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O itinerário indígena mais importante foi denominado Peabiru pelos indígenas e, posteriormente, caminho de São Tomé pelos jesuítas. Ligava as “tribos da nação Guarany da bacia do Paraguay coma a tribu dos Patos do litoral de Santa Catarina, com os Carijós de Iguape e Cananéia, e com as tribos de Piratininga e do litoral próximo”17. De acordo com Washington Luís, era um caminho “muito batido, com uma largura de 8 palmos, estendendo‑se por mais de 200 léguas desde a capitania de S. Vicente, da Costa do Brasil, até as margens do rio Paraná, passando pelos rios Tibagi, Ivaí e Pequeri”18. Nas primeiras décadas do século XVII, esse itinerário foi percorrido pelos paulistas à caça do gentio guarani que habitava o sertão dos Patos, no atual estado de Santa Catarina, e o sertão dos Carijós, nas terras que margeavam o rio Paranapanema19.
O “marchar à paulista”20, hábito comum nas bandeiras, pressupunha andar a pé muitas léguas, como faziam os índios: sem o uso de calçados, da madrugada “até o meio‑dia, e quando muito até uma ou duas até às três horas da tarde”21. Em carta escrita 1676, o cabildo de Assunção do Paraguai declara: “los Portugueses que hasta aquí se an visto son todos mansevos descalsos de pié y pierna con escopetas y alfanges”22.
Como a língua‑geral era predominante nas bandeiras, os paulistas acabaram difundindo nomes tupis em suas andanças pelo sertão. “As levas que partiam do litoral a fazer descobrimentos falavam, no geral, o tupi; pelo tupi
designavam novos descobertos, os rios, as montanhas, os próprios povoados que fundavam e que eram outras tantas colônias espalhadas por sertões, falando também o tupi e encarregando‑se naturalmente de difundi‑lo”32, explica Teodoro Sampaio. Referindo‑se ao curso do Paraguai, escreve: “E finalmente que eram infinitas as nações que habitavam as margens deste rio, à maneira do Grão‑Pará.
Tudo isto referiam aqueles índios aos nossos cosmógrafos24 e tudo o tempo, descobridor das coisas, tem mostrado claro”25.
Nas jornadas do sertão, os ameríndios marcavam os troncos dos grossos arvoredos para sinalizar os caminhos, processo comum a todo continente mericano, chamado ibapaá, caapeno, cuapaba ou caapepena26. De acordocom o jesuíta João Daniel: Governam‑se (os índios) pelo sol, lua e estrellas. E só quando os matos são pouco limpos, por
baixo exvi dos arbustos, que nascem à sombra dos arboredos, é que costumam fazer um signal a que chamam caapeno, que significa mato quebrado, e é o irem quebrando com a mão alguns raminhos daquelles arbustos, que vão deixando semi‑quebrados e dependurados, para que na volta sirvam de balisas e mostradores; que lhes apontem o caminho pelo qual tornem a sahir ao mesmo lugar27.
Incorporada pelos sertanistas, a prática de sinalizar e marcar pontos de orientação – pedras inscritas, árvores gravadas, cruzes toscas, ranchos, queimadas e sepulturas – sugeria o esforço de tornar familiar e decifrável o ambiente hostil do sertão. Cruzes toscas e rudes inscrições em homenagem ao monarca português simbolizavam o conjugado esforço de dilatação da fé e fortalecimento da Coroa lusitana na conquista dos novos territórios28. Estratégia semelhante foi utilizada pelos engenheiros militares nas expedições científico‑demarcatórias, como mostra o mapa de André Vaz Figueira de 1754 (Figura1).
O “marchar à paulista”20, hábito comum nas bandeiras, pressupunha andar a pé muitas léguas, como faziam os índios: sem o uso de calçados, da madrugada “até o meio‑dia, e quando muito até uma ou duas até às três horas da tarde”21. Em carta escrita 1676, o cabildo de Assunção do Paraguai declara: “los Portugueses que hasta aquí se an visto son todos mansevos descalsos de pié y pierna con escopetas y alfanges”22.
Como a língua‑geral era predominante nas bandeiras, os paulistas acabaram difundindo nomes tupis em suas andanças pelo sertão. “As levas que partiam do litoral a fazer descobrimentos falavam, no geral, o tupi; pelo tupi
designavam novos descobertos, os rios, as montanhas, os próprios povoados que fundavam e que eram outras tantas colônias espalhadas por sertões, falando também o tupi e encarregando‑se naturalmente de difundi‑lo”32, explica Teodoro Sampaio. Referindo‑se ao curso do Paraguai, escreve: “E finalmente que eram infinitas as nações que habitavam as margens deste rio, à maneira do Grão‑Pará.
Tudo isto referiam aqueles índios aos nossos cosmógrafos24 e tudo o tempo, descobridor das coisas, tem mostrado claro”25.
Nas jornadas do sertão, os ameríndios marcavam os troncos dos grossos arvoredos para sinalizar os caminhos, processo comum a todo continente mericano, chamado ibapaá, caapeno, cuapaba ou caapepena26. De acordocom o jesuíta João Daniel: Governam‑se (os índios) pelo sol, lua e estrellas. E só quando os matos são pouco limpos, por
baixo exvi dos arbustos, que nascem à sombra dos arboredos, é que costumam fazer um signal a que chamam caapeno, que significa mato quebrado, e é o irem quebrando com a mão alguns raminhos daquelles arbustos, que vão deixando semi‑quebrados e dependurados, para que na volta sirvam de balisas e mostradores; que lhes apontem o caminho pelo qual tornem a sahir ao mesmo lugar27.
Incorporada pelos sertanistas, a prática de sinalizar e marcar pontos de orientação – pedras inscritas, árvores gravadas, cruzes toscas, ranchos, queimadas e sepulturas – sugeria o esforço de tornar familiar e decifrável o ambiente hostil do sertão. Cruzes toscas e rudes inscrições em homenagem ao monarca português simbolizavam o conjugado esforço de dilatação da fé e fortalecimento da Coroa lusitana na conquista dos novos territórios28. Estratégia semelhante foi utilizada pelos engenheiros militares nas expedições científico‑demarcatórias, como mostra o mapa de André Vaz Figueira de 1754 (Figura1).
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