Os Tupinambás foram os primeiros indígenas que Pedro Alvares Cabral encontrou quando chegou ao Brasil em 1500. No início do período colonial, os Tupinambás ocupavam o Sudeste do Brasil numa faixa costeira que ia do rio Juqueriquerê, em São Paulo até ao Cabo de São Tomé, no Rio de Janeiro. A maior concentração encontrava-se na Baía de Guanabara. Quando, a meio do século XVI, os franceses aí fundaram a colônia da França Antártica, os Tupinambás tornaram-se seus aliados. É neste contexto que Jean de Léry escreve o relato das suas aventuras que deram aconhecer os Tupinambás, na Europa. Os portugueses não tardaram a expulsar os franceses e os índios acabaram por se refugiar no interior. Para a sua reputação de ferocidade, sem dúvida que contribuiu o facto de estarem constantemente em guerra com os seus vizinhos, movidos pelo desejo de vingança. Os hábitos de antropofagia só reforçavam esta ideia. Os inimigos capturados eram aprisionados até serem consumidos durante as cauinagens. Estas reuniões eram acompanhadas pela bebida do cauim que lhes dá o nome.
Como vários povos cuja base econômica era a caça e a recoleição, o seu sistema de crenças assentavam na existência de espíritos e nos heróis que ensinaram as artes essenciais à vida em sociedade. Neste contexto, sem líderes instituídos, o feiticeiro ou pagé era o mediador entre o mundo invisível dos espíritos e os homens. Este papel valia-lhe uma importância acrescida aos seus dotes de curandeiro.
No século XVI, assim que os jesuítas chegaram ao Brasil, tomaram em mãos a catequização dos Tupinambás. As mulheres eram o alvo preferido, por serem responsáveis pela família e demais tarefas domésticas. Nas aldeias criadas para o efeito, os índios obedeciam a uma rotina diária que garantia o seu sustento e a aprendizagem da doutrina. Estas medidas não foram, contudo suficientes para prevenir a escravatura do índio. Os senhores de engenho, numa época em que escasseavam os escravos negros, capturavam os índios para trabalhar na cultura da cana. A situação levou a que os índios se juntassem na Confederação dos Tamoios que congregava as aldeias Tupinambás desde São Paulo e Vale do Paraíba até ao Cabo de São Tomé que do ponto de vista linguístico formavam um grupo coeso, o do Tupi-Guarani.
Foi a ação dos padres jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta que acabaram por neutralizar a Confederação dos Tamoios. Desta ação firmou-se o primeiro tratado de paz das Américas, a Paz de Iperoig, em 1563.
Hoje em dia, o mais importante núcleo de Tupinambás no Brasil perfaz cerca de 4000 índios. No estado da Baía, junto ao litoral, a 20 quilômetros de Olivença fica a aldeia de Sapucaieira, uma das doze aldeias índias estabelecidas entre Canavieiras e Ilhéus. Os Tupinambás há muito que esqueceram a sua língua, o Tupi, e vivem sem trabalho nem terras para cultivar. Mas traços típicos da sua cultura como a dança, o artesanato, a música e a culinária são ainda preservados.
Fonte: http://migre.me/cbHyQ