segunda-feira, 7 de março de 2011

ESTRADAS REAIS NO SÉCULO XVIII: A IMPORTÂNCIA DE UM COMPLEXO SISTEMA DE CIRCULAÇÃO NA PRODUÇÃO TERRITÓRIAL BRASILEIRO (Transcrição de parte do trabalho de Rafael Straforini Universidade do Estado do Rio de Janeiro/FE - Brasil ) (1)

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Sistema de circulação e o controle do território:
Como expressa a historiografia, a mineração de metais preciosos tornou-se a atividade central da política exploratória da América Portuguesa no Setecentos, logo, o seu destino deveria ser, indubitavelmente, os portos da Colônia. O porto de Santos foi o primeiro a ter função de escoar o ouro para a metrópole, dada a proximidade com as minas, a rede de clientelismo que favorecia os “paulistas poderosos" (ANDRADE, 2002) no recebimento dos lotes minerais, bem como na proximidade e acesso que essa praça portuária tinha à vila de São Paulo, que, na ocasião, constituía-se como o principal ponto de entroncamento de vários caminhos e rotas de penetração (ABREU, 1963), resultado da tradição bandeirista. Desses, o caminho do vale do Paraíba que conduzia à Serra da Mantiqueira, após seguir o vale, tornou-se a principal rota de entrada de migrantes, da saída do ouro e do próprio abastecimento das minas nos seus primeiros anos. Era o chamado Caminho Geral do Sertão. Prado Jr. (2000) e Santos (2001), dentre outros autores, utilizaram os relatos de Padre Antonil [16] para descrever a rota paulista que partindo da vila de São Paulo, passava pela Penha, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Laranjeiras, Jacareí, Taubaté, Pindamonhangaba, Guaratinguetá e Lorena. Transpunha-se a serra da Mantiqueira pela garganta do Embau e, vencida a “cordilheira” o caminho bifurcava-se, indo um dos ramos para as minas de Ribeirão do Carmo e Ouro Preto e o outro para as minas do Rio das Velhas. A esse caminho, juntou-se uma variante que partia do Rio de Janeiro por terra até Sepetiba, seguia por mar até Paraty e daí, subia a Serra do Mar atingindo o planalto nas proximidades da vila bandeirante de Guaratinguetá, seguindo desse ponto em diante pelo mesmo Caminho Geral. Esse caminho do Rio de Janeiro às Minas Gerais, passando por Paraty passou a ser chamado no século XVIII de Caminho Velho.
Nota [16] A obra do Pe. Jesuíta André João Antonil intitulada Cultura e Opulência do Brasil “teve Ordem para que o livro corresse em 06 de março de 1711”, no entanto, em 20 de março do mesmo mês e ano, por Ordem Régia, sua edição foi recolhia e queimada. “Essa medida se deve ao fato de o Governo Português (D. João V) se opor à divulgação das riquezas do Brasil, sobretudo as de natureza mineral, objeto de detalhamento por parte de seu autor. (...) Apenas alguns exemplares escaparam das chamas e, ao que se sabe, existem três no Brasil: dois na Biblioteca Nacional e um outro na Biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.” (Sales, 1997, p.11-2)
OBSERVAÇÃO: A partir de Lorena, onde ficavam as roças de Bento Rodrigues, "até ao pé da serra afamada de Amantiqueira, pelas cinco serras muito altas que parecem os primeiros muros que o ouro tem no caminho para que não cheguem lá os mineiros, gastam-se três dias até ao jantar" nas palavras do Pe. Jesuita André João Antonil, possibilita afirmar que o caminho seguido era em direção ao núcleo que veio a dar Origem a Piquete, sendo farta a cartografia nesse sentido.  Piquete no caminho do Ouro, no caminho da História, 20 de Março, faz 300 anos, que citação das Serras de Piquete contido em roteiro Histórico  foi proibida de divulgação pela Coroa Portuguesa.

Fonte: REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES Universidad de Barcelona.
ISSN: 1138-9788. Depósito Legal: B. 21.741-98  Vol. X, núm. 218 (33), 1 de agosto de 2006 http://migre.me/40ozQ

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