sexta-feira, 27 de setembro de 2013

4. Igrejas e Irmandades - Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil - (Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI) da Universidade Federal Fluminense em parceria com o Comitê Científico Internacional do Projeto da UNESCO "Rota do Escravo")

A presença de africanos também pode ser identificada na prática da religião católica. Africanos de diversas procedências converteram-se, fundaram irmandades, participaram de festas e construíram igrejas em devoção aos santos católicos negros, como Santo Elesbão, Santa Efigênia, São Benedito e Santo António do Categeró, mas, especialmente, à Nossa Senhora do Rosário. Por todo território, ao longo do período colonial e de todo o século XIX, o catolicismo tornou-se também africano. Para além do patrimônio arquitetônico, as inúmeras igrejas pertencentes a irmandades de "Homens Pretos", como eram oficialmente chamadas, representam hoje marcos visíveis dos africanos no conjunto da população católica. .................................................................................................................................
Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de Diamantina – Diamantina - MG Localizada no Largo do Rosário, é a Igreja mais antiga da cidade de Diamantina. Foi fundada por volta de 1731 pela Irmandade do Rosário, constituída por cativos crioulos e de diferentes procedências africanas, destacando-se principalmente os minas. Referência: SCARANO, Julieta. Devoção e Escravismo. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos no Distrito Diamantino no século XVIII. São Paulo, Conselho Estadual de Cultura- Companhia Editora Nacional, 1975.
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Local:
Igreja de Nossa Senhora do Rosário de São João del Rei – São João Del Rei – MG Em 1708, foi instituída a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito dos Homens Pretos, cujos devotos se reuniam na antiga capelinha de Nossa Senhora do Pilar. Em 1719, a Irmandade recebeu autorização para erguer templo próprio, o que de fato ocorreu a partir de 1720, na Praça Embaixador Gastão da Cunha. Em 1753, a Igreja sofreu alguns acréscimos e remodelações, adquirindo suas dimensões atuais. Nos livros de entradas de irmãos, do final do século XVIII e início do XIX, encontram-se registros de escravos e libertos de diversos grupos de procedência, além de crioulos: minas, angolas, congos e, principalmente, benguelas. Referência: BRÜGGER, S.M.J. e OLIVEIRA, A.J.M. de. "Os Benguelas de São João del Rei: tráfico atlântico, religiosidade e identidades étnicas (séculos XVIII e XIX)". Revista Tempo, vol.13, n.26, Depto. de História da UFF, Niterói, 2009. Disponível em: http://www.historia.uff.br/tempo/artigos_livres/v13n26a10.pdf. Acesso em: 08 de novembro, 2012. Consultor: Silvia Brügger
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Local:
Igreja de Santa Efigênia ou de Nossa Senhora do Rosário do Alto da Cruz, Ouro Preto (MG). Atribui-se a construção da igreja a Chico Rei. Segundo a tradição oral, muito presente nas cidades mineiras, Chico Rei, líder de uma nação africana, teria conseguido enriquecer a partir do trabalho na Mina Encardideira em Ouro Preto, primeiro como cativo e depois proprietário. Na Igreja realizam-se até hoje as coroações de reis negros, festejos conhecidos como congados, que relembram a história de Chico Rei e de reinos africanos. Está localizada à rua Santa Efigênia, no bairro de Alto da Cruz). Referência: SOUZA, Marina de Mello e. Reis Negros no Brasil Escravista. História de Coroação de Rei Congo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. Depoimento de Pedrina de Lourdes Santos, liderança do congado de Oliveira, cidade do interior mineiro. Entrevista realizada por Fernanda Pires Rubião. Oliveiras (MG), setembro 2007. In: RUBIÃO, Fernanda Pires. Os Negros do Rosário. Memórias, Identidades e Tradições no Congado de Oliveira (1950-2009). Dissertação de Mestrado. PPGH História. UFF, 2010. Consultor: Fernanda Pires Rubião

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Local:
Igreja de Nossa Senhora dos Pretos de Taubaté – Taubaté – SP A Irmandade do Rosário dos Pretos de Taubaté teria começado num pequeno altar na Igreja Matriz. No início do século XVIII, a Igreja foi construída e existe até hoje na Rua do Rosário, a pouca distância da catedral de São Francisco de Assis. A documentação – livros dos termos de mesa e livro de entrada de irmãos, principalmente do século XIX, encontra-se depositada na Divisão de Museus e Patrimônio Histórico de Taubaté. As atas da eleição que se fez no ano de 1805/1806 indicam a presença de africanos, entre eles Miguel Monjolo e Miguel Congo. No Vale do Paraíba de São Paulo ainda foram construídos outros templos ligados aos escravos e africanos recém-chegados, como a Capela do Rosário de Bananal e a Igreja do Rosário de Guaratinguetá, hoje, entretanto, destruídas. Referência: RIBEIRO, Fábia Barbosa. Caminho da piedade, caminhos de devoção: as irmandades de pretos no Vale do Paraíba paulista – século XIX. Tese de Doutorado. História Social, USP, 2010. Consultor: Cristina Wissenbach/ Fábia Barbosa Ribeiro
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Local:
Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Paulo – São Paulo – SP Fundadas em 1715, a Igreja e a Irmandade foram transferidas do Largo do Rosário em 1904, quando o templo foi demolido e o logradouro rebatizado com o nome de Antonio Prado, prefeito de São Paulo entre 1900 e 1910. Hoje a área é ocupada por uma prédio comercial, BM&Bovespa. A desapropriação iniciara-se na década de 1890 pelas residências dos irmãos forros e libertos e pelo cemitério da Irmandade, em terrenos limítrofes à Igreja. A justificativa para as demolições eram os batuques ocorridos após as missas. Transferida para o Largo do Paissandu, desde o início do século XX, a Igreja e sua Irmandade mantêm-se como palcos de celebrações negras. Referência:
História das ruas de São Paulo. Arquivo Histórico de São Paulo. Prefeitura de São Paulo.
Disponível em: http://www.dicionarioderuas.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/ListaLogradouro.asxAcesso em: 09 de novembro, 2012. SANTOS, Carlos José Ferreira dos. Nem tudo era italiano: São Paulo e a pobreza (1890 – 1915). São Paulo: Annablum e Fapesp, 1998. Consultor: Jaime Rodrigues
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GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

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