sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

ALDEAMENTOS INDÍGENAS DO RIO DE JANEIRO (Transcrição)

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4.1 A FAMÍLIA TUPI
Os povos Tupi, que habitavam o litoral, foram os primeiros a entrar em contato permanente com os colonizadores portugueses e com as expedições francesas ao Brasil. Cronistas, viajantes, missionários, governadores, ouvidores e autoridades coloniais deixaram crônicas, relatos, cartas e outros documentos, com descrições detalhadas sobre como viviam, sobretudo os Tupinambá: suas malocas e aldeias, o tipo de agricultura que praticavam, os instrumentos de trabalho, as técnicas de fabricar canoa e de navegar, as armas que usavam nas guerras intertribais, as alianças, as formas de tratar os prisioneiros, seus rituais e crenças, sua organização social e política. Por  isso, os tupi foram mais estudados e são mais conhecidos que outros povos. Viviam em aldeias ou tabas, compostas de quatro a oito malocas,  que eram habitações retangulares, grandes e sem divisões internas,  dispostas em círculo e protegidas por uma cerca ou paliçada. No centro da  taba ficava um pátio ou uma praça, onde faziam suas reuniões e  assembléias.  Essas aldeias, em geral, estavam localizadas em terras férteis,  perto da floresta e do rio, para facilitar a agricultura, a caça e a pesca. Cultivavam, em grandes roças comunitárias, mandioca, milho, abóbora,  feijão, amendoim, tabaco, pimenta e muitas árvores frutíferas. Plantavam e  teciam o algodão, com o qual faziam suas redes de dormir. Fabricavam cestas de cipó, panelas e vasos de barro, machados de pedra, facas de casca  de tartaruga, agulhas de espinhas de peixe, e muitos instrumentos musicais  de sopro e percussão.  Segundo os depoimentos dos missionários, eram povos alegres,  apaixonados pela música e pela dança. Pintavam o corpo e enfeitavam-se  com colares feitos de conchas marinhas, penas coloridas de aves e outros  produtos.  Todas essas atividades só podiam ser realizadas, porque os povos  Tupi dominavam um vasto campo de conhecimentos. Os antigos  Tupinambá, por exemplo, tinham noções de astronomia e podiam prever as  chuvas e as grandes marés, observando as estrelas, a lua e o sol. Na área da  ecologia, conheciam as relações entre os seres vivos e o meio ambiente, os  hábitos dos animais, os locais que frequentavam, as trilhas que percorriam e  a época de amadurecimento dos frutos que lhes serviam de alimento.  Acumularam saberes sobre a propriedade medicinal dos vegetais.  Realizavam experimentos genéticos com as plantas, selecionando sementes  e testando hipóteses para melhorar as espécies. Classificaram o mundo  natural, com um rigor equivalente ao realizado pelos europeus nos campos  da biologia, botânica e zoologia Observadores cuidadosos da natureza, os  índios produziram ciência.  Os mitos, a religião e o sistema de crenças dos povos Tupi foram  documentados principalmente pelos cronistas do século XVI e estudados até  os dias de hoje. Hans Staden, um alemão que entendia de artilharia e de  canhões, passou nove meses e meio como prisioneiro dos Tupinambá, na  região de Angra dos Reis. Deixou um relato clássico escrito em 1554, no  qual descreve os lugares onde esteve, as relações entre os membros da  aldeia e os vizinhos, os costumes, as alianças, a morte cerimonial de  prisioneiros de guerra e o canibalismo, que era uma prática relativamente  corrente, socialmente aceitável e até mesmo valorizada entre alguns grupos  indígenas. Matar publicamente um inimigo era o acontecimento central,  numa sociedade onde a vingaça socializada era a instituição por excelência.  Mais informações podem ser encontradas nas crônicas portuguesas, especialmente nas de Pero Magalhães Gândavo (1557) e Gabriel Soares de
Souza (1587), nos relatos dos franceses André Thevet (1558) e Jean de  Léry(1578) e em estudos contemporâneos como os trabalhos pioneiros de  Alfred Métraux e Florestan Fernandes entre outros e os de Carneiro da Cunha e Viveiros de Castro. (ver Bibliografia).
4.2 A FAMÍLIA PURI
Os índios da família Puri não são tão conhecidos como os da  família Tupi. Os documentos sobre cada um deles foram escritos em  momentos históricos diferentes, na medida em que iam entrando em contato  com os colonizadores. Cada autor observou aspectos que mais lhe  interessava sobre os principais grupos, entre os quais se destacam os índios  que falavam as línguas Goitacá, Guarulho, Puri, Coroado e Coropó, sobre   quem reproduziremos algumas breves notícias.
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Cercas de Pedras (Fonte: http://migre.me/cRWA6
 
 Taba (aldeia) dotada de caiçara (paliçada), gravura em Wahraftige Historia und beschreibung einer andtschaft der Wilden Nacketen Grimmigen Menschenfresser Leuthen in der Newenwelt America Gelegen (Verdadeira História e Descrição de um País de Selvagens, Nuas e Cruéis Gentes devoradoras de Homens no Novo Mundo chamado América) de Hans Staden, Marburgo, 1557.
. piquete : RS Pequeno potreiro, ger. perto das habitações, onde se recolhem os animais do erviço diário (Fonte: http://migre.me/cRX6s)
cerca : 1. Barreira mais ou menos extensa, feita de madeira, bambu, pedra, arame e outros materiais, que marca o limite de um terreno, ou que o contorna parcial ou completamente, e que ger. tb. tem a função de impedir ou dificultar a passagem de pessoas ou animais para dentro ou para fora: cerca do curral: cerca da horta: cerca da quadra de tênis (Fonte: http://migre.me/cRWTY)



GUIA DA UNESCO - Una guía para la administración de sitios e itinerarios de memoria.

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