Há muitas traduções para esta palavra de origem tupi, como há muitas hipóteses para o verdadeiro significado desse caminho milenar chamado pelos indígenas de Peabiru.
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O caminho, ramificado em diversas trilhas, parece possuir ao todo cerca de cinco mil quilômetros, sendo 1200 km dentro do território do Brasil. Forrada por um tipo especial de grama miúda e macia, tão fechada que impedia o crescimento de qualquer outra espécie de vegetal, mantendo a passagem sempre livre, a misteriosa e hoje quase desconhecida estrada, com um metro e quarenta de largura, serviu para os conquistadores europeus alcançarem a notável civilização Inca por terra, anos antes de Francisco Pizarro destruí-la quase completamente.
Uma das hipóteses sobre a construção do Peabiru supõe justamente que o caminho tenha sido uma tentativa de expansão do Império Inca, ou de alguma civilização pré-incaica, em tempos muito antigos, na direção do Oceano Atlântico. Neste caso, a expressão original Pe-Biru significaria algo como Caminho para o Biru, nome pelo qual os incas denominavam seu território.
Outra hipótese aponta na direção dos guaranis ou povos antecessores, como os itararés, na construção do Peabiru, entre os anos 1000 e 1300. O termo, então, poderia ser interpretado como Caminho para a Terra Sem Mal, e estas tribos, originárias do território onde hoje fica o Paraguai, teriam construído o Peabiru durante sua migração para o litoral sul do Brasil, em busca de um paraíso, a lendária Terra Sem Mal.
Uma terceira hipótese é que o Peabiru teria sido aberto por ninguém menos que São Tomé, o incrédulo apóstolo de Cristo. Sérgio Buarque de Holanda, um dos mais importantes historiadores brasileiros, diz que a comoção criada no século 16 pela descoberta de um Caminho de São Tomé por pouco não desbancou o célebre Caminho de Santiago de Compostela. Os indígenas brasileiros o chamavam de Sumé.
Ainda hoje, muitos consideram os resquícios do Peabiru como um caminho sagrado, próprio para peregrinações pelo interior do Brasil, a partir de vários pontos do litoral, principalmente Santa Catarina, Paraná e São Paulo. O Peabiru, cujo significado mais conhecido é Caminho de Grama Amassada, foi quase todo destruído pela paulatina ocupação humana, restando ainda poucos vestígios.
O trânsito intenso através do Peabiru chegou a ser proibido, em 1553, por Tomé de Souza. Segundo o, então, Governador-Geral do Brasil, era preciso fechar o caminho milenar e punir quem por ali transitasse com a pena de morte, pois “a fácil comunicação entre a Vila de São Vicente com as colônias castelhanas causam um grande prejuízo à Alfândega Brasileira, resultado do contrabando”.
Só muito tempo depois, algumas dessas trilhas foram aos poucos sendo reativadas.
Provavelmente é o caso do chamado Caminho Velho, que teria usado uma das antigas ramificações do Peabiru para ligar Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro, às Minas Gerais. Com a descoberta de pedras e metais preciosos naquela região do interior do Brasil, o Caminho Velho foi calçado com pedras e passou a ser conhecido como Trilha do Ouro.
Hoje, boa parte da Trilha do Ouro pode ser desfrutada em passeios turísticos a partir da cidade histórica de Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro.
Fonte: http://migre.me/cgZlp
Fonte: Carta corográfica - Cap. de S. Paulo, 1766 .Apresentando o Estado Político da Capitania de São Paulo em 1766, foi elaborada esta carta, com particular atenção aos limites com Minas Gerais. (http://migre.me/aWncu)
Observação: Tomé de Sousa - Em 1553, viajou à capitania de São Vicente, acompanhado do padre Manuel da Nóbrega, com o propósito de fortalecer o comércio e defender as terras das invasões de corsários. Construiu um forte na barra de Bertioga e fundou a vila de Itanhaém. No mesmo ano de 1553, Tomé de Sousa retornou a Portugal, deixando o governo-geral para seu sucessor, Duarte da Costa.