetá e chegavam a São Paulo, de onde seguiam para as povoações paulistas do planalto e desciam a serra do Cubatão rumo a São Vicente e outras vilas litorâneas. . 
Essa intensa linha de comércio pode ter estimulado os colonos da vila de São Vicente, fundadores de São Paulo e dessas povoações, a se estabelecerem na baía de Paraty, formando um povoado no atual morro do Forte e erguendo, em 1630, uma capela a São Roque.
1630-1667: de povoado a vila
A escolha do local para esse povoado seguiu critérios da colonização portuguesa da época. Um deles foi a existência de água potável, essencial para a subsistência da futura população e para o reabastecimento das embarcações de passagem. 
Outros foram a proximidade de terrenos próprios para o cultivo e a localização numa baía abrigada, que favorecesse a defesa e a comunicação com o litoral e o interior. No item defesa entrou a elevação do terreno, elemento determinante na localização de cidades durante os séculos 16 e 17. E, nesse caso, a ameaça eram os ataques dos índios guaianás (6).
Do alto do morro do Forte se vêem a Paraty atual e a praia do Jabaquara, onde fica o sítio arqueológico da Toca do Cassununga, um impressionante arranjo natural de rochedos que faz parte do lendário da cidade e sob o qual está enterrado um cemitério indígena que remonta à primitiva ocupação da região (7).
Em 1646, o povoado do morro recebeu da sesmeira (8) Maria Jácome de Melo uma doação de terras para se fixar entre os rios Perequê-Açu e Patitiba, atual Mateus Nunes, onde está hoje o Centro Histórico. Sesmeiros eram colonos que recebiam da Capitania porções de terra para cultivo e povoamento, chamadas de sesmarias. A condição de D.Maria para a doação dessa área foi de que o povoado erguesse uma Matriz a N.S.dos Remédios, da qual ela era devota. 
Nesse mesmo ano, o povoado iniciou a transferência do morro do Forte para essas terras e atendeu à exigência da sesmeira, erguendo a essa santa uma matriz de pau-a-pique, com cobertura de palha. Por isso, o edifício se arruinou em pouco tempo e os moradores ergueram outro semelhante, mais próxima da baía onde se situou o arraial. 
Cessada a ameaça dos guaianás, com sua dizimação quase total, foi possível o estabelecimento definitivo do povoado na nova área. Essa transferência também foi possível porque, com o desenvolvimento da artilharia, as povoações ganharam defesa maior para ocupar terrenos planos, ao invés de, obrigatoriamente, lugares altos. 
Em 1660, o governador do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá, mandou alargar a trilha do Facão, então uma estreita picada na mata, transformando o antigo caminho guiaianá numa via de riquezas para a vila Nesse mesmo ano, o povoado se separou por conta própria da freguesia de Angra dos Reis e se auto-nomeou Vila de N.S.dos Remédios de Paraty (9).
Em 1667, a Coroa portuguesa reconheceu essa nomeação como fato consumado e o assentimento a isso se deu em razão do desenvolvimento econômico do povoado e do comércio pela trilha do Facão. Em 1668, a vila iniciou as obras de uma segunda Matriz, em pedra e cal, substituindo a de pau-a-pique.
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Fonte: http://www.paratiando.com/300anos.html
Nota: Quando afirmamos que um dos Ramais do Peabiru tinha inicio em São Vicente, devemos ter em consideração que, Agras dos Reis estava contido nessa mesma região, sendo certo que está ultima, continha a Baia de Paraty, inicio do Caminho Velho. Desta feita,  afirmar que o caminho do Peabiru tinha inicio em São Vicente,  podemos estar falando ainda, do Caminho de Bertioga à Mogi que dada a posição estratégica deu origem a construção de uma Fortaleza em 1553, a mando de Tomé de Souza. Ou existe dúvida quanto ao caminho percorrido pelo Governador do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá, em 1596, em companhia de Anthony Knivet?

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