.........................................................
No Brasil, a partir do cruzamento de versões, o mito da sierra de La Plata se confundiu com o da serra do Sabarabuçu ou Serra Resplandescente, que, segundo os índios do século 16, tinha uma lagoa dourada no sopé e um clarão de esmeraldas no topo.
Em 1596, Martim Correia de Sá, filho do governador do Rio de Janeiro, aportou em Paraty com uma expedição de 2.700 integrantes e seguiu para o planalto em busca dessa formação.
Um dos participantes dessa expedição, o aventureiro inglês Anthony Knivet, diz em seu livro, Vária Fortuna e Estranhos Fados, que achou pedras verdes, de outras cores e muito ouro, em pepitas do tamanho de avelãs, cobrindo as margens dos riachos como se fosse areia.
Essa narrativa relaciona a expedição de Martim de Sá a esforços do governo da Colônia em busca desse sonho. O castelhano Filipe Guillén, outra controvertida personagem, que já havia sido preso como embusteiro, escreveu ao rei de Portugal, em 1550, dizendo que índios chegados a Porto Seguro haviam falado de uma montanha, no interior da floresta, conhecida como sol da terra, que despejava ao rio pedras amareladas chamadas de pedaços de ouro.
E despejava em tamanha quantidade que, com essas pedras, os índios faziam gamelas para dar comida aos porcos, pois acreditavam que elas traziam doenças e não as usavam em nada para si. Os índios também não ousavam ir além da serra, porque tinham medo de seu brilho.
Pela altitude e pelo destaque no relevo, a serra da Piedade no município de Caeté, em Minas Gerais, ganhou reputação regional como sendo essa elevação lendária. Depois, o mito de Sabarabuçu se confundiu com o da serra das Esmeraldas, procurada incansavelmente pelo célebre bandeirante Fernão Dias Paes.
Foram três anos de buscas infrutíferas no sertão, de 1674 a 1676, marcados por doenças, mortes, combates sangrentos com os índios, desistências de companheiros importantes e, até, diante da persistência de Fernão Dias, uma conspiração contra sua vida, liderada pelo filho bastardo José Dias Paes, que ele enforcou como exemplo.
Fernão Dias finalmente encontrou pedras verdes, mas não eram esmeraldas e sim turmalinas, de pouco valor. E morreu de febre palustre próximo a Sabará. Muitos não voltaram dessa expedição, fundando povoados em Minas Gerais e no vale do São Francisco, que serviram de apoio a outros bandeirantes.
A lendária expedição de Fernão Dias também serviu para glamurizar a figura do bandeirante como intrépido aventureiro em busca de riquezas e para disfarçar o principal objetivo das bandeiras, ao lado desse, que era o apresamento de índios para escravizar, o que levou à dizimação de muitas tribos.
Envolvidos na busca de riquezas, os colonos de São Vicente mudaram a sede da Capitania para São Paulo, em 1681. A partir dessas incursões, abriu-se o Caminho Geral do Sertão, que ligou São Paulo a Guaratinguetá e se embrenhou nas matas a nordeste da Capitania. E foi por esse caminho que o bandeirante Antônio Dias achou ouro no sertão de Cataguases, em 1698.
A descoberta do ouro iniciou o terceiro período da colonização. Os rios Tietê, Paraíba e Iguape aprofundaram o acesso ao interior. No planalto, as vilas se esvaziaram, com essa corrida, mas a abertura de novos caminhos estimulava os negócios, entre eles o do abastecimento e o das tropas para o transporte de alimentos e mercadorias.
Nesse processo, entretanto, por injunções políticas e economias, a Capitania de São Vicente teve seu nome e seu território sucessivamente mudados até o final do século 18 (2).
Paraty, no litoral da Capitania, foi passagem do ouro de 1698 a 1733, quando a trilha do Facão e o Caminho Velho foram substituídos pelo Caminho Novo e fechados ao transporte do metal.
Mas, por ter sido apenas uma passagem dessa riqueza, a vila não conheceu uma elite capaz sequer de dar às suas igrejas a opulência das mineiras. Tanto que a igreja de Santa Rita, erguida em 1722 e a de N.S.do Rosário, levantada em 1725, têm uma arquitetura modesta e um interior muito simples, apesar de influenciado pela fase mais sofisticada do barroco.
