9. D. Rodrigo de Castelo Branco e as Minas de Sabarabuçu:
O final do século XVII é marcado, dentre outras coisas, pelas descobertas mais sistemáticas de minas de metais preciosos pelos bandeirantes paulistas. Em 1673 D. Rodrigo de Castelo Branco, administrador e provedor geral das minas, recebeu do Príncipe Regente um Regimento para que fosse usado nas minas de Tabaiana e de Sabarabuçu. Nesse documento, D. Rodrigo tinha o direito de empregar no trabalho das minas, os índios e mestiços das aldeias e aqueles que ainda não estivessem “domesticados”. 278
Agradecido pelo empenho do desembargador e ouvidor geral, João da Rocha Pitta, na arregimentação dos índios necessários para o trabalho nas minas, D. Rodrigo Castelo Branco escreveu uma carta à Lisboa elogiando o desembargador pelo seu bom desempenho. 279 O uso de índios na descoberta das minas continuou pela década seguinte: em 1680, D. Rodrigo solicitou às Câmaras da Capitania de São Paulo índios para trabalharem como lavradores nas regiões das minas, ao que as Câmaras de São Paulo e Taubaté prontamente ofereceram:“... todos os índios que houvesse nas aldeias desta vila todas as vezes que quisesse ou para mandar plantar, para mais facilidade de se conseguir o descobrimento da prata.”280 Durante todo o ano de 1680, D. Rodrigo “pediu” aos paulistas índios para trabalharem na região das minas, principalmente em Sabarabuçu, fossem como lavradores ou como carregadores de carga, pedidos que sempre foram aceitos pelas Câmaras até quando se deu uma epidemia de peste entre as aldeias e muitos índios morreram 281 . Foi quando se deram conta, novamente, que a população das aldeias mais uma vez estava baixa, seja pela mortandade, seja pelo fato de muitos índios estarem nas regiões das minas, ou pelo fato de muitos moradores não os devolverem para as suas aldeias.282 Para que houvesse o mínimo de trabalhadores indígenas disponíveis à vila de São Paulo e às minas, era necessário que os índios fossem devolvidos. A saída encontra foi aplicar multas aos moradores que estivessem com índios que não fossem “seus”: “... todo morador que levasse índio para o sertão pagaria 2.000 réis cada dia que em seu poder estivesse”283 A questão das minas, principalmente, as de Sabarabuçu, ainda seriam responsáveis por vários conflitos na vila de São Paulo. Mas, a descoberta de prata na região que hoje é o Peru, atiçou a cobiça dos paulistas. Em uma consulta ao Conselho Ultramarino de 05 de outubro de 1679, D. Rodrigo informa ao Conselho sobre a necessidade de se usarem índios da vila de São Paulo, para que fossem até Buenos Aires e o Peru, atrás de minas de prata.284 Durante toda a década de 1680, D. Rodrigo ainda faria várias solicitações para que se dessem: “índios necessários para a jornada às minas de Sabarabuçu.”285 A ordem para que se dessem índios, para serem utilizados nas minas, levou o capitão Pedro Taques de Almeida a entregar um requerimento à Câmara, onde ordenava que os moradores devolvessem os índios às suas aldeias.286 Até os jesuítas foram intimados a devolver índios que estavam ilegalmente em seu poder: em 02 de fevereiro de 1681, D. Rodrigo Castelo Branco enviou uma comunicação aos oficiais da Câmara, onde notificava que os padres da Companhia haviam recolhido para suas aldeias, alguns índios pertencentes à aldeia de Nossa Senhora da Escada de Barueri. Os padres deveriam ser advertidos e notificados a entregar os índios. Essas ordens do administrador geral das minas criaram verdadeiros conflitos na vila. Paulistas importantes, como Antonio da Cunha Gago, estavam sendo indiciados a entregarem os índios que estavam em seu poder para trabalharem nas minas.287 O ano de 1681 continuou tenso devido à exigência de se enviarem índios às minas de Sabarabuçu, obrigando os moradores a entregar os índios que