Assim a América Foi Povoada
Assim a América Foi Povoada
Fonte: Blog do Valdecy http://migre.me/ezWYs
Índios botocudos brasileiros têm DNA polinésio
Análise
de dois crânios de índios botocudos que viveram no Brasil antes do
século 19 revela que 100% dos genes deles eram de habitantes das ilhas
no Oceano Pacífico.
A partir de uma análise genômica completa no crânio de dois índios botocudos — chamados Bot15 e Bot17 —, guardados no Museu Nacional do Rio de Janeiro
desde o século 19, um grupo internacional liderado por cientistas
dinamarqueses e brasileiros descobriu que os dois botocudos tinham
genoma inteiramente polinésio, sem qualquer traço de ancestrais das
Américas. A descoberta traz um novo cenário à história da América
pré-colombiana.
A pesquisa, cujos resultados foram publicados na revista Current Biology, é a continuação de uma investigação publicada em abril de 2013 pela PNAS.
“O estudo anterior foi limitado a uma região muito pequena do genoma e,
portanto, não podia excluir que os indivíduos tinham tanto a
ascendência nativa americana quanto a polinésia. O novo trabalho examina
todo o genoma desses indivíduos e, com isso, descobrimos que os dois
têm 100% de ascendência polinésia”, conta Mark Stoneking, coautor e
pesquisador do Departamento de Antropologia Evolutiva do Instituto Max Planck, na Alemanha.
Eske Willerslev, do Museu de História Natural da Dinamarca,
explica que a primeira fase do estudo mostrou que os índios tinham DNA
mitocondrial — herdado da linhagem materna — polinésio. O segundo
trabalho constatou que o genoma nuclear — aquele que codifica a maior
parte do genoma — também tinha origem no pacífico. O resultado é muito
mais confiável, pois, enquanto o DNA mitocondrial tem apenas 16 mil
pares de bases, o DNA nuclear tem cerca de 3 bilhões.
O que não
se sabe ainda é como os polinésios chegaram no Brasil. Quatro hipóteses
são estudadas – duas rotas pelo Pacífico, uma europeia e outra via ilha
africana de Madagascar, mas não há consenso. O geneticista brasileiro
Sérgio Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais,
acredita que nenhum cenário pode ser descartado, mas todos são
improváveis. “Pessoalmente, não creio que nenhum dos cenários seja
convincente. Acho que vamos ficar com este achado empírico surpreendente
muito bem trabalhado e esperar que, no futuro, o mistério se desfaça.”
Fontes: Revista Galileu/Estadão