domingo, 9 de outubro de 2011

(Transcrição) PRODUÇÃO E COMÉRCIO DE TABACO EM MINAS GERAIS E NO RIO DA PRATA NO SÉCULO XVIII Cristiano Corte Restitutti (PPGHE/USP)

1.2 A tabaco de São Paulo
A vila de São Sebastião, no litoral paulista, remetia tabaco para a praça carioca. Em 1699-1700 e 1731-34, esta procedência representou respectivamente 19% e 31% das aquisições do Contrato do Tabaco do Rio de Janeiro (NARDI, 1996, p. 297, 313-4). Em princípios do século XIX, na parte continental da vila se colhia “um pouco de tabaco, que é bastante bom” (MAWE, 1816, p. 156) e na parte insular um “tabaco estimado para o fabrico de tabaco em pó”, considerado o melhor de São Paulo (MULLER, 1978, p. 239). No Vale do Paraíba, a fumicultura foi incentivada pelo abastecimento das minas de ouro. Mas o tabaco vale-paraibano era também exportado para o Rio de Janeiro, quando o preço na praça carioca se tornava recompensador. A produção tabaqueira mercantil foi mais intensa em Taubaté e Guaratinguetá. Segundo Armênio Rangel (1998, p. 356), “o enriquecimento do município de Taubaté parece ter origem na cultura do fumo que se destinava aos mercados das Minas Gerais e do Rio de Janeiro”. Conforme dados apresentados pelo próprio Rangel (1998, p. 355, 358, 361-3), este enriquecimento veio do comércio de tabaco para aquelas regiões, e não da produção. O tabaco era fonte de renda de pequenos lavradores e, especialmente, dos negociantes. Em 1765, o capitão-mor de Jacareí mandou seus subordinados indígenas plantarem 150.000 “pés de fumo”, que “é a cultura que dá conveniência”, pois esta “planta de que havendo bom sucesso do tempo é de que se pode fazer mais depressa algum dinheiro”3. Em Taubaté, a produção de tabaco era a atividade principal de 62,4% dos fogos localizados em terras alheias (fogos chefiados por “agregados”) e que produziam para o mercado4. Segundo os oficiais da câmara de Taubaté, “as terras de mato dentro” do município eram “benéficas para a planta do fumo” e por isso era lá “que se estabelec[iam] seus mercadores”5. Nota-se que os vereadores associaram diretamente os lavradores de tabaco aos mercadores de tabaco. 2 IMPORTAÇÕES DE TABACO EM MINAS GERAIS COLONIAL Entre a década de 1690 e meados do século XVIII, a mineração transformou uma região pouco povoada do interior do Brasil na zona mais populosa da América Portuguesa
(MAXWELL, 2001, p. 299). Na falta de evidências de que o consumo per capita de tabaco em Minas Gerais fosse inferior à média brasileira, esta capitania passou a responder pela maior parte do consumo do Brasil.
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2.2 Condições da oferta de São Paulo Os custos de transporte do tabaco do Vale do Paraíba não eram tão grandes quanto os
das importações do Rio de Janeiro pela mesma rota, pois não enfrentava o pior trecho de picada, a serra de Parati. A recorrência de tropas povoou o caminho de São Paulo de ranchos e vendas, facilitando a distribuição do tabaco paulista. Na década de 1710, a maioria absoluta das importações mineiras transitava pelo Caminho Velho9. Pode-se afirmar com segurança que o abastecimento de tabaco de Minas Gerais era suprido parte pela produção do Vale do Paraíba paulista e parte pela florescente produção
local. Em 1701, o domínio do Contrato do Tabaco do Rio de Janeiro abrangia a capitania de São Paulo e a região das minas de ouro. Por conta das condições do contrato, a plantação detabaco ficou teoricamente proibida nestes territórios, mas inexistem evidências de que este veto tenho sido praticado: nesta época se desenvolvia a fumicultura no Vale do Paraíba, trecho paulista do Caminho Velho para as minas.

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Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...