sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Parte: 3 - As incríveis aventuras e estranhos infortúnios de Anthony Knivet -

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Chegamos num lugar de terra seca e marrom, cheio de morros, rochas e nascentes de vários córregos.(6) Em muitos desses córregos encontramos pequenas pepitas de ouro do tamanho de uma noz, e muito ouro em pó feito areia. Depois disso, chegamos a uma região bonita onde avistamos uma enorme montanha brilhante à nossa frente (7). Levamos dez dias para alcançá-la pois, ao tentarmos atravessar a planície(8)  mesmo longe da  serra, o sol ficava forte demais e não podíamos mais avançar por causa da  claridade que refletia e nos cegava. Enfim, lentamente conseguimos chegar ao sopé dessa montanha, onde encontramos muitos  tamanduás. (9)
Nota:
6. Ainda segundo Teodoro Sampaio, esse sítio estaria nas vizinhanças do Guaripocaba de Bragança Paulista.
7. A montanha brilhante, segundo Teodoro Sampaio, seria a serra de Itaberaba, um prolongamento da Mantiqueira, entre os municípios de Nazaré Paulista e Santa Isabel. Itaberaba, em tupi, quer dizer “montanha reluzente”. Gabriel Soares de Sousa, em seu Tratado descritivo do Brasil, de 1587, dá testemunho semelhante: “E não há dúvida senão que entrando bem pelo sertão desta terra há serras de cristal finíssimo, que se enxerga o resplandor delas de muito longe, e afirmaram alguns portugueses que as viram que parecem de longe as serras da Espanha quando estão cobertas de neve, os quais e muitos mamelucos e índios que viram essas serras dizem que está tão bem criado e formoso esse cristal em grandeza, que se podem tirar pedaços inteiros de dez, doze palmos de comprido, e de grande largura e fornimento.” Também Pero de Magalhães de Gândavo, no Tratado da Terra do Brasil, se refere ao mito tupi do itaberabaçu, ou sabarabuçu: “A esta capitania de Porto Seguro chegaram certos índios do sertão a dar novas dumas pedras verdes que havia numa serra muitas léguas pela terra adentro, e traziam algumas delas por amostra. E os mesmos índios diziam que daquelas havia muitas, e que esta serra era mui fermosa e resplandecente.” (16)  Aventuras e infortúnios de Anthony KnivetSeguimos por ela pelo menos vinte dias antes de encontrarmos algum meio de subi-la. Finalmente achamos um rio que passava por baixo da montanha e decidimos descobrir algum modo de atravessá-lo.(10)  Alguns dos nossos, no entanto, achavam melhor continuar margeando o sopé da montanha ao invés de penetrar no seu subterrâneo pois, diziam, se o rio não atravessasse até o outro lado, estaríamos perdidos, uma vez que seria impossível retornar contra a corrente. Então respondi:  “Amigos, o melhor é arriscar nossas vidas agora como já fizemos antes em outros lugares. Caso contrário, temos que nos preparar para ficar vivendo como animais selvagens aqui onde nossa vida durará quanto Deus quiser, sem que pesem posses, nome ou religião. Por isso, creio que o melhor caminho a seguir é tentar atravessar, pois sem dúvida Deus, que já nos livrou de perigos sem fim , não há de nos abandonar agora. Além disso, se tivermos a sorte de atravessarmos para o outro lado, decerto encontraremos  
8. Essa planície seriam os campos entre Bragança e Atibaia, no estado de São Paulo, de onde partiram para o sul e atingiram a montanha brilhante.
9. No original “tamandros”.
Parafraseando: Ao falarmos de lugar de terra seca e marrom, não estamos falando exatamente das terras que vieram a garantir o sucesso do café no Vale do Paraiba e Sul de Minas. Por outro lado, a região bonita onde avistaram uma enorme montanha brilhante à frente, não é o contraforte, da Mantiqueira, das cinco serras altas do roteiro de Andre João Antonil, da Serra de Jaguamimbaba no lado paulista, nesse caso a Amantiqueira como era designada no lado Mineiro?  ou seja, essa planície se constitui na região do Alto Sapucaí, região dos pinheiros, Porém, antes de chegarem a essa montanha brilhante. "subiram uma enorme montanha coberta de floresta", restando indubitável, não se trata da Serra do Lopo, mas  da mesma Raiz do Monte do roteiro da expedição de André de Leão, a mesma Mantiqueira Quadrilheira do Padre João de Faria Fialho.
                      Pico do Meia Lua




  

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