
O mapa sertanista, cujo título foi atribuído como “[Parte do rio
São Francisco, com seu afluente, o rio Verde, ao norte da Capitania de
Minas Gerais]”, de autor anônimo foi manuscrito no século XVIII.
Esta carta mostra o curso do rio São Francisco ao norte do atual
Estado de Minas Gerais, ressaltando o seu afluente o rio Verde e algumas
povoações e arraiais ao longo destes rios. Tais como: Anásio Siqueira, o
castelo de Manuel Nunes Viana, o brejo Grande, São Caetano, Casa Brava,
o arraial de Matias Cardoso, o povoado de Juazeiro, a Ilha de Estevão
Raposo, os campos baixos, fazendas de Pado, o morro dos Coringas, os
campos gerais, a vila de Itaverava, Capivara, o rio Barreiras, o povoado
de Padre José Correia e o rio do Meio. No centro do mapa aparecem
terras despovoadas. Além disso, inclui um pequeno trecho dos rios das
Contas e dos Ilhéus no Sul da Bahia.
No que tange à história do Brasil é importante ressaltar que os
bandeirantes se beneficiaram da extensa rede hidrográfica brasileira que
a partir do Tietê, Pinheiros, Cotia e Piracicaba alcançavam a bacia do
Prata, o Parnaíba e o São Francisco. Cabe destacar que o transporte não
era apenas fluvial, como também, aproveitavam as margens dos rios, as
trilhas indígenas e os rastros deixados por animais.
Por tudo isso, faz-se necessário traçar o perfil da chamada
cartografia bandeirante e sua importância na História Colonial
brasileira. De acordo com Jaime Cortesão, as cartas sertanistas e
bandeirantes evidenciaram que ao lado da renovação científica da escola
cartográfica portuguesa – motivada pela expansão territorial e a
formação da nova economia mineira, a qual estava representada de início
pelos dois padres matemáticos, Diogo Soares e Domingos Capacci – nasceu
pelas mesmas razões no Brasil, e mais especificamente, em São Paulo, uma
arte cartográfica nativa, em que “o quadro da cultura portuguesa
remonta o primitivismo do aborígene, como uma força constante e
essencial”.
Um ponto crucial para a cartografia bandeirante é a autoria. Para
Jaime Cortesão, estes mapas foram feitos por bandeirantes propriamente
ditos, isto é, sertanistas de São Paulo, moldados pelo gênero e o estilo
de vida do bandeirantismo, e simples sertanistas de ocasião,
luso-brasileiros de outras capitanias, reinóis residentes no Brasil, ou
até servidores oficiais, civis ou militares. Vale dizer que todos os
bandeirantes foram sertanistas, mas nem todos sertanistas foram
bandeirantes.
De acordo com a historiografia tradicional, os bandeirantes eram
considerados nobres e ricos mercadores, visão defendida por Oliveira
Viana. Em 1929, houve uma inovação sobre o mito dos bandeirantes, o
pioneiro neste trabalho foi Alcântara Machado que os analisou como
modestos lavradores, pequenos mercadores e aventureiros rústicos.
Mostrou que se dedicavam à agricultura de subsistência e à captura de
índios pelo interior. Neste estudo o autor debruçou-se sobre o cotidiano
da sociedade paulista para contestar a historiografia tradicional,
destinada a erguer o mito dos bandeirantes.
Fonte Artigo arquivado em Análise documental (06 May 2015) - https://bndigital.bn.br/artigos/parte-do-rio-sao-francisco-com-seu-afluente-o-rio-verde-ao-norte-da-capitania-de-minas-gerais/