domingo, 30 de dezembro de 2012

Em busca de um roteiro esquecido: o caminho entre as vilas de Parati e Taubaté - Crédito Lia Carolina Prado Alves Mariotto - (Transcrição)

Em 1596, o governador geral do Brasil, D. Francisco de Sousa, incumbiu Martim Correia de Sá da chefia de uma bandeira, que, saindo do Rio de Janeiro, aportou em Parati, subiu a serra do Mar e, por uma trilha indígena, alcançou a região valeparaibana. Desse ponto, atravessando a garganta do Piracuama, prosseguiu em direção à lendária Sabaraboçu. Posteriormente, esse caminho, muito percorrido, transformou-se em uma antiga estrada que serviu ao tráfego e comércio interno entre a cidade do Rio de Janeiro e as vilas de Parati e Taubaté; quando se achou ouro nas Gerais, a estrada foi usada como escoadouro do metal precioso. Após o período aurífero, esse caminho foi cada vez menos freqüentado, supondo-se até que não mais existisse atualmente. Com o propósito de comprovar a existência desse caminho e de reconstituir os pontos geográficos que o compõem, apresentamos os resultados de um levantamento documental de manuscritos inéditos da época, complementado por uma visita ao local que terá restado desse antigo itinerário, tão importante em outros tempos.
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3. Referências ao caminho por cronistas e historiadores
Para complementar a pesquisa a partir da bibliografia disponível, consultamos, diretamente ou por referências, as informações dadas por cronistas quinhentistas(3) e colhemos informações sobre as inúmeras narrativas que nos sinalizam a existência de uma antiga estrada. Dos cronistas consultados, consideramos que bastaria apresentar uma referência a Antony Knivet (2007).
Em sua narrativa, a figura de Martim Correia de Sá constitui um ponto-chave. Conforme indica sua biografia, [...] Distinguiu-se Martim Correia de Sá principalmente como sertanista, comerciante de pau Brasil e caçador de índios, sendo emérito conhecedor das regiões do médio e alto Paraíba e dos Patos, em Santa Catarina. Da narrativa de Antony Knivet poder-se-ia colher minudências de várias entradas [...] Devemos fazer ainda a observação de que o vale do Paraíba era percorrido de preferência pelos moradores do Rio de Janeiro e de Santos, principalmente na sua face média e superior. [...] Entrava-se no vale médio do rio Paraíba pela via de Parati. [...] (Franco, 1954, p. 345)
Por sua vez, Capistrano de Abreu afirma o seguinte:
[...] Artur de Sá, governador do Rio de Janeiro, o primeiro que visitou as minas gerais, teve de ir por terra desta cidade a Parati, e de Parati a Taubaté, para transpor a Mantiqueira. Seguiu assim uma trilha antiqüíssima dos guaianases, porque do mesmo modo que a gente de Ilhéus, Porto Seguro e Espírito Santo, os fluminenses não se animaram a varar a mata de um a outro lado. (Abreu, 1985, p. 46)
Complementa essas informações o que diz Ellis Jr., retomando as informações de Knivet sobre Martim Correia de Sá: 
[...] Por esse itinerário de Knivet, a arrancada de Martim de Sá deveria ter arribado em Parati, subido a serra do Mar, atravessado os campos de Cunha, e em seguida transposto os rios Paraitinga e Paraíba, justamente na ocasião em que julgo estar trilhando essas regiões a bandeira de Botafogo, que por São Miguel deveria ter chegado ao vale do Paraíba. É possível terem sido Botafogo e seus companheiros incorporados à gente de armas de Martim, indo com eles perlustrar os sertões dos rios Verde e Sapucaí, na faina de destruição dos restos da tribo tamoia. (1934, p. 55-56)
Buarque de Holanda também examina a existência do antigo caminho entre Parati e Taubaté:
A existência da via antiga, que através de Parati facilitava, mais rapidamente do que a de Ubatuba, as comunicações com o Rio de Janeiro, e que, no começo da idade do ouro, alcançará notável importância econômica. [...] sabe-se mesmo que a estrada geral do Parati, quando se fizer pública, infletirá de início, e ainda durante algum tempo, para a Vila de Taubaté, antes de ir ganhar as minas. (1990, p. 201-206) 
Para concluir este conjunto de referências, apresentamos, numa citação mais longa, a descrição que traz Zemella:
O primeiro caminho que ligou o Rio de Janeiro às Gerais foi uma via semimarítma, semiterrestre que se chamou “caminho velho do Rio de Janeiro”, em oposição ao “caminho novo” que se abriu mais tarde. O roteiro do “caminho velho do Rio de Janeiro” era o seguinte: da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro ia-se por mar até o porto de Parati; desembarcava-se nesse ancoradouro e, por terra, transpunha-se a serra do Mar, atingindo-se a cidade de Taubaté. Nesta cidade o “caminho velho do Rio de Janeiro” entroncava-se com o caminho velho paulista, continuando por Pindamonhangaba, Guaratinguetá, passagem de Hepacaré, garganta do Em baú, etc.
Esse caminho do Rio de Janeiro, além de ser áspero e longo, tinha outro grave inconveniente: parte do trajeto era feito por mar. Assim, o ouro vindo das Gerais e chegado ao porto de Parati tinha de percorrer um bom trecho do oceano, antes de chegar aos cofres da Capital da Repartição Sul, correndo risco de ser pilhado pelos piratas que, nessa época, constituíam verdadeiro flagelo á navegação portuguesa. (1990, p. 117-118)
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Crédito Lia Carolina Prado Alves Mariotto - *http://migre.me/cARlk
Parafraseando, passagem de Hepacaré, Registro (Piquete-SP), Conceição do Embaú (Cruzeiro-SP) para transpor a Mantiqueira pela garganta do Embaú, etc". Caminho Velho.
Parafraseando, passagem de Hepacaré, Registro (Piquete-SP), Alto da Serra,  para transpor a Mantiqueira pela garganta do Sapucaí etc". Caminho Geral do Sertão, Estrada Real do Sertão, Caminho dos Paulista.

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...