Em 1763, com a mudança da capital da Colônia para o Rio de Janeiro, inicia-se o ciclo da cana-de-açúcar no sudeste e, com ele, o quarto ciclo da colonização.
A cana não vingou como se esperava, no vale do Paraíba, mas deu certo em algumas vilas paulistas como Jundiaí, Piracicaba, Sorocaba, Moji-Guaçu, Campinas e Porto Feliz.
Já Paraty, no litoral, tornou-se grande produtora de cana e a maior fabricante de cachaça da capitania do Rio de Janeiro, exportando-a ativamente para as minas e para o Rio de Janeiro, de onde seguia até a África para ser trocada por escravos.
Diferente do ouro, que não trouxe riqueza à cidade, a cana criou uma elite sofisticada, que ergueu sobrados com apuro e consumiu itens de luxo. Com os recursos da cana, as obras da Matriz foram retomadas, em 1787 e foi erguida a capela de N.S. das Dores, em 1800.
A partir de 1830, com o café, vem o quinto e último ciclo da colonização. Plantado no Brasil desde 1723, o café chega por volta de 1830 ao vale do Paraíba, que se torna sua maior região produtora.
Com o café surgiram as primeiras indústrias brasileiras, desenvolveu-se o transporte ferroviário, o porto de Santos se tornou o maior do País e, a partir da Abolição, em 1888, a mão-de-obra assalariada substituiu os escravos.
Quando o vale do Paraíba se afirmou como região cafeeira, a única forma de encaminhar a produção ao Rio de Janeiro era transportá-la em tropas de muares até os portos mais próximos, entre eles de Paraty.
Com isso, intensificouarquitetônico brasileiro.
Mas, a partir de 1877, com a chegada da linha férrea a Guaratinguetá, o café passou a ir por trem ao Rio de Janeiro, abandonando a trilha do Facão e o porto de Paraty. A cidade entrou em decadência, até renascer como destino turístico. Mas o Brasil já era outro, desbravado pelos colonos vicentinos e seus descendentes.
Fonte: http://migre.me/8fyN7Parafraseando:
Havendo Anthony Knivet (1) e os doze portugueses de quem falou, se despedido do capitão (Martim Correia de Sá), preferindo seguir em direção ao mar do Sul do que voltar sem nada. Constando de seus relatos que uma semana depois chegaram a uma pequena aldeia de seis casas que pareciam estar há muito desabitada. Em se tratando da região de Guaratinguetá, não era essa a aldeia, a mesma de Guaipacaré, limite de navegabilidade do Rio Paraíba? Uma vez que dessa região seguiram rumo noroeste. O município de Piquete, não fica exatamente a noroeste e norte do Caminho Geral do Sertão a partir de Lorena, quando então se embrenhavam nas matas a nordeste da Capitania? Ou seja, o Sertão dos índios bravos, do qual a Freguesia da Piedade era Fronteira? É possível ter dúvida de que Anthony Knivet e seus companheiros ao abandonar sua canoa e decidirem continuar o trajeto por terra, rumando para sudoeste e subir uma enorme montanha coberta de floresta, na busca do melhor caminho se mantiveram sempre entre, o sul e o oeste, ou seja, mais próximo possível do noroeste pretendido. Ou Alexandre Grymmer em relatos sobre a expedição de André de Leão quando afirma: "Descendo também este rio, durante quinze ou dezesseis dias, chegamos a uma catarata, onde o rio, apertado entre montanhas alcantiladas, se despenha para o Nascente. Por isso, abicamos neste ponto as nossas canoas e marchamos outra vez a pé, ao longo de outro rio que desce do lado ocidental e não se presta a navegação." Ao se referir ao rio apertado entre montanhas alcantiladas, não está falando do trecho correspondente a Guaratinguetá, o mais estreito do vale do Paraíba? Arrancaram o braço do Paraíba em Lorena! Entretanto, não despenhava esse para o nascente, ou seja, rumo leste, afastando-se da rota pretendida? Assim como Anthony Knivet marchou rumo sudoeste, ao marchar rumo Ocidental, não estaria a expedição de André de Leão na mesma direção, ou seja, rumo oeste, (caminho do por do sol). Sendo possível identificar que se trata do ribeiro da Limeira, em direção ao Núcleo Embrião de Piquete, que não se prestava a navegação, mas servia de balizamento, em se tratando de orientação?(2)
1)Fonte: http://migre.me/8fAHs2) Fonte: http://migre.me/8fH7B