II. Os Sertões do Leste como “Área Proibida”
No período colonial existiam vários sertões na Capitania de Minas Gerais. Na percepção dos moradores das vilas de São José e São João Del Rei, os sertões eram os cerrados do alto São Francisco e as picadas de Goiás. Em Borda do Campo, as escarpas da Mantiqueira. Na Comarca de Sabará, o médio São Francisco. E na de Vila Rica, as florestas do rio Doce (SOUZA, 1998 apudRODRIGUES, 2003, p.256). No leste da capitania mineira, onde se insere a atual região da Zona da Mata e parte da do Vale do Rio Doce, as faixas orientais das Comarcas de Vila Rica e do Rio das Mortes formavam um espaço genericamente conhecido como áreas proibidas ou sertão do leste . Em termos de localização, abrangia os seguintes conjuntos com suas respectivas divisas: a oeste, próximo à região mineradora central, encontrava-se a freguesia de Guarapiranga, abarcando o vale do rio Piranga, limitada a noroeste com os territórios dos distrito s de Ribeirão do Carmo e Vila Rica; ao norte, evidenciavam-se os Sertões da Casa da Casca e do Cuieté, respectivamente, nos vales dos rios Casca e Doce, cujos marcos divisórios eram dados pelas Comarcas de Sabará e do Serro Frio; o lado leste era a parte mais imprecisa, pois estendia-se até os limites litigiosos na divisa entre as Capitanias de Minas Gerais e Espírito Santo; e o sul era composto pela serra da Mantiqueira, no vale da bacia do rio Paraíba. No centro da área destacava-se o Sertão do Rio da Pomba e Peixe dos Índios Cropós e Croatos, no vale do rio Pomba6. O marco temporal de ocupação dos sertões do leste o u da Zona da Mata na literatura em geral tem sido a segunda metade do século XVIII e, principalmente, o início do XIX. Castro (1987, p.41, 43 e 67), por exemplo, relatou que a área referida conservou-se em “estado absolutamente primitivo, independente e segregado”, até o fim do Dezoito. Para Mercadante (1973, p.22 e 25), a Mata era desconhecida até a terceira metade do século XVIII. "Vista do litoral, pareciam-lhe impenetráveis os sertões”. Apesar da proximidade com a costa, “a ocupação não se fizera”. O fascínio exercido pelo ouro sobre as pessoas e a inexistência do metal na área, a restrição imposta pela administração colonial à ocupação de espaços não povoados, com o intuito de combater os possíveis descaminhos do ouro, a barreira natural formada de matas impenetráveis e de tribos indígenas e a política do Reino que visava impor a especialização produtiva na extração do ouro teriam sido os motivos norteadores do povoamento tardio.
............................................................................................................No período colonial existiam vários sertões na Capitania de Minas Gerais. Na percepção dos moradores das vilas de São José e São João Del Rei, os sertões eram os cerrados do alto São Francisco e as picadas de Goiás. Em Borda do Campo, as escarpas da Mantiqueira. Na Comarca de Sabará, o médio São Francisco. E na de Vila Rica, as florestas do rio Doce (SOUZA, 1998 apudRODRIGUES, 2003, p.256). No leste da capitania mineira, onde se insere a atual região da Zona da Mata e parte da do Vale do Rio Doce, as faixas orientais das Comarcas de Vila Rica e do Rio das Mortes formavam um espaço genericamente conhecido como áreas proibidas ou sertão do leste . Em termos de localização, abrangia os seguintes conjuntos com suas respectivas divisas: a oeste, próximo à região mineradora central, encontrava-se a freguesia de Guarapiranga, abarcando o vale do rio Piranga, limitada a noroeste com os territórios dos distrito s de Ribeirão do Carmo e Vila Rica; ao norte, evidenciavam-se os Sertões da Casa da Casca e do Cuieté, respectivamente, nos vales dos rios Casca e Doce, cujos marcos divisórios eram dados pelas Comarcas de Sabará e do Serro Frio; o lado leste era a parte mais imprecisa, pois estendia-se até os limites litigiosos na divisa entre as Capitanias de Minas Gerais e Espírito Santo; e o sul era composto pela serra da Mantiqueira, no vale da bacia do rio Paraíba. No centro da área destacava-se o Sertão do Rio da Pomba e Peixe dos Índios Cropós e Croatos, no vale do rio Pomba6. O marco temporal de ocupação dos sertões do leste o u da Zona da Mata na literatura em geral tem sido a segunda metade do século XVIII e, principalmente, o início do XIX. Castro (1987, p.41, 43 e 67), por exemplo, relatou que a área referida conservou-se em “estado absolutamente primitivo, independente e segregado”, até o fim do Dezoito. Para Mercadante (1973, p.22 e 25), a Mata era desconhecida até a terceira metade do século XVIII. "Vista do litoral, pareciam-lhe impenetráveis os sertões”. Apesar da proximidade com a costa, “a ocupação não se fizera”. O fascínio exercido pelo ouro sobre as pessoas e a inexistência do metal na área, a restrição imposta pela administração colonial à ocupação de espaços não povoados, com o intuito de combater os possíveis descaminhos do ouro, a barreira natural formada de matas impenetráveis e de tribos indígenas e a política do Reino que visava impor a especialização produtiva na extração do ouro teriam sido os motivos norteadores do povoamento tardio.
Fonte: http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/seminario_diamantina/2010/D10A081.pdf