sábado, 13 de abril de 2013

O papel do TROPEIRO na história do Brasil (Transcrição)

No início do século XVIII na fase da exploração aurifera no interior de Minas, as viagens de ir e vir eram extremamente morosas e extenuantes. Era necessário fazer chegar lá, à região do garimpo, ferramentas, correio e comida; tudo isso era levado às costas de escravos e, muitos morriam nesta tarefa porque eram necessários quatro meses para chegar ao destino e, a fome e o cansaço dizimava uma boa parte dessa gente feita burros de carga.
Foi necessário ir mais a sul, mais propriamente à Cisplatina, actual Uruguai e trazer mulas para as tarefas de carga; havia por lá na cidade nascente de Sorocava muitos burros fruto da grande proliferação selvagem do primeiro gado deichado ao abandono pelos primeiros visitantes, os mesmos que tentavam descobrir a montanha de ouro do Potesi. 
Chegar a Rio Grande do Sul a partir de São Paulo, na rota de Viamão era importante pois que dali vinham cavalos e mulas próprias para galgar quilómetros, carregando 8 vezes mais do que um escravo. É assim que surge por longo tempo a figura dotropeiro ou carreteiro, o homem que conduz o burro ou a carreta que com o correr do tempo se foi organizando em “tropas de mulas”.
O gado das Pampas, reproduziu-se durante dois séculos sem qualquer controlo nem predadores; podiam encontrar-se à solta manadas de bois, cavalos e burros desde Potosi no Peru até às Pampas e Cisplatina; era só juntar o gado em currais e levá-los ao mercado de Sorocava para serem vendidos aos tropeiros.

 TROPEIRO
Entretanto, convêm dizer que atravês do novo ajuste do Tratado de Tordesilhas que não era mais que uma linha paralela ao meridiano em latitude global, passava a ser segundo o principio de “uti possidetis, ita possideatis” (quem possui de facto, deve possuir de direito), a real ocupação do terreno. Isto, levou a que Portugal enviasse ondas de Açoreanos a ocuparem as novas terras que antes eram de Espanha.
Foi Alexandre de Gusmão, um português de visão, que teve o principal papel naquele tratado que veio a ser conhecido como o Tratado de Madrid sendo firmado por D. João V de Portugal e D. Fernando VI de Espanha a 13 de Janeiro de 1750, pondo fim a disputas. Foi assim que os contornos aproximados do Brasil de hoje ficaram delineados. A zona da Prata, colónia de Sacramento foi trocada por Amazonas, Mato Grosso, Goiás e Rio Grande do Sul. Só o Acre é que foi sugeito a acertos definitivos já no século XX.
Voltando ao tropeiro, o circuito comercial permaneceu consolidando a região juntando-se ao negócio de gado o contrabando de tabaco e aguardente que eram proibidos nos territórios espanhois. Em Sorocava, lugar de grandes e bons pastos afluiam vendedores de quinquilheria, de couro, arrieiros, artistas de circo, jogadores, mulheres cantadeiras, meretrizes de refinados requintes e domadoras de animais selvagens. Entre um e outro negócio, havia muito tempo para fazer festas e jogatinas enquanto se contratavam peões de boia fria, equipar a tropa e de novo divertir. Em Sorocava, por volta de 1750, vendiam-se mais de 10 mil mulas por ano e, foi graças a esses animais que se estabeleceram rotas comerciais até lugares longínquos defenindo o Brasil de hoje.
Nos dias de hoje ainda usam estes animais nos lugares mais inóspitos do sertão; o tropeiro passou a ser um confidente, carteiro, aviador de receitas, curandeiro, vendedor de óculos, conselheiro e até banqueiro. O dia da chegada do tropeiro a um lugarejo ou sítio, é dia de ansiedades, novidades, notícias de parentes e mechericos.
Da n´haka do, Soba T´Cingange Fonte: http://kimbolagoa.blogs.sapo.pt/2009/05/

Ilustração do artista Conrrado.
Ilustração do artista Conrrado.
Ilistração do artista Conrrado.
Nota: Piquete-SP,  Rota Tropeira.



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