domingo, 1 de abril de 2012

Sumé

SuméPai Sumé ("pajé Sumé"), Zomé ou (em grafia francesa) Sommay é um personagem misterioso, que, antes do descobrimento teria aparecido entre os indígenas, ensinando-lhes o cultivo da terra e regras morais. Com sua ajuda os indígenas plantaram sementes variadas e viram nascer a mandioca, o milho e o feijão. Dotado de poderes extraordinários, era capaz de abrandar chuvas e secas, dominar as ondas do mar e os animais ferozes. Mas os pajés, invejosos do seu poder, só queriam afastá-lo. Repelido, abandonou a região, caminhando sobre as águas do mar. Transpondo distâncias com uma única passada, Sumé livrava-se das flechas que lhe atiravam, fazendo-as voltar e atingir o inimigo.
..........................................................................
Sumé e petroglifos 

Petróglifos em Ingá (PB), atribuídos a Sumé ou a São Tomé
IctoonAdicionada por Ictoon
Pé de Pai Sumé - petróglifo na Baía de Paranaguá, PR
IctoonAdicionada por Ictoon

Sumé é citado quase sempre em relação a antigas marcas em pedras, freqüentemente petroglifos intencionalmente criados por culturas pré-históricas, desde "pegadas" quanto pinturas diversas interpretadas como "letras". Em alguns casos, podem ser simples marcas naturais que por acaso assemelham-se a pegadas humanas. Tais marcas eram muito mais disseminadas quando por aqui chegaram os jesuítas, mas o costume dos colonos de raspar a laje para guardar seus fragmentos como amuletos ou talismãs destruiu muitas delas e o progresso acelerou a destruição de outras. Encontram-se no Piauí em Domingos Mourão, Brasileira, Inhuma, Piripiri, Pimenteiras; em São Gabriel da Cachoeira (Amazonas); São Tomé das Letras (Minas); Ingá (Paraíba); Altinho (Pernambuco); Carolina (Maranhão) etc. Marcas análogas existem em várias partes do mundo, sendo atribuídas a diferentes autores: Jesus, São Bartolomeu, São Tomé ou heróis míticos. Na ilha de Sri Lanka (antigo Ceilão), uma montanha guarda uma marca sagrada de um pé humano. Os budistas dizem que é a marca de Buda; os cristãos a dizem de São Tomé; os hindus a reputam como de seu deus Shiva; e os muçulmanos e judeus as atribuem a Adão. No Brasil, os nativos atribuíam tais marcas ao misterioso estrangeiro a quem chamavam de Sumé, que um dia esteve entre eles em missão civilizadora. Por semelhança fonética, os jesuítas o identificaram a São Tomé, tido como o "Apóstolo das Índias", concluindo que a palavra de Jesus já fora ouvida nesta terra em tempos idos. Mais recentemente, as marcas e a tradição de Sumé foram interpretadas, de maneira superficialmente mais racionalista, como evidência da presença de exploradores europeus ou fenícios em tempos pré-colombianos, ou do uso por Tomé de antigos conhecimentos fenicios para chegar às Américas. O austríaco Schwennhagen, por exemplo, estudou o "Pé de Deus" encontrado em Oeiras, por volta de 1927 e escreveu: “Mesmo sinal existe em Oeiras, no Piauí, e o povo sempre venerou esse sinal, desde a antiguidade. A forma do pé, gravada numa chapa de pedra, é uma placa comemorativa, usada pelos povos antigos para indicar que naquele lugar esteve um homem, que foi um benfeitor do povo. A travessia de São Tomé pelo Atlântico nada tem de milagrosa. Naquela época a população das Canárias e das ilhas do Cabo Verde tinham ainda bons conhecimentos do Brasil e o zeloso apóstolo procurou uma caravela para ir com seus amigos pregar a nova religião aos povos do outro lado do oceano”. Entretanto, muitas das marcas, precedem o santo cristão - e mesmo os fenícios - em milhares de anos. Tais interpretações - aplicadas também a figuras míticas de outras culturas americanas, como Quetzalcóatl e o andino Viracocha, subestimam sistematicamente as culturas indígenas e sua antiguidade. Até a primeira metade do século XX e, ocasionalmente, também depois, estiveram freqüentemente associadas a teorias sobre a superioridade dos europeus ou "arianos": como estes eram considerados a única "raça" humana dotada de criatividade, todos os sinais de cultura encontrados em outras raças deveriam ser atribuídos a contatos antigos com brancos. Daí a ênfase na suposta descrição de tais heróis civilizadores pelos indígenas como "brancos e barbudos", às vezes até como "loiros" - caracerísticas que, na verdade, surgem da reelaboração do mito após os descobrimentos, ou mesmo de sugestões de missionários ansiosos por identificar os heróis civilizadores indígenas com o "Apóstolo das Índias" (http://migre.me/8vFwh)

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...