terça-feira, 11 de outubro de 2011

O VIGOR DAS TRADIÇÕES CULTURAIS DOS SERTÕES NA AÇÃO DE EDUCAR Miguel Almir Lima de Araújo Professor da UEFS e da UNEB (Transcrição)

RESUMO - As meditações que apresento no texto emergem de pesquisas qualitativas realizadas nos contextos culturais dos Sertões da Bahia. Compreendo tradição cultural como expressão do ethos, dos repertórios simbólicos de comunidades/povos que, de forma viva e rediviva, traduzem valores, crenças e cosmovisões. Assim, identidade cultural conota a composição de um rosto singular, porém, constituído de forma mestiça, plural; de uma composição móvel que se afirma e se renova.
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01 - Tradição e identidade cultural
Este texto traduz meditações que emergem de pesquisas intensamente desenvolvidas nos contextos sócio-culturais dos Sertões da Bahia e de outros estados nordestinos.Compreendo tradição cultural como expressão do ethos que configura os repertórios simbólicos constitutivos dos grupos, comunidades e povos nos contextos de sua vida cotidiana; como núcleos anímicos que traduzem valores, crenças e cosmovisões impregnadas nas camadas incontornáveis do corpo e da alma, dos imaginários humanos; como expressão viva e rediviva de pensares e sentire, marcada pelo ritmo de seu dinamismo e plasticidade, e que, desse modo, permanece e se renova contínua e descontinuamente. Assim, os núcleos da tradição não estão estacionados nem se projetam de modo estático, mas se encontram em trânsito, nos compassos curvos e rítmicos do suceder da cultura, das vicissitudes da saga humana.
Os repertórios do ethos de cada tradição cultural são constituídos de conteúdos éticos e estéticos que traduzem os valores primordiais do bem e do belo de cada povo. Projetam os Sentidos da dignidade e da boniteza que inspiram dinamicamente cada tradição. A força vital de cada tradição a torna volvente, en-volvente.  En-volve seus protagonistas nos processos de compartilhamento e de celebração das proezas do viver. Cada tradição, na esfera da cultura humana, com o vigor de sua seiva, se renova constantemente através dos fluxos dinâmicos de significados e Sentidos que constituem o existir e o co-existir  humanos de cada povo. Essa renovação se processa inspirada nas fontes originárias dessas tradições com suas  potencialidades imanentes e transcendentes de revigoramento e de recriação. Assim, toda tradição se renova para que continue existindo, para que permaneça viva, rediviva. No âmbito da cultura, o que não se renova tende a fenecer e a desaparecer diante do ritmo incessante dos ciclos e das mutações da história.
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Assim, a identidade cultural é constituída de singularidade e de pluralidade, do uno (um) e do múltiplo (outro/s); se renova permanentemente na cadência rítmica e in-tensiva dos fenômenos do existir, do co-existir. Permanecemos os mesmos seres singulares. Porém, no dinamismo dos influxos da vida, nos renovamos e nos reinventamos constantemente para que nossa existência se projete com vivacidade e Sentido. Portanto, identidade cultural pode ser concebida como um amálgama de heterogeneidades. Desse modo, como expressão viva do dinamismo, da plasticidade e da policromia do existir humano que configura cada singularidade.
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Assim, esses povos vadeiam nas folias de encantação; afirmam sua auto-estima. São rituais que acontecem de forma coletiva e que afirmam e fortalecem os laços de amizade e de solidariedade, que realçam os matizes do dinamismo de suas identidades culturais.
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As tentativas de homogeneização e de uniformização cultural realizadas pelos modelos globalitários com a pretensão de denegação das culturas locais, da diversidade étnico-cultural parece que, em grande medida, estão se desmanchando pelos ares. Na esfera da cultura humana, os modelos hegemônicos não são absolutos. As brechas de seus limites e contradições potencializam o despontar de novas possibilidades e rumos. Os processos mercadológicos da voracidade capitalista, com seus mecanismos de dominância, procuram, muitas vezes, absorver as expressões dessas tradições e reduzi-las a meros produtos de consumo desqualificando a fecundez de suas formas e conteúdos originários. Porém, se expandem e se fortalecem as experiências que resistem e desafiam inventivamente as correntes uniformizadoras do consumismo.
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Sertão é um não-lugar, um des-lugar, um entre-lugar, um lugar in-certo e vesgo, côncavo e convexo, em que se descortina o tempo cíclico dos fluxos rítmicos do sol e da lua; em que se precipitam vidas de seres bravios e bandoleiros, mansos e festeiros. O Sertão se faz de recônditos braseiros, de voragens; de encruzilhadas em que se esparramam errâncias e itinerrâncias desgrenhadas.(1)
 
                             Sertão é do tamanho do mundo. 
                             Sertão : é dentro da gente.
                             Sertão é sem lugar.
VOCÊ TEM CULTURA? ONDE É O SEU SERTÃO ? EU SOU DO SERTÃO DA "VEREDAS DAS BRUMAS DAS TERRAS ERMAS",  DO "SERTÃO DOS ÍNDIOS BRAVOS".  FELIZ É O HOMEM QUE TEM, UM SERTÃO PARA ONDE VOLTAR, "UM SERTÃO DO PERTENCIMENTO", UM SERTÃO A DESVENDAR !
                               

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

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