As origens históricas
A região situada entre os rios Grande e Paranaíba, hoje conhecida como Triângulo Mineiro, já era percorrida por bandeiras paulistas no século XVII que se dirigiam para oeste e noroeste desta capitania em busca de índios cativos e outras possibilidades de formar cabedal. Partindo de São Paulo em direção ao norte, passando por São João de Atibaia e Camanducaia, contornando a Serra da Mantiqueira, alcançava-se à bacia do Rio Grande e daí podia-se dirigir para noroeste, descendo por esse rio até o Triângulo Mineiro e de lá para Goiás; ou atravessar os vários rios dessa bacia (Sapucaí, Verde, Grande e das
Mortes) em busca da região do Alto São Francisco e Rio das Velhas. O outro caminho, sempre se iniciando em São Paulo, partia na direção nordeste, para chegar ao Vale do Paraíba do Sul, passando por Taubaté e Guaratinguetá, que se constituíram em vilas já nos anos 1650, tomando aí a “Estrada Real do Sertão”, conforme expressão do Padre Vigário João Faria, em seu roteiro, transmitido por Bernardo Correia de Souza Coutinho, em 1694. Esse percurso atravessa a Mantiqueira pela Garganta do Embaú, alcançado as vertentes de vários rios da bacia do Rio Grande, se encontrando aí com o primeiro caminho e com as opções já apresentadas. Os limites ocidentais das Minas Gerais avançaram com as próprias bandeiras exploradoras, a formação de fazendas de gado ou núcleos de mineração, ao longo do século XVIII, no entanto, mais para o interior, tinha-se uma outra frente de ocupação, com a descoberta de ouro em Goiás, no final do primeiro quartel daquele século. Assim, entre as duas áreas de colonização, havia uma grande área de Cerrado, a ser conquistada junto a índios e quilombolas, cuja resistência, naquela região, dificultava e, muitas vezes, fazia recuar as tentativas de avançar sobre seus territórios. O descobrimento de ouro em Goiás foi realizado por antigos moradores de Pitangui, alguns fugidos dali pela repressão que se seguiu a motim de 1719. A Coroa, inicialmente, restringiu as vias de acesso às novas lavras do Brasil Central, por perceber o risco de prejuízos ao Tesouro Real. Já em 1725, o governador de Minas, D. Lourenço de Almeida, consultava seu monarca sobre a conveniência de “abrir um caminho pelo Pitangui para as Minas do Cuiabá”. 4 Depois de ouvir as ponderações do governador de São Paulo, Sua Majestade ordenava,
em 1727, que: (...) suspendais a abertura do dito caminho das Minas Gerais para as do Cuiabá e vos recomendo mui eficazmente procureis atalhar a que por ele se vá das terras desse governo para as ditas minas de Cuiabá e das dos Guiazes e que só possam fazer os moradores que assistem no distrito dele por via de São Paulo e pelo novo caminho que mandou abrir o Governador daquela Capitania, porque sobre ser conveniente que não dê ocasião a que os paulistas se ressintam de que os de Minas Gerais vão desfrutar ouro que eles a custa de seu trabalho fizeram manifesto (...) será também útil evitar se o descaminho que pode haver de que passem as pessoas que foram das Minas Gerais para as que novamente se descobriram no continente do governo de São Paulo levem muito ouro sem o quintarem, pois nele só se paga por bateias (...). 5 A adoção do sistema de capitação em Minas Gerais, em 1735, favoreceu a suspensão da proibição do acesso direto àquelas minas. No ano seguinte, segundo o historiador Waldemar de Almeida Barbosa, foram formadas três sociedades, que partindo de pontos diferentes obtiveram licenças para abertura de caminhos em direção a Goiás:
a) Picada de Goiás: saía de São João del Rei, atravessava o rio São Francisco, perto da barra do Bambuí e seguia pela Serra da Marcela, proximidades de Araxá, Patrocínio, Coromandel, Paracatu e, em seguida, chegava a Goiás. Aberta pelo Coronel Caetano Álvares e seus 25 sócios.
b) Caminho de Pitangui a Paracatu: passando pela Piraquara, aberto por Domingos de Brito e sócios.
c) Atalho do Caminho Velho de São Paulo: da encruzilhada (Cruzília) até o caminho novo dos Goiases, realizado por iniciativa de moradores da Comarca do Rio das Mortes. 6 O objetivo de tais sociedades era se beneficiar com o acesso àquela região mineradora, então em seu período áureo, através da obtenção de cartas de sesmaria, que permitissem aos seus empreendedores ali instalar suas roças e gados e, através daqueles caminhos, estabelecer comércio com Goiás. O historiador Carlos Magno Guimarães fez um levantamento das concessões de terra naquela região, contabilizando 42 cartas de sesmarias nos anos 1737-1738, todas elas fazendo referência à atividade pecuária. 7
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Fonte: http://migre.me/cv7WH
MAPAS DE SANTOS
Fonte: Carta corográfica - Cap. de S. Paulo, 1766 .Apresentando o Estado Político da Capitania de São Paulo em 1766, foi elaborada esta carta, com particular atenção aos limites com Minas Gerais. (http://migre.me/aWncu)
Parafraseando: A" Estrada Real do Sertão", Caminho dos Paulistas, caminho percorrido pelo Padre Vigário João de Faria, bem como por André de Leão em 1601, corresponde no que diz respeito à via de travessia da Mantiqueira, a localidade representada no mapa pelo Alto da Serra, espaço colonial de Piquete-SP, toponímia denominada pelo roteirista Padre João de Faria Fialho como Amantiqueira Quadrilheira, ou seja, Amantiqueira vigiada e não pela Garganta do Embaú. Sendo certo que, pela última localidade alcançava-se, via Registro (Piquete-SP), Conceição do Embaú, a referida Garganta do Embaú, em conformidade com o mapa abaixo.
Caminho Velho.