domingo, 30 de maio de 2010

LOCOMOTIVA DA HISTÓRIA - UM TREM NO CAMINHO DO OURO EM PIQUETE

O magnífico trabalho de Ralph Mennucci Giesbrecht (1), sobre “Estações Ferroviárias do Brasil, traz insofismável complemento e definição do que fora o caminho velho do ouro a partir do porto Guaipacaré, localizado no sertão da vila de Guaratinguetá. A professora Andrée Mansuy Diniz Silva, em suas analises e criticas da obra de Andre João Antonil, obra esta, confiscada em março 1711 pela Coroa Portuguesa. Quando da elaboração de sua tese de Doutorado na Sorbone, França em 1965 (2). Ao se referir-se ao trecho do “Roteiro do caminho de viagem da vila de São Paulo para as Minas Gerais e para o rio das Velhas” onde consta: “De Guaratinguetá até o porto Guaipacaré, onde fica as roças de Bento Rodrigues, dois dias até ao jantar. Destas roças até ao pé da serra afamada de Amantiqueira pelas cinco serras muito altas que parecem os primeiros muros que o ouro tem no caminho para que ao cheguem lá os mineiros gastam-se três dias até ao jantar” Faz a seguinte consideração constante da nota de roda pé n.º 170: “Para chegar às primeiras encostas, depois de Guaratinguetá, subia-se o curso de um dos afluentes do Paraíba (talvez o ribeiro da Limeira), antes de seguir o vale do Embaú, afluente do rio Passavinte, mencionado a seguir” Por conseguinte temos o Roteiro de Viagem (3), de Teodoro Sampaio na Serra da Mantiqueira a convite do Barão da Boicaina, em 1893, quando relata o roteirista. “No dia seguinte pelas 5 horas da manhã saímos de Lorena, transportados em troles puxados por valentes muares e chegávamos com rápido percurso de seis quilômetros à fazenda do Campo, à margem do ribeirão do ronco propriedade de d. Angelina Moreira de Azevedo”  Continua o mesmo roteirista: “Depois de breve demora para tomarmos animais de montada, seguimos 10 quilômetros por excelente estrada de rodagem para o Piquete....”
Essas constatações adrede, somadas as identificações e origem Histórica das estações de trem Angelina, Coronel Barreiros, Francisco Ramos e Rodrigues Alves, constitui-se no fechamento de um elo perdido. Senão vejamos.
O "talvez" da Doutora Andrée Mansuy Diniz Silva, referente ao ribeiro do Limeira, como caminho para chegar às primeiras encostas depois de Guaratinguetá, resta superado. Isto porque, em 1893, subia-se pelo curso de um afluente do Paraíba, chagando-se na Fazenda do Campo à margem do ribeirão do Ronco, rio que vem compor juntamente com outros, tais como o rio Fortaleza, no mesmo setor, a bacia hidrográfica de Piquete.
Em conclusão; considerando que o curso do afluente do Paraíba percorrido em direção a Piquete era o Rio Limeira; considerando que, a partir da Fazenda do Campo, as margens do rio do Ronco, seguia-se por excelente estrada de rodagem, rumo a Piquete; Considerando o fato de ser a Fazenda do Campo de propriedade da mãe do Barão da Bocaina; Considerando o fato de haver sido a Fazenda Amarela,  de propriedade do Barão da Bocaina; estando está, na mesma rota do afluente do Paraíba do Sul, ou seja, o rio Limeira que se compõe com o rio do ronco. É possível afirmar que a História das Estações Ferroviárias nesse trecho é o coroamento de uma Historia consolidada de um caminho indígena, que veio a se tornar o caminho do ouro.
ESTAÇÕES DO RAMAL DE PIQUETE:
"A ESTAÇÃO: A estação de Angelina foi batizada com o nome da mãe do Barão da Bocaina, dono da fazenda Amarela, e que hospedou trabalhadores e pessoal da ferrovia na época da construção. A fazenda, aliás, existe até hoje. Embora a estação tenha funcionado até o final dos trens de passageiros, em 1978, já em 1947 servia como residência de trabalhadores. Um pouco antes da estação, sentido Piquete, estava localizado, até o início dos anos 40, uma parada (estribo) de nome Marechal Faria. Duzentos metros à frente da estação estava a ponte sobre o ribeirão da Fortaleza, que divide Lorena de Piquete. (Fontes: Marco Giffoni, Caçapava, SP; Guias Levi, 1941-1980; Max Vasconcellos, "Vias Brasileiras de Comunicação", 1947; Celeste Aída, Piquete, SP) "
"A ESTAÇÃO: A estação de Coronel Barreiros levava o nome (Vicente Barreiros) de um fazendeiro dono de terras na região, no final do século XIX. Ele trabalhou para a E. F. Dom Pedro II, depois Central do Brasil, em 1886, como empreiteiro. Antes e depois desta estação, o trem cruzava o rio Fortaleza; duas vezes, portanto. A estação funcionou até a supressão dos trens de passageiros, em 1978. Coronel Barreiros era uma pequena estação muito bonita, e havia até um pequeno comércio ao redor dela. Hoje só existe uma escola por ali, uma casa e mais nada. Ficou um vazio. (Fontes: Marco Giffoni, Caçapava, SP; Christoffer R.; Guias Levi, 1941-1980; Celeste Aida Rosa, Piquete, SP, 06/2005; Max Vasconcellos, "Vias Brasileiras de Comunicação", 1947)"
A ESTAÇÃO: A estação de Francisco Ramos tinha o nome em homenagem a um fazendeiro local. A estação também chegou a se chamar, por um tempo, Tavares de Lira. Logo após a estação, sentido Piquete, a linha cruzava pela terceira vez o rio Limeira, não sem antes passar por uma parada extinta nos anos 30, de nome Parada Novais. (Fontes: Marco Giffoni, Caçapava, SP; Guias Levi, 1941-1980; Max Vasconcellos, "Vias Brasileiras de Comunicação", 1947)

