terça-feira, 12 de abril de 2016

As controvertidas minas de São Paulo (1550-1650)* (Transcrição)

RESUMO
Célebres descobridores de minas de ouro nas Minas Gerais e nas de Goiás – entre fins do século XVII e o século XVIII –, os moradores da Capitania de São Vicente, especialmente os da vila de São Paulo, tiveram ações nebulosas quanto às supostas riquezas minerais de seu próprio solo. A existência de minas na capitania nos séculos XVI e XVII sempre foi um assunto controvertido, tanto em seu tempo, quanto para a historiografia. Superestimadas por alguns ou menosprezadas por outros, as verdadeiras dimensões dessa riqueza se perderam no emaranhado de interesses que a envolvia. Aqui, pretendemos apresentar alguns indícios desta riqueza mineral, bem como parte dos interesses ambíguos em relação às minas de São Paulo nesse tempo, em especial quando da presença na vila do governador geral do Brasil, D. Francisco de Souza.
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 Sondáveis interesses:
Afonso Sardinha, o moço, residia junto ao rio Pinheiros, em São Paulo e minerava em Jaraguá. Descobriu minas de ferro em Araçoiaba em 1589 e, com seu parceiro, Clemente Alvares, minas de ouro no Jaraguá, Vuturuna (Parnaíba) e Jaguamimbaba (nas proximidades da Serra da Mantiqueira).  Sardinha ainda teria construído dois engenhos para fundição de ferro em Araçoiaba, sendo um deles doado ao governador geral do Brasil, D. Francisco de Souza, instalado em São Paulo desde 1599.11 O moço faleceu em 1604, em pleno sertão, e fez correr fama de que deixara em testamento “oitenta mil cruzados de ouro em pó enterrado num botelho de barro” A afirmação foi ironizada por Afonso Taunay, pois segundo ele, depois da conversão aproximada desta quantidade em quilos, Sardinha o moço poderia ser considerado um “Fugger brasileiro”.12 Esta suspeitosa riqueza de Sardinha pode ser considerado apenas mais um dos episódios nebulosos  que envolvem o tema das minas na São Paulo dos séculos XVI e XVII. Algumas décadas depois, e após muitas especulações, pedidos e expectativas, as minas de São Paulo ainda pareciam despertar dúvidas.  Numa carta de Salvador Correia de Sá e Benevides ao rei, datada de 1654, este falava que, em relação às minas da Capitania de São Vicente,  os interessados “as avaliam por mais do que são; e os outros por menos  do que mostram”.13
Fazia questão de pontuar que “depois de todas aquelas diligencias feitas com Dom Francisco de Sousa por el rey de Castela e das noticias das particularidades (...) não acabo de persuadir me a que na realidade aja tais minas”. Por fim, recomendava cautela para não alimentar muitas ambições e solicitava o envio de alguém com desinteresse para as demandas minerais, segundo ele, coisa “difícil de conservar entre ouro e prata em terras tão remotas”, ainda mais com “os ânimos daqueles moradores sediciosos e turbulentos; porque é a Rochela do sul a capitania de São Paulo”. Reconhecia que ia contra a opinião de muitos, mas, assim mesmo, acreditava que valeria a pena o esforço.E o  esforço da família Sá em relação às tais minas de São Paulo não era novo. Anthony Knivet já havia relatado como participara de uma entrada liderada pelo pai de Benevides, Martim de Sá, em 1599.14 Ademais, o avô,  Salvador Correia de Sá, era próximo do governador D. Francisco e herdou as suas mercês após a sua morte, depois de algumas diligências políticas na corte de Madri.15 Em 1613, Salvador Correia de Sá recebeu as mercês, repassando-as, primeiro, para um dos filhos, Martim de Sá, e, depois, para  o outro, Gonçalo de Sá. Segundo Carvalho Franco, Benevides viera de Portugal com o avô e o teria acompanhado a São Paulo, onde ficou parte de sua adolescência, por cerca de cinco anos, fazendo ensaios de metal e recolhendo notícias sobre as tais riquezas minerais. Numa carta do avô de 1616, citada por Carvalho Franco, Salvador Correia alegou que estava averiguando as minas e que havia muito ouro, que a cada dia se descobria mais, mas que os ministros reais teriam empenho em esconder as descobertas, já que atingiam suas jurisdições.16 De fato, Salvador Correia chegou a encarregar o filho Gonçalo de empreender uma devassa na vila para apurar a suspeita de que moradores estavam induzindo testemunhas a relatar que não havia ouro algum.17 

Serra de Jaguamimbaba - Pico da  Meia Lua - Alto da Serra - Garganta do Sapucai - Estrada Real do Sertão - Desfiladeiro de Itajubá - Caminho Velho - Caminho dos Paulistas - Caminho do Ouro - Registro de Itajubá - Espaço Colonial de Piquete-SP
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Fonte:: JOSÉ CARLOS VILARDAGA** Departamento de História Universidade Estadual de Londrina (PR) Brasil  http://www.scielo.br/pdf/vh/v29n51/v29n51a08.pdf

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