sexta-feira, 25 de maio de 2012

Do borrão às aguadas: os engenheiros militares e a representação da Capitania de São Paulo (Transcrição)

O controle das terras descobertas demandou um novo tipo de profissional2. Embrenhar‑se nas terras do novo mundo, mapeá‑las e estabelecer sistema de defesa eficiente implicou em novos procedimentos, técnicas e instrumentos. A partir do século XVII, os engenheiros militares roubaram a cena, ofuscando a figura dos cosmógrafos que haviam protagonizado o processo de expansão ultramarina. Os engenheiros militares, especializados em questões de guerra, na fundação de cidades e também no mapeamento de grandes superfícies terrestres, tornaram‑se imprescindíveis no processo de conhecimento, ocupação, definição e controle dos territórios descobertos no ultramar. Mais de duas centenas deles atuaram no Brasil entre os séculos XVI e XVIII. É difícil imaginá‑los em campo, trabalhando em meio à densa floresta, calor inclemente e insetos. Circulavam em canoas ou no lombo de mulas, transportando instrumentos do porte dos relógios de pêndula, telescópios, quadrantes e teodolitos, bem como uma sofisticada tralha e muitos mantimentos. Nessas condições, eles participaram ativamente do processo de conquista e colonização das Américas portuguesa e espanhola (Figura 1). As capitanias de São Vicente e de Santo Amaro – convertidas no século XVIII em Capitania de São Paulo – gozaram da presença de alguns engenheiros militares. Longos períodos de ausência foram interrompidos por permanências temporárias, em resposta a demandas geopolíticas estratégicas, vitais para a sobrevivência da Coroa portuguesa em solos meridionais. Na longa duração, a trajetória de alguns profissionais em solos paulistas nos dá a medida dos interesses metropolitanos aqui em jogo. (http://migre.me/9dKDa).
Nota: No que diz respeito ao estabelecimento de sistema de defesa eficiente, resta definitivamente comprovado que, o Núcleo Embrião de Piquete, era rigorosamente vigiado. A assertiva encontra fundamento na descrição do roteiro de viagem do Padre Vigario João de Faria Fialho, ao citar expressamente o monte de Amantequira quadrilheira. Em se tratando de sinonimia, estamos falando do Alto da Serra, em conformidade com mapas oficiais, local permanentemente vigiado, pelos então chamados  milicianos, incluindo-se os capitães do mato,  designações mais aceitas pelos Paulistas. Estamos falando de um caminho que se constituia em verdadeiro segredo de Estado.  Assim sendo as impresições do roteiro de Andre João Antonil se justificam, não obstante estar suas fontes provavelmente, relacionadas com o potentato dos Garcias Rodrigues.  
 Clique na imagem para reduzi-la
Carta corográfica - Capitania de S. Paulo, 1766 - Apresentando o Estado Político da Capitania de São Paulo em 1766, foi elaborada esta carta, com particular atenção aos limites com Minas Gerais. http://migre.me/9dMz2
...................................................................................................................................................................................
Roteiro das minas de Ouro, que descobriu o Padre Vigario João de Faria e seus parentes, e do que mais que tem em si os Campos (Defronte da Villa de Taubaté) 3 ou quatro dias de viagem, se achou o Rio de Sapucahi, e descendo de Taubaté para a Villa de Guaratinguitá tomando a Estrada Real [sic] do Sertão 10 dias de jornada com cargas para a parte do Norte sobre o monte de Amantequira quadrilheira d [...] Rio Sapucahi achou o Padre Vigario João de Faria, seu cunhado o Capitão Antonio Gonçalves Vianna, o Capitão Manuel de Borba, e Pedro de Aros em 3 ribeiros pinta muito boa, e geral de ouro de lavagem, de que trouxe a amostra delle a esta cidade, e das campinas de Amantequira 5 dias de jornada correndo para o mesmo Norte, e estrada G [...] tão, fica o serro da Boa Vista donde começam os Campos Geraes té confinar com os da Bahia advertindo que a dita Boa Vista serão 15 dias de jornada pouco menos com cargas ao Rio Grande, cujas cabeceiras nascem dos morros, e serros de Juruoca, defronte dos quaes até o Rio dos Guayanás, e um monte chamado Ebitipoca, tem 10 leguas de comprido pouco menos [...] de cascat [...] do, e defronte do mesmo Juruoca p [...] min[...] de O [...] pouco mais ou menos estão umas serras escalvadas nas quaes achou o Padre Vigario Faria, safiras [...] em viveiros de pedras cravadas; entre esta distancia [...] muitos montes escalvados pelos campos, e muitos Rios, u [...] se chama Baepindi, que se diz haver nelle metal, pe [...] Bartholomeu da Cunha, e [...] de minas de crystaes bons finos, grandes, e pequenos, e [...] indo pela mesma parte do norte se acharão
[...] escalvados, e Campos Geraes acima [...] que todos mostram ter haver (sic) por muitas experiencias que se tem feito, que por falta de mineiros se não descobre: esta quantidade de campos e capões é regada com muitos Rios uns grandes outros pequenos, em que não pode faltar ouro de lavagem, que por não ter logar não fiz exame, e são os ditos campos fertilissimos de toda a casta de caça, fructas agrestes c [...] e da Ressaca do Catagoás, e Serro de Juruoca [...] tudo confina uma cousa com outro ha de vir sair dos Campos Geraes o caminho para o Rio de Janeiro.

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...