terça-feira, 18 de novembro de 2014

paraty.tur.br (trascrição)

A VIDA COMO ERA ANTIGAMENTE

No século XVII, as casas da Villa de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty, construídas ao redor da igreja matriz, eram mais espaçadas uma das outras, sendo comum terem ao fundo, um quintal cercado onde, devido a constante falta de mantimentos, eram plantadas hortas de subsistência além de criarem galinhas e porcos. As cozinhas dessas casas ficavam do lado de fora, junto ao quintal, evitando assim que a fumaça do fogão a lenha entrasse na casa. A classe dominante era formada pelos senhores de engenhos, os quais moravam em suas fazendas, e não na vila.
No século XVIII, com a descoberta do ouro em Minas Gerais, a economia de Paraty se diversificou. O comércio de produtos para abastecimento das minas, fez aparecer uma nova elite: os comerciantes. Foram esses que começaram a construir os sobrados na vila, onde na parte inferior ficava o estabelecimento comercial e na parte superior a residência. 
Antigamente não havia água encanada, sendo necessário buscar água num dos chafarizes da vila.        
Até o fim do século XIX não havia água encanada nas casas. Para piorar a situação, a vila localizava-se muito próxima do mar, impedindo a construção de poços ou cisternas. A construção de dois chafarizes, um no largo Santa Rita e outro na praça do Chafariz, amenizaram o problema da falta d’água na vila. Ali os moradores ou seus escravos iam buscar a água para beber, banhar e limpar louças e panelas. Os homens preferiam tomar banhos nos rios para economizar água. Já as mulheres tomavam banho com ajuda de jarras de barro. Mas o mais comum, para ambos os sexos, era os “lava-pés”, onde se lavava apenas os pés para evitar o temido “bicho-do-pé”. Também não havia banheiro nas casas e as necessidades fisiológicas eram feitas nos urinóis e depois jogadas no mar ou no rio. O Código de Postura de Paraty, aprovado pela Câmara Municipal em 1870, regulamentava sobre o assunto no seu artigo 25: “Todo despejo de imundícies será feito no rio Perequê-Açu ou no mar, entrando o escravo ou a pessoa que o faça até dar água no joelho. Quando houver materiais fecais, não poderá ser feito o despejo senão em vasos bem tampados, e no período após toque de recolher e até as quatro horas da manhã.”
A comida básica era feijão com farinha de mandioca. (Foto: Sérgio Pinheiro)
As atividades diárias como acordar, comer, trabalhar e dormir, eram definidas pela luz do sol. Para iluminar as casas durante a noite eram utilizadas velas ou lamparinas movidas com óleo animal (em especial o de baleia) ou vegetal (como o de mamona), mas que devido à dificuldade de serem obtidos, eram logo apagados. Nas principais esquinas da cidade haviam lampiões que eram acesos depois do por do sol, durante vinte dias por mês - na semana de lua cheia não eram acesos. A luz elétrica, obtidas com geradores a diesel, chegou em Paraty em meados do século XX.
Se por um lado a arquitetura das casas da vila de Paraty seguia o estilo português, a forma de construir - paredes de pau a pique, telhados de sapês - e a mobília eram de origem indígena. Vieram dos índios as redes e esteiras da palha para dormir, a cerâmica de barro para cozinhar, as cestarias de fibra vegetal para guardar mantimentos, o pilão para socar milho. Os móveis de madeira no estilo europeu eram objetos escassos e caros, tanto que faziam parte de inventários nas partilhas das heranças. As camas começaram a ser utilizada no Brasil somente a partir de 1750. Até 1800 não se utilizava talheres ou pratos nas refeições. As comidas feitas nos fogões a lenhas e panelas de barros eram colocadas no chão e as pessoas se serviam com a mão. Em Paraty esse costume ainda é lembrado pelos mais velhos.
Era de responsabilidade das mulheres a comida, limpeza e organização da casa, o comando dos escravos doméstico (quando havia) e a indústria caseira (produção de sabão, doces em conservas, combustível para os lampiões, roupas, cortinas, tapetes, chapéus, balaios, vassouras de piaçava, espanador de pena). As mulheres brancas, raras no período colonial, eram proibidas de sair na rua pelos seus maridos ou pais, com exceção para as missas, teatros ou óperas e, mesmo assim, só acompanhadas. A vaidade já fazia parte das mulheres, tanto brancas como negras, que não saíam nas ruas sem estarem produzidas com jóias preciosas nas primeiras e colares com cruz ou figa de madeira nas últimas. As índias também se produziam com adornos feitos de penas, dentes, sementes e tinturas.
Os fogões a lenha ficavam no lado de fora da casa por causa da fumaça. (Foto: Sérgio Pinheiro)
Nas refeições a comida básica era o feijão e a farinha de mandioca (o arroz foi introduzido no século XVIII) acompanhados de uma mistura - peixe ou carne de caça, geralmente secos ao sol e salgados. Faziam parte da culinária o milho para feitio de pães, bolos e fubá; doces como rapadura e marmelada; frutas silvestres e algumas hortaliças. Devido ao calor e à comida pesada, feita com banha de porco, era comum a sesta após o almoço.

Até 1710 o porto de Paraty era o principal acesso para as minas de ouro, sendo bastante visado pelos piratas. Para defender a vila de eventuais ataques foram construídas seis fortificações. Percebe-se assim que uma boa parte dos habitantes da vila estavam a serviço do exército. Havia nos fortes vigias de prontidão encarregados de avisar a população em caso de aproximação de navios piratas, para que todos pegassem suas armas e fossem ajudar na defesa do porto. As casas próximas ao mar possuíam no último piso uma pequena abertura no telhado para que se pudesse observar a chegada de navios. Se fossem piratas, o morador ia correndo para a igreja avisar ao padre para que tocasse o sino. Se fossem navios trazendo mercadoria o morador ia correndo para seu comércio abaixar os preços dos produtos, pois sabia que com a chegada de novas mercadorias o preço cairia rapidamente.
Os lampiões utilizavam óleo de baleia para iluminar a vila a noite. (Foto: Eduardo La Regina de Andrade) 

Para entretenimento da elite paratiense, havia um teatro onde se apresentavam comédias jocosas chamadas de óperas e as cavalhadas (espécie de torneio com cavalos). Mas a principal diversão da maioria era as xibas - festas que ocorriam nas roças com músicas e danças típicas da região. As festas religiosas também eram momentos de diversão para todos onde, depois de cumpridas as obrigações religiosas, havia músicas, danças e leilões de comidas e prendas.  O domingo era dia de descanso, sendo inclusive proibido abrir lojas e armazéns. Enquanto os homens gostavam de se reunir para caçar ou pescar, as mulheres aproveitavam o domingo para se encontrar, trocar receitas e fazer doces e outras guloseimas.
Fonte: http://www.paraty.tur.br/colonia.php

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