A ESTAÇÃO: A estação de Bela Vista chamou-se, no princípio, Aguiar Moreira, mas acabou tomando o nome de uma fazenda próxima, de propriedade de um tal Reinaldo Dias. Nos anos 40, passou se chamar Itabaquara, mas nos anos 50 voltou a se chamar Bela Vista. (Fontes: Marco Giffoni, Caçapava, SP; Guias Levi, 1941-1980; Max Vasconcellos, "Vias Brasileiras de Comunicação", 1947)

A ESTAÇÃO: Aberta com o nome de Rodrigues Alves em 1906, na cidade de Piquete, homenageando assim o Presidente da República na época da construção da ferrovia. Em 20/09/1933, o nome foi alterado para o da cidade, Piquete. A estação era o ponto terminal dos trens de passageiros que vinham de Lorena para a cidade pelo ramal, nos trens da Central e depois da RFFSA. Nos anos 70, a RFFSA passou a correr direto de Lorena para a fábrica, na estação de Limeira, substituindo os "trens piqueteiros", como eram chamados os trens do exército que partiam direto de Lorena com os funcionários da fábrica, e eram também do exército. Em 1985, o tráfego de passageiros no ramal foi suspenso. O prédio esteve abandonado por muitos anos, mas foi finalmente entregue restaurado em 15/9/2006, abrigando a Secretaria da Cultura da cidade. (Fontes: Marco Giffoni, Caçapava, SP; Guias Levi, 1941-1980; Max Vasconcellos, "Vias Brasileiras de Comunicação", 1947; Jornal Cidade Paisagem, ed. 237, Janeiro 2006; Ercio Molinari; Jornal Vale Paraibano, 16/9/2006; Fundação Christiano Rosa, Piquete, SP; Sérgio Martire; Prefeitura Municipal de Piquete)


(2) Cultura e Opulênica doBrasil, por suas Drogas e Minas/ Adré João Antonil, introdução  e notas por Andrée Mansuy Diniz Silva-São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 2007 (Documenta Uspiana II) pag 256 e 259.
(3) Sampaio, Teodoro, VIAGEM À SERRA DA MANTIQUEIRA CAMPOS DE JORDÃO E SÃO FRANCISCO DOS CAMPOS, ed. brasiliense 1978, São Paulo pag 13.

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...