domingo, 29 de setembro de 2013

Turistas no Brasil vão conhecer rota dos escravos africanos em iniciativa da UNESCO

“O turismo é uma acção cultural de muita eficácia, talvez seja a mais desenvolvida na troca de relação direta” explica o antropólogo Milton Guran
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Turistas do mundo inteiro vão poder conhecer a rota de escravos no Brasil. Está em fase final no país um levantamento, apoiado pela UNESCO, dos lugares brasileiros que guardam a memória da época da escravidão de africanos.O Brasil foi o país das Américas que recebeu o maior número de escravos vindos da África. Foi também o último a libertá-los já no final do século XIX. 40% de todos os negros que saíram da África vieram para o Brasil, entre os séculos XVI e XIX. Estima-se que foram de quatro a seis milhões de pessoas.
“O turismo é uma ação cultural de muita eficácia, talvez seja a mais desenvolvida na troca de relação direta. É um deslocamento pelo mundo com um único objetivo de conhecer o outro,” explica o antropólogo e fotógrafo Milton Guran, que integra o grupo da UNESCO. 
De acordo com Milton Guran, ciente dessa potencialidade do turismo, a UNESCO decidiu desenvolver um roteiro voltado para a memória da diáspora africana. “Estão sendo levantados, nos vários países onde ocorreu a diáspora, inventários como o que estamos fazendo aqui no Brasil. Aqui nós estamos finalizando um levantamento dos lugares de memória do tráfico de escravos e dos africanos escravizados no território brasileiro”, explica.
“É preciso deixar claro que essa rota, no caso do Brasil, é só a dos africanos e não dos filhos dos africanos. Não podemos tratar tudo de uma vez. Mas, isso já vai ser o primeiro passo para pensarmos o turismo de memória no país,” afirma Guran.

O especialista lembra a dívida que o Brasil tem com os africanos, justificando a importância da conservação da história deles no país. “Esse país não existiria sem a mão-de-obra africana, não existiria sem a tecnologia africana. Foram os africanos que trouxeram o tipo de agricultura que tínhamos, incluindo os próprios instrumentos agrícolas: enxada, picareta e tudo mais,” lembra.
O trabalho com o ferro também é herança dos africanos. Eles trouxeram a siderurgia rudimentar. Aos africanos subsaarianos devemos a pecuária extensiva, a criação de gado. Em Portugal, não se encontrava três vacas para dar leite.”
No contexto de resgate da memória dos africanos, Guran destaca que a imposição da língua portuguesa, como língua nacional, também é uma dívida que os brasileiros vão ter para sempre com os povos da África.
“Até à vinda da família real para o Brasil, até há 200 anos, a língua mais falada era a dos Jesuítas. Palmares foi destruído por pessoas que não falavam português. Pegando como exemplo um grande estado, São Paulo, por exemplo, não se falava português”, conta. 
“Já os escravos não, como eles eram misturadas e falavam muitas línguas diferentes, eles precisaram de aprender a língua do senhor e a língua do senhor passou a ser a língua franca.”
Fonte:
http://migre.me/geF0J
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Caminho do Ouro - Rota dos escravos africanos no Brasil divulgada pela SEPPIR:
O trabalho de organização do Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil foi coordenado pelo Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI) da Universidade Federal Fluminense, em parceria com o Comitê Científico Internacional do Projeto da UNESCO "Rota do Escravo: Resistência, Herança e Liberdade". Reúne 100 Lugares de Memória e foi construído a partir da indicação e contribuição de diversos historiadores, antropólogos e geógrafos do país, após consultas e intensas trocas de informações. Sem essa generosa contribuição, inclusive na redação preliminar dos verbetes e indicação da bibliografia ou fontes de referência, não teria sido possível a reunião desse amplo material. O avanço da pesquisa histórica sobre o tráfico e a escravidão em nosso país permitiu a reunião dessas 100 indicações, mas temos certeza que estamos longe de esgotar o Inventário. Esse trabalho deve ser entendido como um ponto de partida para novas e futuras ações (nos âmbitos federal, estadual e municipal), tanto no campo da pesquisa histórica, como no do ensino, educação patrimonial, divulgação e desenvolvimento do turismo cultural dos Lugares de Memória do Tráfico e História dos Africanos Escravizados no Brasil. Demos prioridade às evidências documentais, escritas ou orais, da presença histórica e cultural dos africanos, com o objetivo de centrar o foco na ação e no legado dos recém-chegados. Por outro lado, sabemos que a lista seria interminável se tivéssemos optado por reunir os Lugares de Memória dos descendentes de africanos no Brasil. O inventário é sobre os locais onde é possível lembrar a chegada dos africanos ou identificar as marcas de sua presença e intervenção.
Escravizados em seu continente, entre os séculos XVI e XIX, muitas vezes em guerras internas entre os inúmeros reinos que existiam nas diversas regiões da África tocadas pelo tráfico, africanos de diferentes línguas e origens tornaram-se "escravos", categoria jurídica de época, no Brasil. Aqui reorganizaram suas identidades, criando novos sentidos para suas referências africanas. Nos verbetes, utilizamos tanto o termo jurídico de época (escravo) quanto o adjetivo "escravizado", que sublinha o caráter compulsório da instituição. Para referir às novas identidades africanas criadas nas
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5. Trabalho e Cotidiano
O cotidiano no período colonial e ao longo do século XIX foi marcado pela presença de africanos, de diferentes procedências, nas mais diversas regiões e atividades. Há registros de seu movimento nos inúmeros locais de trabalho das cidades, das minas de ouro e das fazendas. Sua atuação estendia-se pelas estradas, praças, feiras, mercados públicos e, até mesmo, em uma das poucas indústrias existentes no país, a Fábrica de Ferro Ipanema. Nesses locais de trabalho, criaram possibilidades de transformação da própria escravidão.
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Local: Caminho do Ouro – Paraty – RJ A Estrada Real é hoje um importante trajeto turístico dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Parte dela foi destruída, mas alguns segmentos ainda puderam ser recuperados para fins turísticos. O primeiro trajeto desta estrada foi aberto no final do século XVII e por ali passaram os exploradores que subiram a Serra da Mantiqueira em direção a Minas Gerais, onde o ouro foi descoberto na última década daquele século. O caminho aberto foi então chamado Caminho do Ouro porque por ele descia o minério levado para o Rio de Janeiro, e de lá para Lisboa. Mas esse era ainda o caminho dos escravos que subiam serra acima para trabalhar nas lavras e nos serviços auxiliares da mineração. A maioria desses escravos era formada por africanos desembarcados no porto do Rio de Janeiro e reenviados a Paraty para de lá subir a serra a pé, geralmente carregando mercadorias, até seu destino final. Referência: Mariza de Carvalho Soares. Devotos da cor. Identidade étnica, religiosidade e escravidão no Rio de Janeiro, século XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2000. pp. 76-77. Consultor: Mariza de Carvalho Soares. Fonte SEPPIR: Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil  http://migre.me/geFhD

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...