domingo, 6 de janeiro de 2013

Capitanias Paulistas (Benedito Calixto)

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"O Rio São Francisco fascinou Duarte Coelho, primeiro donatário de Pernambuco, que, para devassá-lo e arrancar-lhe as riquezas apregoadas, apenas esperava a hora de Deus, segundo sua grave expressão", escreve Capistrano de Abreu, ao se referir às penetrações do sertão setentrional. A mesma fascinação experimentaram os dois futuros donatários de São Vicente e Santo Amaro, bem como os demais colonos aventureiros ao visitarem as zonas dos estuários de Cananéia, Superagi, Morpion e os cursos da Ribeira de Iguape, Anhembi, Paraíba etc.
Além desses estuários e caudais, o que mais lhes interessava, seriam as regiões do litoral em que existiam caminhos de penetração, por onde os índios se comunicavam com o planalto e interior do sertão, os caminhos de Parati pela Serra do Facão, que conduziam o vale do Paraíba e às serras de Cataguazes [62], bem como os de Ubatuba e Caraguatatuba (as terras dos Tamoios), que estabeleciam, a estes indígenas, comunicações com o mesmo vale do Paraíba e Paraibuna, onde tinham povoações.
Os índios da Bertioga, já quase extintos nessa época, tinham seu "caminho do sertão" pelo rio Tutinga e serras que se estendem até as proximidades de Mogi das Cruzes e Paraíba. De Jurubatuba (porto de Santos) havia outra via de comunicação para Mogi, a qual se melhorou no tempo de Braz Cubas, conforme é ainda conhecido pelos vestígios existentes nas respectivas serras.
Em Santos e São Vicente, além desses dois caminhos - Tutinga (da Bertioga) e Jurubatuba - bem como de outras veredas que iam ao Alto da Serra e Borda do Campo -, existia ainda o célebre "caminho velho" (Pissaguéra) que do Rio Uruguai seguia, margeando a cachoeira, até a Grota-Funda, e dali até o alto (Rio Grande e Campo Grande), donde se dirigia para Santo André e São Paulo de Piratininga [63]. O caminho do Cubatão, depois aberto e melhorado, no tempo de Anchieta, por ordem de Mem de Sá, onde hoje trafegam os automóveis e é conhecido por Caminho do Mar, já existia nessa época e só era trilhado pelos índios.
Foi pelo caminho velho (Piassaguéra) que Martim Afonso, seu séqüito e os primeiros missionários jesuítas, Leonardo Nunes, Diogo Jacome e Pedro Corrêa, penetraram nos campos e sertões de Piratininga, antes de 1553.
São estes, aliás, fatos incontestáveis, como se podem provar, com documentos só agora conhecidos.
Além do caminho de Piassaguera e do caminho do Cubatão, no mar de Santos, que são até hoje bem conhecidos, existiam o Sul do lagamar de São Vicente, outros "caminhos do mar", que comunicavam com os sertões do interior e foram percorridos pelos primeiros povoadores e missionários.
Entre estes, os mais notáveis são: o que da aldeia de Imbohy (ou Mboy) e Santo Amaro se dirigia a Itanhaém, conhecido por Caminho do Gado, do qual as sesmarias do tempo de Martim Afonso e os velhos documentos da Câmara daquela vil nos dão notícia [64].
Essa antiga "estrada" foi ainda melhorada, após a Independência, pelo engenheiro Porfirio, a mandado do governo provincial; mais tarde, 1885, o deputado dr. Cunha Moreira, residente e proprietário em Itanhaém, por verba votada pela mesma Assembléia Provincial, mandou também melhorar o caminho da serra, desde o alto até o Porto Velho, à margem do Rio Branco.
Foi por esse caminho do mar, de Itanhaém, que o célebre caudilho, Bartholomeu Bueno de Faria, súdito da capitania de Itanhaém, residente em Jacareí, desceu em 1710, com o seu troço de índios e tropas de muares para tomar a Praça de Santos e levar o carregamento de sal, para abastecer as povoações do interior, como é bem conhecido. Foi ainda nessa mesma "estrada", perto de Praia Grande, que a escolta, vinda de Santos, o prendeu - oito anos após o crime por ele praticado[65].
E ainda por este "caminho do gado", que os moradores do ALto da Serra, do distrito de Santo Amaro e Itapecirica, desciam e descem, com animais, para Conceição e Praia Grande.
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Fonte: http://migre.me/cH3rL

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

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