segunda-feira, 7 de março de 2011

ESTRADA REAL: CAMINHO VELHO X CAMINHO GERAL DO SERTÃO

                               
 Quando falamos em Estrada Real devemos ter em conta que, todos os caminhos do ouro eram Estradas Reais. Entretanto, "contrario sensu", não podemos afirmar que todas as Estradas Reais eram originais caminho do ouro. Nesse sentido temos no que diz respeito ao caminho velho que:
"O caminho remonta a uma antiga trilha indígena (peabiru), utilizada pelos Guaianás que, do litoral de Paraty, atingia o vale do rio Paraíba, atravessando a serra do Mar. Por esse Caminho dos Guaianás, avançaram as forças de Martim Correia de Sá (cerca de setecentos portugueses à frente de dois mil indígenas) que, partindo do Rio de Janeiro em 1597, desembarcaram na enseada de Paraty, subindo a serra do Mar para combater os Tamoios, aliados dos corsários franceses naquele litoral."
Em verdade a descrição está relacionada ao Caminho Geral do Sertão em conformidade com o Mapa de Santos,  via Alto da Serra. Por outro lado, quanto ao caminho velho, temos descrito como passou a ser usado esse caminho a partir da descoberta do Ouro:
"A partir da descoberta de ouro no sertão das Minas Gerais, em fins do século XVII, o seu trajeto alcançava a vila do Falcão (atual Cunha), de onde descia alcançando o vale do rio Paraíba (Guaratinguetá), prosseguindo até Vila Rica (atual Ouro Preto), transformando-se no caminho oficial para o ingresso de escravos na região (ida), assim como para o escoamento do ouro das minas (volta), transportado por via marítima de Paraty para Sepetiba, e daí, por via terrestre novamente, pelos domínios da antiga Fazenda de Santa Cruz, até ao Rio de Janeiro, de onde seguia para Lisboa, em Portugal. Esta via estendia-se por mais de 1.200 quilômetros, percorridos, normalmente, em cerca de 95 dias de viagem."
Desta feita, não há dúvida de que a região que veio a dar origem a Piquete, constituia-se de trilhas indigenas, utilizada para transposição da Serra da Mantiqueira, alternativamente pela Garganta do Embaú ou desfiladeiro de Itajubá, Garganta do Sapucaí, cuja presença dos nativos deu origem a Aldeia São Miguel.
Estamos falando de um caminho pré-colonial, em que a utilização resultou no Caminho Velho, camimho Geral do Sertão, Estrada Real e Caminho do Ouro.
A pretensão objetivando negar o reconhecimento e relevância Histórica de Piquete, tem como fundamento uma Estrada Real, além da Freguesia da Piedade que veio a existir muito depois, ou seja:
"Por conta do risco de ataque de corsários, de piratas, e de naufrágios, D. João V (1706-1750) recomendou, em 1728, a substituição do trecho marítimo, entre Sepetiba e Paraty. Por essa razão, em meados do século XVIII já existia uma variedade - o Caminho Novo da Piedade - que, partindo do Rio de Janeiro, pelo caminho para a Fazenda de Santa Cruz, alcançava o vale do rio Paraíba, onde entroncava com o Caminho de São Paulo na altura da atual cidade de Lorena". (1)
Eis a pergunta que não quer calar. Se o caminho velho em especial o caminho geral do sertão, remonta uma trilha indigena utilizada pela primeira vez em 1597, e o Caminho Novo da Piedade resultou de recomendação de D. João V em 1728, pode se afirmar que além da Piedade existia algum caminho até que fosse construido o Caminho Novo da Piedade? Sendo certo que, da recomendação a conclusão do Caminho Novo da Piedade foram muitos anos.
Ademais relativamente ao Caminho Novo, que iniciava no Rio de Janeiro, em nota (23) do artigo "ESTRADAS REAIS NO SÉCULO XVIII: A IMPORTÂNCIA DE UM COMPLEXO SISTEMA DE CIRCULAÇÃO NA PRODUÇÃO TERRITÓRIAL BRASILEIRO", temos que, em petição de 1710, encaminhada ao Governador da Capitania do Rio de Janeiro os negociantes pedem autorização para continuarem usando o Caminho Velho, em virtude da falta de alimentos que se existente no Caminho Novo (grifo meu) (2).
Apenas para considerar um periodo:
A) a Badeira de Fernão Dias partiu de São Paulo no dia 21 de junho de 1674, em direção ao sertão da Mantiqueira, dando-se o que se chamou a corrida do ouro, pouco tempo após. B) Em 1710 houve a solicitação de continuidade de utilização do Caminho Velho em detrimento ao Caminho Novo. C) Somente em 1728, deu-se a recomendação para construção do Caminho Novo da Piedade. Ou seja, somente depois de mais de meio Século do inico da corrida do ouro cogitou-se do Caminho Novo da Piedade. Conclusão que caminho seria esse contido no roteiro de viagem de André João Antonil,  relativamente às Cinco Serras Altas, senão o caminho em direção ao Núcleo Embrião de Piquete? Resta definitivo que, pela margem direita do paraiba a partir da Freguesia da Piedade, não existia nenhum caminho. Quanto a margem esquerda, oportunamente manifestarei sobre a roubada que os maiorais de Lorena enfiaram Dom Pedro Miguel de Almeida Portugal, o então, futuro Conde de Assumar que havia embarcado em 17 de Abril de 1717, de Portugal para o Brasil, em razão da nomeação para governador da Capitania de São Paulo e Minas do Ouro.
Faz-se necessário ainda uma ultima consideração quanto a prévia necessidade de recomendação para abertura do referido Caminho da Piedade, pois, "O livro V das Ordenações Filipinas" que trata das Penas, previa pena de morte para os casos de abertura de caminhos sem autorização da Coroa.

Mapa do Caminho Velho - Via Registro (Piquete), Conceição do Embaú (Cruzeiro)
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Mapa: Apresentando  o Estado Político da Capitania de São Paulo em 1766, foi elaborada esta carta, com particular atenção aos limites com Minas Gerais. Alto da Serra, Núcleo Embrião de Piquete-SP.
1) Fonte pesquisada no dia 07 de Março de 2011 - http://www.grutadagratidao.com.br/estradareal1.htm
(2) ESTRADAS REAIS NO SÉCULO XVIII: A IMPORTÂNCIA DE UM COMPLEXO SISTEMA DE CIRCULAÇÃO NA PRODUÇÃO TERRITORIAL BRASILEIRO nota 23 http://migre.me/40qEF

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...