(Transcrição)
1 INTRODUÇÃO
Ao se traçar um perfil dos potentados do ouro em Minas Gerais do século XVIII, alguns já inventariados pela historiografia, percebe-se que eram conquistadores ou descendentes de algum conquistador, tinham cargos de mando na Câmara e na administração, possuíam títulos, como o de cavaleiros de ordens importantes, tinham sob seu comando escravos, índios, mulatos, mamelucos, homens livres e pobres e estabeleciam redes com vários segmentos sociais, num mandonismo local que possuía além da força, a capacidade de negociação com as camadas subalternas.
Embora os potentados em Minas Gerais do final do século XVII e início do século XVIII fossem considerados pelos governadores como opositores ao governo, devido à sua independência em relação ao poder central português, a maioria acabou sendo agraciada com honras e mercês porque prestaram algum tipo de serviço à Coroa.
Embora os potentados em Minas Gerais do final do século XVII e início do século XVIII fossem considerados pelos governadores como opositores ao governo, devido à sua independência em relação ao poder central português, a maioria acabou sendo agraciada com honras e mercês porque prestaram algum tipo de serviço à Coroa.
De acordo com Luciano Raposo de Almeida Figueiredo: é necessário deixar claro que esses Grandes, a despeito da facúndia com que reclamavam direitos imemoriais e estrilavam contra a usurpação, não pareciam alimentar planos mais sérios do que comover os sentimentos do Rei em busca de melhores condições de barganha. Do soberano continuavam a esperar honras e distinções, mercês e hábitos, gêneros valorizados de modo especial por súditos que habitavam as fímbrias das conquistas ultramarinas (FIGUEIREDO, 2001, p 237).
A questão de maior problema entre os potentados e a Coroa se deu quando o governo passou a estender os tributos ao sertão. Os grandes proprietários não aceitavam pagar estes impostos alegando o direito de conquista e os riscos que haviam corrido neste desbravamento. Na medida em que a ordem pública avançava, eclodiam sedições contra tal avanço, nas quais os proprietários buscavam ter seus direitos respeitados. E muito embora houvesse um espaço privilegiado para a ordem privada, os motins aconteciam sempre que se rompia com os acordos costumeiros entre os colonos e a Metrópole. E de fato, os propósitos da Coroa na maioria das vezes eram contrários à prática cotidiana da população local. A Coroa que possuía uma economia dependente das receitas da colônia brasileira procurava agir politicamente com bastante cuidado devido ao descontentamento com a sua política tributária, ocasionando uma relação instável entre os súditos e o governo ultramarino. Entretanto, em vários momentos ocorreria uma cumplicidade entre a Coroa e os potentados na manutenção da ordem pública, “afinal, tais potentados se viam como vassalos Del rey e tinham a ganhar na repressão de outros régulos. Isto lhes permitia destruir bandos adversários, ampliar seu poder nas localidades, além de estabelecer dons e contradons com Lisboa”. (FRAGOSO, 2005, p.147).
2 ORIGEM E TRAJETÓRIA DOS POTENTADOS
De acordo com o dicionário histórico do Brasil Colonial o potentado é “um homem poderoso, grande proprietário de terras que, principalmente nos sertões, exercia seu mando de forma quase sempre autônoma, fugindo às tentativas de controle metropolitano”. (BOTELHO, 2008, p.156).
As origens dos potentados em Minas Gerais se reportam às origens da descoberta do ouro. As gentes que foram para as minas naquele momento eram principalmente os negociantes de gado dos sertões do São Francisco, os comerciantes de escravos da Bahia, os paulistas com prática em apresamentos indígenas e os portugueses. Estes povoadores e conquistadores abriram perspectivas econômicas e de mando, com a promessa do Império Luso de retorno financeiro e de mercês. Contando com milícias privadas de escravos armados-o que lhes conferia respeito e vantagens-se transformaram em poderosos locais, os chamados potentados.
2 ORIGEM E TRAJETÓRIA DOS POTENTADOS
De acordo com o dicionário histórico do Brasil Colonial o potentado é “um homem poderoso, grande proprietário de terras que, principalmente nos sertões, exercia seu mando de forma quase sempre autônoma, fugindo às tentativas de controle metropolitano”. (BOTELHO, 2008, p.156).
As origens dos potentados em Minas Gerais se reportam às origens da descoberta do ouro. As gentes que foram para as minas naquele momento eram principalmente os negociantes de gado dos sertões do São Francisco, os comerciantes de escravos da Bahia, os paulistas com prática em apresamentos indígenas e os portugueses. Estes povoadores e conquistadores abriram perspectivas econômicas e de mando, com a promessa do Império Luso de retorno financeiro e de mercês. Contando com milícias privadas de escravos armados-o que lhes conferia respeito e vantagens-se transformaram em poderosos locais, os chamados potentados.
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Fonte: http://www.iict.pt/pequenanobreza/arquivo/Doc/t2s2-02.pdf