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No período colonial, o rio Sapucaí teve grande importância para a sobrevivência de tribos indígenas da nação cataguás; foi local de descobertos de ouro e fixação dos núcleos de povoamento a eles associados; referência para a definição de sesmarias; linha de delimitação de territórios administrativos e eclesiásticos disputados entre São Paulo e Minas; marco para instalação de registros fiscais; espaço de sedições contra as autoridades metropolitanas, conflitos estes que se confundem com o dos quilombos do Sapucahy – tema sempre recorrente na historiografia sobre a escravidão.
No período imperial, o desenho do rio determinou os traçados ferroviários, disputados entre fluminenses e paulistas – trajetos esses associados à navegação. A efetivação dos projetos ferroviários para o sul de Minas, contudo, se fez por outros caminhos, definidos por interesses mais políticos do que de viabilidade técnica, fragilizando o potencial do rio como rota de transporte, comércio e comunicação.
No período republicano, o uso do Sapucaí como hidrovia até meados da década de 40 foi definitivamente suplantado na década seguinte pelos projetos de energia e transporte do governo desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961): a construção da então maior hidrelétrica do Brasil, a Usina de Furnas (1957) e da rodovia Fernão Dias (1959), focados no desenvolvimento do parque industrial do estado de São Paulo.
1. O baixo Sapucaí no período colonial
A historiografia informa a presença de tribos da nação Cataguás no baixo vale do Sapucaí. Pesquisas arqueológicas realizadas pelo Prof. Ondemar Dias Júnior na década de 70 indicaram vestígios da cerâmica Sapucaí, notadamente nos municípios de Carmo do Rio Claro , Alfenas e Paraguaçu. Estes sítios arqueológicos foram tombados pelo Instituto Histórico do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) embora sem a devida proteção como bem patrimonial.
Na rememoração dos embates entre os índios e os primeiros exploradores do vale do Sapucaí são citados os ferozes índios lopos, que deram inclusive denominação à serra da cordilheira da Mantiqueira, bastante referida na cartografia do século XVIII: a Serra do Lopos.
Atribui-se aos índios a designação do nome do rio, escolhido em função da abundância das árvores de sapucaias então existentes em suas margens, e hoje em extinção.
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A descoberta do rio Sapucahy é atribuída a diversos bandeirantes paulistas, em expedições datadas desde a última década do século XVI até meados do século seguinte, e presume-se que tenha sido concomitante à descoberta do rio Verde. Teriam chegado ao vale do rio Sapucaí, as expedições de João Botafogo (1596), Martim Correa de Sá, Padre João Farias, Matias Cardoso de Almeida (1664), entre outros, havendo inclusive hipóteses sobre eventuais encontros entre algumas dessas bandeiras.
Mas a conquista do vale do Sapucaí como território mineiro foi objeto de duras disputas entre autoridades metropolitanas e forasteiros e bandoleiros que já exploravam o ouro deste território anteriormente à ocupação oficial. Disputas essas acirradas pelo conflito entre as próprias autoridades metropolitanas, civis e eclesiásticas, notadamente entre paulistas e mineiros.
A partir da Guerra dos Emboabas (1708/1709), os conflitos pela posse das minas desencadeiam uma séria de medidas administrativas visando assegurar a presença nos sertões das autoridades metropolitanas. Em 1714 foram criadas na região das Minas, comarcas, entre elas a Comarca do Rio das Mortes, tendo como sede a Vila de São João del Rey . Para contestar a delimitação dessa comarca ao sul, autoridades paulistas fixaram novo marco em Caxambu, que foi removido pelos mineiros em 1731, inaugurando uma série de conflitos violentos em que as ordens régias pouco valiam.
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Fonte: Maria Lúcia Prado Costa - Fundação 18 de Março (FUNDAMAR) http://migre.me/cA5aK
Fonte: Carta corográfica - Cap. de S. Paulo, 1766 .Apresentando o Estado Político da Capitania de São Paulo em 1766, foi elaborada esta carta, com particular atenção aos limites com Minas Gerais. (http://migre.me/aWncu)
Nota: Espaço colonial de Piquete, Caminho dos Paulistas, Estrada Real do Sertão, Caminho Geral do Sertão, Alto da Serra, Montanha dos Pinheiros, citada por Anthony Knivet, ao referir-se aos índios lopos. Local para onde foi transferido o marco divisório, dando origem ao Registro de Itajubá. Rota de entrada das Bandeiras, após passar pela Vila da Comarca do Rio das Mortes, (Guaratinguetá), transpondo o Rio Paraíba na região do Guaipacaré, em demanda da Serra das Vertentes e região do Alto São Francisco. "Quilombos do Sapucahy", rota da diáspora Africana.