3. OS BOTOCUDO E AS FRONTEIRAS DOS SERTÕES DO LESTE
Segundo Joana d’Arc Germano Hollerbach, a ocupação da região leste da então província de Minas Gerais foi levada a cabo a partir de determinação do Príncipe Regente D. João VI, que declarou Guerra Ofensiva aos Botocudo como forma de “se estabelecer para o futuro a navegação do Rio Doce (...) assim como favorecer os que quizerem ir povoar aquelles preciosos terrenos auríferos”3 . A declaração de guerra tem como premissa a ferocidade apresentada por esses índios, genericamente intitulados Botocudo, que integram o grande grupo indígena dos Tapuia. Os Tapuia, definidos desde a colônia como contrários aos Tupi, encontrados pelos portugueses no litoral e adjacências, foram caracterizados como “o mais bravo e bárbaro gentio do Brasil. (...) Chamam-lhe Tapuia que na sua língua vale o mesmo que nação contrária, porque a todas as nações tem esta nação feito insultos, secretos ou públicos, e é tida de todos por inimiga” (BLUTEAU, 1712-II). Os relatos sobre os Botocudo estão presentes em fontes primárias que cobrem desde o século XVI até o XX, porém com designações variadas. Geralmente associados ao barbarismo, insolência diante do processo de domesticação, aceitação da fé cristã e aderência ao processo civilizador imposto pelos europeus, são apresentados como Aimoré, sobretudo na região sul da capitania da Bahia e nas capitanias de Ilhéus e Espírito Santo, e Tapuia, quando se adentra o interior. A designação Botocudo foi aplicada pelos portugueses no século XIX:
"A denominação foi retirada da tradição grupal de uso de botoques labiais e auriculares, feitos da madeira da barriguda (Bombax ventriculosa). Esse adorno era comparado pelos portugueses a botoques, rolhas usadas para tampar tonéis. Aliás, não apenas os portugueses tiraram a denominação do grupo pelo adorno; também os Malali os chamavam de epcossek (grandes orelhas) (PARAÍSO, 1992, p.428)."
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Fonte: http://migre.me/ezn7l
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Fonte: http://migre.me/ezn7l