quinta-feira, 26 de abril de 2012

A PRESENÇA PORTUGUESA NA REGIÃO PLATINA* (Transcrição)


1- Jesuítas, mercadores de escravos e bandeirantes. Desde o começo da colonização da costa meridional do Brasil que  os portugueses pretenderam integrar a região do Rio da Prata e toda a área, hoje conhecida como Região Platina, ao seu já vasto império. A primeira expedição colonizadora às regiões do sul do Brasil – a de Martim Afonso de Sousa (1530/1532) – avançou até o Rio da Prata, o qual Pero Lopes de Sousa, irmão do capitão, chegou a percorrer. O naufrágio de Martim Afonso nas costas do atual Uruguai e, possivelmente, devido às suas investigações astronômicas – que teriam demonstrado que aquelas terras estavam fora dos limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas (1494) –, a expedição retornou rumo ao norte e estabeleceu-se em São Vicente, o primeiro ponto, oficialmente, a ser colonizado na costa brasileira (1532) . Entretanto, a idéia de avançar sobre o Rio da Prata iria persistir como é provado pela carta do embaixador espanhol, na corte portuguesa, ao seu soberano, o imperador Carlos V, em 11 de julho de 1535, relatando a audiência que tivera com D. João III face às notícias de uma expedição que estava sendo preparada em Lisboa e cujo destino seria o Rio da Prata. Porém, D.João III explicara que a expedição se dirigia para o norte do Brasil (Maranhão). Mas, que ele, El-Rei de Portugal, soubera que, em Sevilha, se preparava uma expedição para ir ao Rio da Prata2 “que era de  su demarcacion y que se abia primero descubierto por un portugues3 y que el queria luego embiar a Vuestra Magestad a requerirle no consintiese que fuese aquella armada que se hazia em Sevilla pues hera em su prejuizio.” 4 A expedição a que D. João III se referia era a expedição de Pedro de Mendonça que estava sendo preparada em Sevilha para rumar ao Rio da Prata, onde chegaria em 1536. Também em relação às terras da Região Platina5 , os lusos pretenderam estender sua posse. Desde os primeiros tempos, as ligações entre Assunção (fundada pelos espanhóis em 1537) e São Vicente foram freqüentes. O fracasso da fundação de Buenos Aires (1536), no Rio da Prata, obrigou os espanhóis de Assunção a utilizar São Vicente e, mais tarde, após a fundação, o Rio de Janeiro como portos de partida para a Europa. O imenso sertão entre São Vicente e Assunção era disputado pelos dois impérios. A falta de condições para estabelecer limites e a escassa população branca impossibilitava seu efetivo povoamento, quer pelos lusos, quer pelos espanhóis. O sertão era o desconhecido, habitado pelos indígenas e por proscritos que para lá fugiam em busca de abrigo, longe da lei. O Peabiru, caminho dos índios que ligava as terras do Paraguai com o litoral do Brasil, serviu para estabelecer o contato entre Assunção e São Vicente. Mas, os perigos eram grandes, devido à presença dos belicosos  indígenas: Guarani, Ibirajara, Tupi e outros. Mas, cedo, os portugueses ultrapassaram a Serra do Mar e ligaram S. Vicente com o planalto. Nesta expansão foram apoiados pelos jesuítas que, desde 1550 (P.Leonardo Nunes, S.J.), haviam chegado a São Vicente. Mas, é com a vinda do P. Manuel da Nóbrega, S.J., então superior da missão6 , que o avanço pelo planalto paulista vai se efetivar, com a fundação da Vila São Paulo de Piratininga (1554). Em suas cartas do ano de 1553, Nóbrega manifesta seu desejo de expandir a ação jesuítica pelas terras do sertão, acreditando, inicialmente, serem estas por direito portuguesas. Somente, após reconhecer a posse espanhola sobre elas e ser proibido pelo governador geral do Brasil, Tomé de Sousa, e aconselhado pelo provincial de Portugal, é que ele desiste de sua pretensão. Os jesuítas foram, ao longo da segunda metade do século XVI e na primeira metade do século XVII, um dos principais elementos da expansão portuguesa ao longo do litoral sul, alcançando as terras do atual Rio Grande do Sul, e no sertão paulista com a instalação de aldeamentos onde reuniam índios para a catequese. O litoral sul foi, também, percorrido por mercadores de escravos de São Vicente e de outras capitanias mais ao norte, como a Bahia, que buscavam indígenas para os mercados de escravos daquelas regiões. Especialmente, o litoral de Santa Catarina foi objeto de interesse por parte dos mercadores de escravos e dos jesuítas lusos, que levavam os índios Carijó para seus aldeamentos em São Paulo e no Rio de Janeiro. A presença de numerosos grupos Carijó na região era fator de atração, tanto para os inacianos como para os mercadores de escravos. Porém, os jesuítas não conseguiram fundar nenhuma residência permanente na região, devido, principalmente, à presença dos mercadores de escravos que instigavam os índios contra os padres, acusando-os de levarem os indígenas para São Paulo e Rio de Janeiro a fim de serem vendidos como escravos ou mante-los escravizados nos seus aldeamentos.(http://migre.me/8PJCT)
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Observação:
1) Em julho de 1550, de Porto Seguro, o capitão Duarte de Lemos escreveu ao soberano, (Tomé de Sousa), garantindo-lhe que ali (Capitania de São Vicente) "é a terra onde está o ouro, porque de nenhuma destas partes podem ir melhor a ele que por esta", já que o Peru "está na altura de dezessete graus que é onde esta capitania está (...)".(http://migre.me/8PHAE)
2) No tempo em que, vindo da Bahia, d. Francisco de Souza, esteve pela primeira vez em S. Paulo, aí vivia Guilherme Glymmer, flamengo, que tomou parte em uma expedição ao sertão e que dela fez uma descrição, que encontrou abrigo na obra de P. Marcgrave – História Botânica do Brasil – nos termos seguintes:(http://migre.me/8PHJU)
Parafraseando: Uma vez que a lendária Serra resplandescente, desde muito, tinha-se por certo que, situava na região central do Brasil. Dada a recomendação contida em carta de Porto Seguro escrita por Duarte de Lemos ao soberano Tomé de Sousa, tendo em vista o ano em questão. Considerando a ação do 7.º Governador da Capitania do Sul D. Francisco de Souza. Resta definitivo que o caminho escolhido em demanda da região do Prata, Serras das Vertente e Alto São Francisco, foi à partir da Capitania de São Vicente, depois Rio de Janeiro. Ou seja, explicação de D. João III no sentido que a expedição se dirigia para o norte do Brasil, justifica-se, uma vez que, o ponto de partida a todo tempo, foi sempre a Capitania do Sul, caminho percorrido por indígenas e por proscritos que para o Sertão fugiam. 

















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