quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Caminhos e Descaminhos de Paraty (Transcrição)

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A primeira citação de Paraty e da trilha dos guaianás em um documento escrito apareceu apenas nos relatos do aventureiro inglês Anthony Knivet, de 1597. Ele seguiu na expedição de 2.700 homens, comandada por Martim Corrêa de Sá, pela trilha dos guaianás para aprisionar índios e descobrir tesouros escondidos por trás do paredão verde da serra.  A partir daquela expedição, Paraty passou a ser um ponto de entrada e passagem obrigatória para quem buscava a região serra acima. Os portugueses começavam a descobrir o interior do Brasil pela trilha dos guaianás e pelo caminho que ligava a vila de São Vicente ao antigo vilarejo de São Paulo.        
E foi descoberto o ouro
Baía de Paraty
A notícia da descoberta de ouro pelos bandeirantes paulistas em Minas Gerais provocou grandes mudanças em Paraty. Ponto de passagem obrigatório para acessar a região das minas a partir do Rio de Janeiro, a vila cresceu e se transformou.  Em 1700, por exigência da coroa portuguesa, ficou determinado que todo o ouro extraído em Minas Gerais deveria tomar o rumo de Paraty. A corte batizou a estrada aberta sobre a velha trilha dos guaianás de Estrada Realo trecho de Paraty ficou conhecido como Caminho do Ouro. Partia de Diamantina até Ouro Preto, passava por São João del Rey, seguia para Taubaté, entrava em Cunha e terminava em Paraty. Visava a facilitar a cobrança do Quinto, o pesado imposto que Portugal impunha à produção do precioso metal – o posto, chamado de Casa do Ouro, ficava pouco antes da cidade – e a evitar saques. Para burlar a fiscalização, os tropeiros criavam desvios pela mata fechada ou apelavam para soluções mais criativas, como talhar imagens ocas de santos e enchê-las de ouro – daí a origem da expressão “santo do pau oco”.  O ouro então seguia de navio para o Rio de Janeiro. Havia mais um problema: o constante assalto dos corsários, que se escondiam nas abundantes baías e braços de mar da costa. Para defender o porto do ouro foi construído, em 1703, o Forte Defensor Perpétuo, hoje aberto a visitação no Morro do Forte.   
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- Nota: Considerações relativas a uma Entrada, em 1597, por Martins de Sá, narrada por Antonio Knivet, publicada na "Revista do Instituto Histórico do Rio de Janeiro (vol. LI, 1878)",  entre inúmeras reflexão em especial questionando a segunda parte do roteiro, a partir do rio Paraiba, escreve Orville Derby:
                 "A narrativa de Knivet, acima resumida nos seus pontos geográficos, refere-se a uma entrada aos sertões dos atuais Estados de S. Paulo e Minas Geraes, que precedeu por alguns anos à famosa bandeira paulista, nesta mesma região das quais a primeira de que a história tem conservado noticia data de 1602"(1)
- Extreme de dúvida, resta certo que, está o articulista referindo-se  a Expedição de André de Leão, enviada ao  Sertão por D. Francisco de Souza, sétimo Governador da Capitania do Sul em 1602,  à partir de São Vicente. Desta feita, ainda que tenham partido tais expedições de pontos diferentes,  a de Knivet do Rio de Janeiro, pelo caminho dos guainás, rota está que veio a dar origem ao Caminho Velho.  A expedição de André de Leão, em conformidade com os relatos de Alexandre Grymmer, se deu, pela rota que veio a ser denominada, caminho dos Paulistas, caminho geral do sertão. Entretanto, convergiam para um ponto comum, ou seja, em conformidade com os relatos de Alexandre Grymmer, até o limite de navegabilidade do Rio Paraiba, Guaipacaré, ponto também de travessia, quando então,  segue margeando um ribeiro, que nasce no lado Oeste e após cinco dia de viagem, chegava-se  a Raiz do Monte.  Podendo-se afirmar que seguiu o mesmo caminho, a descrição de Knivet, possibilita inclusive, identificar a nação Índigena que vivia no Núcleo Embrição de Piquete, veredas das brumas das terras ermas,  uma vez que, consta de seu relato que a expedição foi guiada por um Índio, por entre dois montes, margeando um rio durante quarenta dias. Entre outras toponímias nesse percurso temos; "Chegando a uma região campestre arborizada  de pinheiros (grifos meu)".  A assertiva quanto a tribo Índigena que habitava o caminho da serra acima, está no fato que,  estando entre os Puris no referido ponto de convergência dos caminhos, foram indicado sobre a existência de uma aldeia de Tapuyas na outra banda do rio, há dois dias de viagem, onde podiam obter mantimentos (grifos meu) (2) 
 - Ademais, considerando os relatos de horripilantes atos de  canibalismo nas descrições de Knivet, do qual, segundo este, somente sobreviverá, por haver se identificado como Francês. Resta justificável a pressa manifestada nos relatos de Alexandre Grymmer,  estando no mesmo contexto de sertão, no que diz respeito ao fato de ter que, arrepiar carreira, de medo dos Índios bárbaros (grifos meu)
(1) Ribeiro, João, História do Brasil, Curso Superior 14.ª Edição, revista e completada por Joaquim Ribeiro, Livraria São José, Rio de Janeiro 1953, pág. 187.
(2) ibidem, pág. 184.

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

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