estavam em seu poder. Além disso, um número considerável de índios estavam fugindo para o sertão, para evitarem o trabalho nas minas. Com a redução do número dos índios nas aldeias, a medida encontrada pelas autoridades, segundo uma representação dos oficiais da Câmara de São Paulo, ao Príncipe Regente de 1681, era que todas as pessoas que mantivessem índios em suas casas, ou os ocuparem em qualquer serviço particular, sem licença da Câmara, fossem condenadas e tivessem que devolver os índios.288 Como podemos perceber, os conflitos já não estavam mais na órbita das autoridades da vila, e já ultrapassavam as fronteiras, chegando à Lisboa. O conflito adentrou o ano de 1682, e chegou ao ponto máximo em 03/07/1682, quando o boato da emissão de um novo Breve Papal igual ao de 1639, se espalhou na vila de São Paulo: “Aos três dias do mês de julho de 1682 estando os senhores deste senado em câmara.. do procurador do conselho o capitão mor Braz Roiz ... encontrou com o povo que vinha... perguntou o que era o que responderam que este povo... um breve de sua santidade.... e tornou o povo a gritar dizendo que corria uma pública que se requeria ao povo seus escravos, que com tanto custo de sua vida e bens tinham adquirido do sertão...”289 Escaramuças surgiram por todos os lados, tanto por parte dos moradores, como dos jesuítas. Essa situação se arrastou até 1685, quando o provincial Alexandre de Gusmão interveio com medo de uma nova expulsão cedendo às exigências dos moradores. Dessa vez, a questão principal, além da liberdade do gentio, era a proibição das idas ao sertão para o apressamento do índio: Fonte:http://migre.me/cCDIH pág. 103/105
Parafraseando: No que diz respeito a via para o Potosi, peabiru tupi, estamos falando de outro caminho quando analisamos fatos e ocorrências vinculadas ao Sertão de Taubaté, ao Caminho Geral do Sertão, Caminho dos Paulistas, Estrada Real do Sertão, Caminho Velho, em especial no que tange: a) as solicitações de índios para trabalharem nas regiões das minas, com a anuência da Câmara de Taubaté, assim como para mandar plantar, para mais facilidade de se conseguir o descobrimento da prata; b) Igualmente no caso de haver consultado D. Rodrigo ao Conselho Ultramarino no sentido de usarem índios da vila de São Paulo, para que fossem até Bueno Aires e o Peru, atrás de minas de prata. Ou seja, não estamos falando de caminhos que não se constituem em caminhos que ao mesmo tempo, conduziam a região do Sabaraçu, Serra das Vertentes, Alto São Francisco, e ao mesmo tempo conduziam ao Paraguai, região da Prata? Uma vez que seus afluentes que serviam como balizadores e transportes, tais como, o Rio Sapucai, Rio Verde, Rio Grande entre outros se localizam no mesmo Sertão?
Parafraseando: No que diz respeito a via para o Potosi, peabiru tupi, estamos falando de outro caminho quando analisamos fatos e ocorrências vinculadas ao Sertão de Taubaté, ao Caminho Geral do Sertão, Caminho dos Paulistas, Estrada Real do Sertão, Caminho Velho, em especial no que tange: a) as solicitações de índios para trabalharem nas regiões das minas, com a anuência da Câmara de Taubaté, assim como para mandar plantar, para mais facilidade de se conseguir o descobrimento da prata; b) Igualmente no caso de haver consultado D. Rodrigo ao Conselho Ultramarino no sentido de usarem índios da vila de São Paulo, para que fossem até Bueno Aires e o Peru, atrás de minas de prata. Ou seja, não estamos falando de caminhos que não se constituem em caminhos que ao mesmo tempo, conduziam a região do Sabaraçu, Serra das Vertentes, Alto São Francisco, e ao mesmo tempo conduziam ao Paraguai, região da Prata? Uma vez que seus afluentes que serviam como balizadores e transportes, tais como, o Rio Sapucai, Rio Verde, Rio Grande entre outros se localizam no mesmo Sertão?