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Fonte: http://migre.me/cyHov
Os movimentos de aproximação sistemática entre São Paulo e o interior paraguaio que se efetivaram no momento mesmo da união das coroas, quando eram todos “cristãos e vassalos de um mesmo rei” ocorreram por uma conjunção de motivos e interesses. Corredor para Potosí, trocas comerciais ou cobiça sobre a mão de obra indígena são os motivos, laicos, mais explícitos; entretanto, estes objetivos serão atravessados por circunstâncias regionais. De alguma maneira podemos ver São Paulo como uma vila que esteve situada entre dois impérios, o português e o espanhol, e esta definição não tange somente a geografia, mas também a natureza dos processos coloniais e da própria configuração da população da vila, bastante marcada pela presença castelhana. Alguns trabalhos têm sido produzidos sobre a presença portuguesa na América espanhola e sobre as redes de solidariedade que estes organizavam nestes territórios, a maior parte deles articulados ou sobrepostos a interesses comerciais. No caso dos castelhanos na América portuguesa os trabalhos são praticamente inexistentes, com raríssimas exceções (AMARAL, 1981); e muito menos pensados em termos de articulações de interesses. Portanto, ver as tratativas de casamento entre os Benitez de Vila Rica e os Camargo de São Paulo; bem como a atuação dos Godói, não deve ficar na simples coincidência, mas como uma construção de uma rede de solidariedade e de articulações que carregavam também forte sentido identitário, no caso, castelhano. Isso foi ainda mais intenso, na história da vila de São Paulo, quando dos casamentos de famílias importantes nos destinos daquela comunidade, como os Buenos com os Camargos ou dos Rendon com os Buenos; costuras simbolicamente poderosas na quase mítica e suspeita Aclamação de Amador Bueno, quando da chamada Restauração portuguesa.
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