quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Passagens (......sobre os rios)

1. ORIGEM HISTÓRICA. Velho tributo, dos mais antigos que se conhecem, chegou ao Brasil no começo do século XVIII, embora tenham havido tentativas para implantá-lo na Bahia, a fim de privilegiar Lourenço Correia de Brito, herói da guerra contra os holandeses. A partir de 1700, porém, as "passagens sobre os rios" começaram a ser cobradas e se multiplicaram com incrível rapidez. As necessidades geradas pelo intenso tráfego para as minas e a rentabilidade desse tributo foram as causas de sua criação. O tributo continuou a ser cobrado até depois da Independência, mas aos poucos entrou em decadência. No Segundo Império, as ferrovias deram o golpe final na sua existência. Curiosamente, o tributo ressurgiu há poucos anos na ponte Rio-Niterói, com o nome genérico de "pedágio".
2. CARACTERÍSTICAS FISCAIS. As passagens dos rios comportavam três modalidades de arrecadação:
a) direta, por agentes do fisco;
b) arrematada, através de licitação, a contratadores; e
c) concedida, como recompensa a serviços prestados à Coroa; é o caso dos passagens dos rios Jaguari, Mogi-Guaçu, Grande e Corumbá, conferidas a Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera II. O tributo incidia sobre os passageiros e as cargas transportadas, segundo tabelas variáveis de lugar para lugar. As passagens poderiam ser feitas através de pontes ou de embarcações e não podiam ser estabelecidas em rios que pudessem ser vadeados, mas só nos chamados "rios caudais". A "arrematação" das passagens era uma licitação promovida pelas Provedorias da Fazenda Real e, depois, pelas Juntas da Real Fazenda. O vencedor da licitação se comprometia a pagar uma quantia fixa à Fazenda, ressarcindo-se através da cobrança de uma taxa aos viajantes que usassem as pontes ou barcas postas à sua disposição na "passagem". Existiram passagens em quase todas as capitanias do sul do Brasil e em algumas do Nordeste. Não encontramos, entretanto, nenhuma que se situasse na Amazônia. (( FONTES : BARBOSA. DE OLIVEIRA, Erário Régio, 30. - BOXER, A Idade de Ouro do Brasil , 300/305 - RIHGB/AHU/SP, 1:121; 9:217/219 e 354/360).
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Passagem - GUAIPACARÉ
- Era situada nas proximidades da atual Lorena, São Paulo, sobre o rio Paraíba. Na época, século XVIII, pertencia a Guaratinguetá. É das mais antigas: "Provisão da Passagem - Rio Parahyba, a João de Castilhos Tinoco, da Passagem - Guaypacarê em Guaratinguetá. -3/7/1702". Às vezes, também se encontra a grafia HEPACARÉ. (FONTE : PAN, 11:94).
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Passagem - RIO VERDE

- Situada sobre o rio desse nome, na Comarca do Rio das Mortes, em Minas Gerais, foi estabelecida em 1749, quando foi arrematada por três anos a Manuel de Sousa Vieira. Sua tarifa era de 80 réis por pessoa e 160 réis por cavalo. ( FONTES : BOXER, A Idade de Ouro do Brasil , 305 - RAPM, 1897, 471).
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Passagem - SAPUCAÍ
- Situada em Minas Gerais, existiu entre 1736 e 1787, pelo menos. Não deve ser confundida com a "Passagem - Rio Sapucaí", que ficava em São Paulo. Esta ficava na Comarca do Rio das Mortes e era licitada em conjunto com outras passagens de Minas Gerais. ( FONTES : DHBN, 2:399 - RAPM, 1897, 471 - Códices da Casa dos Contos, 007).
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PASSAGENS DO RIO GRANDE
- Grupo de várias passagens em Minas Gerais, sobre esse rio. Sua criação data de 1714, e nelas se cobravam 4 vinténs por pessoa e meia pataca por cavalo, com ou sem carga, e para cada boi. Cargas dobradas pagavam dois vinténs. Elas existiam ainda em 1760 e 1777. Pertenciam à comarca do Rio das Mortes. Apesar das informações sobre a sua criação, existe uma provisão muito anterior, datada de 20 de dezembro de 1701, concedendo a José Pompeu Taques "as passagens do Rio Grande". ( FONTES : BOXER, A Idade de Ouro do Brasil , 304 - TEIXEIRA COELHO, Instrucção para o Governo da Capitania de Minas Gerais ... 1780, 15:267 - DHBN, 2:277 - PAN, 11:94 - RAPM, 1897, 471).

Fonte: Carta corográfica - Cap. de S. Paulo, 1766 .Apresentando o Estado Político da Capitania de São Paulo em 1766, foi elaborada esta carta, com particular atenção aos limites com Minas Gerais. (http://migre.me/aWncu)

Nota: Passagem - Sapucaí era alcançada após a passagem do Guaipacaré, seguindo em demanda do  Alto da Serra, Garganta do Sapucaí, Desfiladeiro de Itajubá, Meia Lua, Bairro Boa Vista,  toponímias de um espaço colonial (Piquete-SP), entrando pela região dos Pinheiros, superando a passagem do Rio Verde.


Nota: Passagem do Rio Grande, era alcançada após a passagem do Guaipacaré, seguindo em direção ao Registro (Piquete-SP), Conceição do Embaú (Cruzeiro-SP),  em demanda da Garganta do Embaú.

GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

Ficha 22: Ruta de la libertad (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil (A Rota da Liberdade), São Paulo, Brasil ■ ANTECEDENTES ■ ANTECED...